Luísa chegou em casa e foi direto tomar um banho para tentar se recompor de todas aquelas emoções. Os dois últimos dias haviam sido completamente difíceis. Agora não tinha mais o que esconder, deveria se sentir aliviada? Deveria, mas não sentia. Algo dentro dela dizia que aquele sofrimento não iria acabar tão cedo.
O que ela faria? Iria permitir que Marcelo convivesse com a filha? Talvez ela não teria outra escolha, pois o mesmo estava determinado em ter a filha por perto. Como seria sua relação com ele de agora em diante? Afinal, eles tinham um elo que os unia, que era Olívia. Mas como esquecer o que aconteceu no passado? Definitivamente não seria nada fácil. Eram muitos pensamentos que martelavam a cabeça de Luísa, enquanto a água morna do chuveiro caía sobre sua cabeça. Resolveu não pensar muito nisso e focar apenas em Olívia que iria precisar dela dali em diante.
Vestiu uma calça social preta e uma blusa de seda salmão, calçou seus sapatos de salto alto, passou uma maquiagem para tentar cobrir as olheiras e os olhos inchados do sofrimento, mas foi em vão, ainda era perceptível a tristeza em seu rosto. Entrou no carro rumo ao hospital, já estava quase na hora do almoço.
Uma música começou a tocar e foi inevitável que Luísa não lembrasse de Olívia, e todos os momentos que já passou com ela. Um filme passou pela sua cabeça, desde o seu nascimento até hoje, o olhar da garotinha invadiu sua mente, seu sorisso encantador também.
Meu coração
Sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas
Que hoje eu descobri
No seu olhar
As estrelas vão me guiarSe eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vi
Dentro do meu coração
Hoje eu sei
Eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais
Muito além
Do tempo do vendaval...Depois que a música terminou de tocar, Luísa limpou as lágrimas que rolavam em seu rosto, e prometeu para si mesma que dali pra frente, iria fazer o possível e o impossível para fazer sua filha feliz.
Assim que chegou ao hospital, Luísa foi diretamente para o quarto onde Olívia estava. Quando chegou lá encontrou Marcelo dentro do quarto conversando com a filha. Aquilo a deixou furiosa, para ela ainda não era o momento dele se aproximar dela, pois não queria assusta-lá. Mas no fundo Luísa tinha medo, Olívia era inteligente o sucifente para entender as coisas, mas Luísa tinha medo de perdê-la para Marcelo, essa era a verdade.
— Mamãe... – Olívia abriu um sorriso quando avistou a mãe chegando. Estava muito debilitada, nem de longe era aquela criança agitada.
— Oi meu amor. – Luísa se aproximou e deu-lhe um beijo.
— Eu tô aqui conversando com o moço bonito. – Sorriu para Marcelo e o mesmo retribuiu. Marcelo estava encantando pela filha, em tão pouco tempo Olívia já havia conquistado seu coração.
— Marcelo. – Luísa chamou – Pode vir aqui fora? Preciso falar com você. – Disse saindo e Marcelo a seguiu. Antônio havia chegado no hospital pra ver Olívia e ficou no quarto com ela. – Eu posso saber o que você faz aqui conversando com ela como se fosse um conhecido? – Luísa esbravejou lançando um olhar fulminante para Marcelo. Ela poderia esganá-lo ali mesmo de tanta raiva que estava sentindo.
— Eu estava conversando com a minha filha, afinal eu sou o pai dela. – Marcelo retrucou.
— Minha, ela é minha filha! Foi eu que carreguei ela por nove meses, senti as dores do parto, amamentei e sustentei até agora. – Luísa provocou.
— Primeiro que você não me deu a oportunidade de te ajudar a fazer nada disso. Segundo, você fez ela sozinha por acaso? Vai me dizer que você se deitou com o vento e olha só, que milagre! – Marcelo ironizou.
— Idiota. Cala essa boca. – Luisa disse bufando ao ouvir as insinuações de Marcelo.
— Vai me dizer que não foi maravilhoso na hora de fazer nossa pequena? – Marcelo se aproximou sussurrando no ouvido de Luísa, fazendo ela se arrepiar ao lembrar dos momentos com Marcelo. Eram maravilhosos, como esquecer?
— O que você conversou com ela? – Luísa disse tentando desviar o assunto.
— Nada demais, apenas me apresentei como um amigo seu e ela me contou várias coisas sobre ela, confesso que estou apaixonado. – Marcelo abriu um meio sorriso.
— Você não vai falar nada pra ela que é o pai dela, você tá me entendendo Marcelo? – Luísa esbravejou enciumada com as coisas que acabara de ouvir.
— Quer dizer que você me esconde todos esses anos que eu tenho uma filha, e quando eu finalmente a encontro você não pretende me deixar ser o pai dela? Só pode estar de brincadeira. Agora me diz Luísa, o que você disse pra ela a respeito do pai? Olívia é uma criança esperta, óbvio que já deve ter te perguntado sobre isso.
— Disse que ele morreu. – Luísa falou como se tivesse dando um bom dia.
— Mas eu não estou morto! – Marcelo falou fazendo com que Luísa revirasse os olhos.
— Infelizmente... – Luísa murmurou quase num sussurro.
— O que você disse? – Marcelo perguntou indignado.
— Isso mesmo que você ouviu. Infelizmente você não está morto. Voltou pra me atormentar e tirar a minha paz e da minha filha. – Luísa provocou mais uma vez.
— Já disse que ela é minha filha também. Você apareceu hoje de manhã em casa, e me contou a verdade. Sério mesmo que você achou que eu só ia querer doar sangue pra ela e cair fora como se nada tivesse acontecido? – Marcelo esbravejou. – Vamos na cantina do hospital almoçar. – Disse puxando Luísa pelo braço delicadamente.
— Me solta. Quem disse que eu quero almoçar com você? – Luísa soltou seu braço da mão de Marcelo.
— Nós precisamos sentar e conversar com calma. Eu não quero entrar em uma guerra com a mãe da minha filha. – Explicou e Luísa respirou derrotada.
— Vou só avisar pra Olívia e Antônio que já volto.
Luísa entrou no quarto, explicou para Olívia que iria almoçar e pediu para Antônio ficar mais um pouco com a menina e depois estava liberado para ir descansar.
— Quando eu voltar eu ajudo você a comer, está bem? - Luísa disse depositando um beijo na testa de Olívia.
— Não quero mamãe, dói muito quando como...
— Ela mal encostou no café da manhã dona Luísa, precisa comer, pois está fraca. – Antônio disse, lembrando da luta que foi para ela comer de manhã quando ele estava sozinho com ela.
— Filha, se você não comer, você vai ficar fraquinha, e não vai sair tão cedo do hospital. A mamãe quer muito que você volte logo pra casa pra aproveitarmos nossas férias, lembra? Prometo fazer várias coisas legais com você. Então promete pra mim que você vai colaborar? – Luísa disse piscando para a filha e Antônio sorriu, ele estava muito feliz em ver como a relação de Luísa e Olívia havia mudado tão rápido.
— Está bem, mas só vou comer quando você voltar mamãe. – Olívia disse e Luísa assentiu. Depositou mais um beijo nela e seguiu para a cantina do hospital com Marcelo.
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O Amor Faz - Lucelo
FanfictionLuísa D'Ávila é uma grande, renomada e infeliz empresária. Vive pelo seu trabalho e quase nem se lembra que tem uma filha, Olívia. A mesma fora fruto do seu amor com Marcelo, do qual ela não gosta nem um pouco de lembrar. Nem se quer fez questão de...