O Amor Faz - Lucelo

Capítulo 13

Passaram-se dois dias desde que Olívia saiu do hospital. Luísa estava estranhando que Marcelo não havia aparecido mais, apenas mandava mensagem perguntando como Olívia estava.

Aquilo de certa forma estava incomodando Luísa, mas ela não entendia o porquê. Porque Marcelo havia sumido? E porque ela estava incomodada com isso, se ela preferia que ele ficasse longe? Ou talvez não.

A verdade era que Luísa nunca deixou de amar Marcelo, apenas deixava que o sentimento de mágoa e decepção prevalecesse em seu coração.

— Mamãe, já posso me arrumar para ir pra casa do tio Durval? – A voz infantil de Olívia a despertou de seus pensamentos.

— Você vai depois que você almoçar filha, você não pode almoçar na casa do seu tio porque não pode comer qualquer coisa. – Luísa disse guardando algumas pastas na gaveta em seu escritório.

Olívia fez cara de desgosto, não estava gostando nenhum pouco de ter que comer só coisas saudáveis e estava dando um certo trabalho para Luísa.

— Tá. – Olívia suspirou derrotada já pensando em tentar passar a perna na mãe e não comer.

Saiu do escritório de fininho e foi em direção às escadas. Escutou a voz de sua mãe lhe chamando, o que a fez voltar novamente para a porta do escritório.

— Olívia?

— Sim mamãe.

— Almoçar. – Luísa advertiu lançando um olhar sério e Olívia respirou pesado indo em direção a cozinha.

Luísa não se dava muito bem com o irmão, mas de vez em quando deixava Olívia ir visitar o tio e brincar um pouco com as primas, às vezes as meninas também vinham em sua casa para fazer o mesmo. Depois que Durval ficou sabendo por Antônio que Olívia havia sido internada, pediu para que Luísa o deixasse ver a sobrinha.

Depois de algum tempo, Durval veio buscar Olívia, apenas cumprimentou Luísa, que o advertiu das coisas que Olívia não poderia comer e foi embora.

Luísa entrou novamente em seu escritório, os pensamentos martelavam sua cabeça, estava com muita raiva de Marcelo.

— Que pai presente esse. – Esbravejou falando sozinha. – Nem se quer veio visitar mais a filha... Espera aí Luísa, mas não é isso que você queria? Deixa de ser louca! – Continuou falando sozinha até ouvir seu celular tocando. Pegou o de cima da mesa e viu de quem se tratava a ligação. Marcelo. Suspirou pesado e atendeu.

— Oi Lu.

— Oi.

— Sei que você deve estar se perguntando o porquê de eu ter sumido esses dias. Mas estava muito ocupado resolvendo uns assuntos.

— Nem reparei no seu sumiço Marcelo. Também estava ocupada. – Luísa respondeu em um tom sacárstico fazendo Marcelo rir do outro lado da linha.

Luísa não sabia disfarçar quando estava com raiva, o que confirmou suas suspeitas de que ela havia sim sentido sua falta.

— Como está minha princesa? – Marcelo perguntou.

— Está bem, me dando um pouco de trabalho porque não quer comer, mas está se recuperando. Ela foi para a casa do tio passar o dia lá. – Luísa respondeu.

— Gostaria de te ver hoje, vamos jantar, quero te mostrar algo e conversar com você também. – Marcelo disse em um tom carinhoso e o coração de Luísa pulou de felicidade em seu peito.

— Não sei não Marcelo, restaurantes não me trazem boas lembranças com você. – Luísa disse lembrando das brigas que tivera com Marcelo desde que ele havia chegado, e Marcelo riu ao lembrar que a maioria delas aconteceu em restaurantes.

— Já pensei em tudo. Te pego as 7. – Marcelo disse e desligou o telefone sem dar a chance de Luísa se manifestar.

— Idiota. Quem ele pensa que é? – Luísa voltou a falar sozinha. – Nem me deixou responder se eu queria ou não.

