O Amor Faz - Lucelo

Capítulo 24

Olívia acordou sozinha como de costume. Suspirou fundo lembrando-se que tinha que ir pra escola. Nancy entrou em seu quarto e a ajudou a colocar seu uniforme e a arrumar seus cabelos. Olívia desceu e mal tocou no café da manhã, reclamando com Nancy de que não queria ir pra aula.

Olívia já estava assim há algum tempo, acordava sempre de mau humor e deixava claro que não queria ir pra escola. Luísa sabia que havia algo de errado de uns tempos pra cá, pois a menina nunca havia reclamado de nada antes. Depois que Nancy a deixou na escola, Olívia caminhou arrastando sua mochila de rodinhas. Parou em frente ao grande prédio e suspirou pesado deixando os ombros cair.

— Mais um dia... – Murmurou.

Assim que sentou em seu lugar na sala, Olívia percebeu que Marcela a encarava de cara feia. Revirou os olhos e dirigiu sua atenção para a lição.

No intervalo Olívia saiu correndo segurando sua lancheira até o balanço, não estava a fim de brincar com ninguém. Continuava de mau humor. Sentou-se no balanço e abriu sua lancheira, dando uma mordida no biscoito que ela adorava. Também tomava seu suco.

Marcela se aproximou, era uma ótima oportunidade para irritar Olívia, já que ela estava sozinha. Olívia vinha sofrendo bullying por parte da garota há um tempo. Por isso andava triste, e não queria mais ir pra escola, as coisas que a garota lhe falava a machucavam muito. Tirava todo o seu prazer e vontade de estar ali.

— Ora se não é Olívia D'Ávila. – Marcela se aproximou cruzando os braços e lançando um olhar cínico.

— Não enche. – Olívia revirou os olhos dando uma mordida em seu biscoito.

— Fiquei sabendo que não vai mais participar das olimpíadas. Por que D'Ávila? Sua mãe desistiu de vir te ver mais uma vez? – Marcela debochou.

— Se liga garota, cuida da sua vida. – Olívia disse entre dentes.

— Não precisa saber. É só enxergar a verdade. Você está no 2° ano, sempre estudamos juntas e eu nunca vi sua mãe aparecer em nenhum evento da escola, nem mesmo no dia das mães. E seu pai? Ah, esqueci que você não tem pai. – Marcela gargalhou e Olívia respirou fundo.

— Eu tenho pai sim. E quer saber? Ele é muito legal! Mas vem cá, você também não tem pai e tá falando de mim? – Olívia disse guardando o resto de seu pacote de biscoitos na lancheira, havia perdido totalmente a fome.

— Deixa de ser mentirosa. Você não tem pai coisa nenhuma, e sua mãe não gosta de você, bobinha.

— Sai daqui garota. Me deixa em paz! Você enche demais o meu saco, vai procurar o que fazer. Vai estudar e tirar notas boas em vez de ficar perturbando os outros, sua burra. – Olívia esbravejou entre dentes. Sua paciência com aquela garota já havia esgotado. Sempre ouvia suas provocações calada, mas já estava cheia de tudo aquilo.

Marcela caminhou por trás do balanço e empurrou Olívia, fazendo com que ela fosse de encontro ao chão. Olívia se levantou e percebeu gotas de sangue caindo no chão e em sua blusa. Passou a mão no rosto e viu que seu nariz sangrava. Respirou fundo, estava doendo, mas não iria chorar.

— Tá vendo o que você fez? Sua idiota! – Olívia gritou.

— Bem feito. – Marcela provocou.

— Você vai ver só.

Olívia partiu pra cima de Marcela a derrubando no chão. As duas começaram a rolar pelo gramado do parquinho agarradas nos cabelos uma da outra.   Uma rodinha de crianças se formou ao redor da confusão. Todas gritavam. Umas animadas, sabendo da existência da rivalidade das duas, e outras desesperadas pedindo pra que parassem.