Claro que Luísa iria aceitar de qualquer maneira, estava se odiando por não saber controlar seus sentimentos diante de Marcelo. Seu coração estava em uma mistura de emoções. Não estava mais conseguindo bloquear e proteger seus sentimentos como antigamente. Já havia se rendido completamente a Olívia, e estava com medo de acabar se rendendo a Marcelo também.

No final da tarde Luísa subiu para seu quarto para que pudesse se arrumar. Havia passado o dia inteiro com uma certa ansiedade e não conseguia se concentrar em mais nada. Parou diante de seu closet para escolher uma roupa. Ficou confusa, sua mente dizia para ela se vestir normalmente, mas seu coração pedia para que ela vestisse algo diferente.

— Droga! O que tá acontecendo comigo? – Luísa se perguntou sozinha. Aquilo estava deixando-a maluca. Havia se tornado uma mulher tão cheia de si e segura de suas decisões, e agora estava parecendo uma adolescente eufórica indo para o seu primeiro encontro. Depois de algum tempo, Luísa resolveu seguir seu coração. Vestiu um vestido azul marinho que colava em seu corpo, revelando suas curvas. Calçou uma sandália de salto. Soltou seus cabelos que na maior parte do tempo ficavam presos e resolveu não pesar muito na maquiagem, afinal, estava com medo do que Marcelo poderia pensar.

Olhou em seu relógio e viu que já eram 7 horas da noite. Desceu as escadas ansiosa e esperou Marcelo chegar sentada no sofá da grande sala. Lembrou-se de mandar mensagem para Durval dizendo que pegaria Olívia mais tarde. A campainha tocou, o coração de Luísa acelerou, levantou-se arrumando seus cabelos olhando o reflexo no celular e foi abrir a porta.

— Boa noite. – Marcelo cumprimentou Luísa dando um beijo em sua bochecha, olhou-a dos pés a cabeça e suspirou encantado com sua beleza. Queria mais que tudo elogiá-la, mas teve medo de Luísa se irritar, e não era aquilo que ele queria.

— Boa noite. – Luísa respondeu Marcelo um tanto envergonhada. Sentiu suas bochechas corarem ao perceber o olhar fixo de Marcelo em sua direção.

— Vamos? – Marcelo disse estendendo a mão para guiar Luísa, e o mesmo a guiou até seu carro abrindo a porta para que ela entrasse. Um verdadeiro cavalheiro.

— Olívia já está em casa? – Marcelo perguntou já dirigindo. Apenas olhando de lado para Luísa mantendo sua atenção na estrada.

— Vou busca-lá na volta.

— Não acha que vamos voltar um pouco tarde para você ir buscar ela só quando voltarmos? – Marcelo perguntou ao lembrar de seus planos para aquela noite.

— Não vamos voltar tarde Marcelo. – Luísa respondeu curta, cortando suas expectativas.

— Pensei que íamos ter um encontro.

— Não somos um casal.

— Mas poderíamos ser.

Marcelo encarou Luísa olhando a profundamente no momento em que o farol fechou. Luísa fez o mesmo ficando totalmente sem jeito com aquela declaração, o coração dentro do peito a mil.  Logo depois desviou o olhar e quebrou o silêncio.

— Vamos sair apenas como pais de uma garotinha para conversar e resolver as coisas. Somente isso. – Luísa disse e Marcelo balançou a cabeça concordando derrotado, acelerou o carro suavemente quando o farol abriu.

— Está bem, voltamos mais cedo e aproveito para dar um beijo na minha filha. – Marcelo sorriu ao lembrar daquela figura de olhos verdes. Luísa não respondeu nada, apenas deu de ombros.

Marcelo continuou seu trajeto e parou na entrada de uma garagem subterrânea de um condomínio de apartamentos. Luísa estranhou e não entendeu nada.

— O que significa isso? Pra onde está me levando Marcelo? – Luísa perguntou um tanto assustada.

— Calma apressada. Tá achando que vou fazer alguma coisa com você? Quero apenas te mostrar uma coisa. – Disse estacionando o carro já dentro da garagem. – Vem comigo. – Marcelo disse abrindo a porta do carro para Luísa e pegando sua mão para guiá-la.