Capítulo 23

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Olívia segurava uma bandeja de comida nas mãos, algo que parecia ser embalagens de restaurante. Olívia tentou deixar as coisas e correr a tempo de fechar a porta novamente, mas Marcelo foi mais rápido. Correu e a pegou no colo antes que ela o fizesse.

— Você tá muito, mas muito encrencada mocinha! - Luísa disse se aproximando e certificando-se de pegar a chave do quarto.

Olívia deu um sorriso de orelha a orelha enquanto estava no colo do pai, tentando amenizar o clima. Marcelo e Luísa a encaravam, ambos sérios. Olívia suspirou derrotada. Estava definitivamente encrencada. Marcelo caminhou até a sala com Olívia em seu colo, Luísa foi logo atrás sentando-se no sofá.

— Senta aqui Olívia. – Luísa ordenou. Sua cara não estava nada amigável. Marcelo caminhou até o sofá e sentou-se com Olívia ao lado de Luísa. – O que deu em você? Você acha certo o que você fez? Me conte tudo, tudo o que passou por essa cabecinha pra você tramar isso.

Olívia suspirou pesado, deixando que seus ombros caíssem, e começou a explicar, sabia que já estava encrencada o suficiente pra não falar a verdade.

— Quero que você e o papai fiquem juntos. Então planejei tudo isso. E deu certo. Vocês estavam abraçados quando entrei no quarto. – Olívia sorriu vitoriosa.

— Olívia, isso que você fez foi muito sério. Seu pai e eu temos responsabilidades, duas empresas pra administrar. Você nos trancou dentro daquele quarto, e se seu pai não tivesse sido rápido, nós ainda estaríamos lá.

— Mas...

— Mas nada, você está de castigo por tempo indeterminado. Você vai pensar no que você fez, mocinha. – Luísa disse e os lábios de Olívia tremeram ameaçando um choro. Olhou para o pai tentando buscar alguma chance de escapar, mas não surtiu efeito. Marcelo a olhava sério também.

— Ahh mas que droga, eu só queria ajudar. – Olívia cruzou os braços frustrada.

— Olha essa boca. – Luísa repreendeu.

— Olívia o que você fez não foi certo. Ao invés de ajudar, você acabou atrapalhando filha, agora eu e sua mãe ficamos cheios de ligações e coisas pendentes para resolver. – Marcelo disse segurando o queixo de Olívia para que pudesse olhar para ela.

— Quem te ajudou a pedir comida em um restaurante? – Luísa perguntou se lembrando da comida que Olívia havia deixado no quarto.

— Liguei pra vovó. Ela me ajudou. – Olívia sorriu orgulhosa. – Mas o café da manhã foi eu quem preparei, vocês gostaram?

Marcelo virou o rosto para o lado para dar um sorriso sem que Luísa percebesse. Por mais que não concordasse com o que a filha havia feito, não podia deixar de admitir que a garota era muito esperta. E sua mãe com certeza iria ajudar a neta com isso, elas eram iguais.

— Olívia, isso não vem ao caso agora. Nós vamos almoçar e vamos pra casa. – Luísa se levantou do sofá indo em direção ao quarto para pegar a comida.

Marcelo caminhou até a cozinha e maneou a cabeça negativamente, estava uma bagunça. Pacotes de bolacha espalhados pelo chão, louças na pia e muitas cascas de banana em cima da mesa. Luísa chegou até a cozinha e revirou os olhos ao ver a bagunça que a filha havia feito ali.

— Olívia, venha já aqui. – Luísa ordenou. Olívia levantou do sofá suspirando pesado e caminhou até a cozinha.

— Sim senhora. – Olívia sempre tratava Luísa dessa forma quando sabia que a mãe estava brava com ela.

— Arruma essa bagunça que você fez na cozinha do seu pai, que porquice menina. – Luísa ordenou e a menina apenas assentiu, indo recolher as coisas que estavam espalhadas. Luísa pensou por um momento que talvez estivesse sendo um pouco dura demais. Mas se ela não colocasse limites na filha, ela poderia aprontar coisas ainda piores.

Depois que almoçaram, Luísa arrumou as coisas, se despediu de Marcelo, e foi embora de táxi com Olívia. Marcelo ficou em casa para chamar o seguro de seu carro e resolver coisas pendentes com alguns clientes.

— Vá tomar um banho e ficar no seu quarto. – Luísa disse assim que entraram em casa.

— Mamãe?

— Sim.

— Amanhã você vai me ver nas olimpíadas do colégio?

— Não Olívia, você está de castigo. Não vai participar das olimpíadas. – Os olhinhos de Olívia se encheram de água. Apenas assentiu e foi em direção às escadas.

— Desculpa mamãe. – Olívia se virou olhando para a mãe antes de subir as escadas.

— Tudo bem, mas você vai ter que pensar no que você fez. Foi muito sério mocinha. Vá pro seu quarto, mais tarde vou lá conversar com você.

— Sim senhora. Olívia subiu as escadas cabisbaixa, toda a sua felicidade havia ido pelo ralo. Havia passado um mês se preparando para nadar nas olimpíadas da escola e agora não iria poder participar.

Luísa estava se sentindo mal por ter que ser tão dura com a filha. Era sempre assim, Olívia aprontava, levava bronc e chorava. As vezes ficava de castigo, e quando isso acontecia, agia como se a mãe fosse um general. Luísa estava se sentindo um monstro, antes não se importava em castigar a filha quando era necessário, mas agora doía nela ver sua pequena triste daquele jeito. Mas era necessário, Olívia estava impossível e precisava de um freio, ou iria enlouquecê-la de vez.

Durante a tarde, depois de resolver os assuntos pendentes da empresa, Luísa foi até a cozinha e preparou um lanche para levar até a filha. Entrou no quarto com a bandeja nas mãos. Olívia estava sentada na cama desenhando e colorindo. Sabia que quando estava de castigo não podia assistir televisão e nem jogar no seu tablet.

— Trouxe um lanche pra você.

— Obrigada mamãe, mas tô sem fome. – Olívia disse triste.

— Come pelo menos um pouquinho, você não comeu nada hoje à tarde... – Luísa disse sentida.

— Tá legal.

Depois que Olívia comeu um pouco, Luísa a ajudou secar os cabelos molhados e penteá-los.

— Filha, você entende que o que você fez foi errado? – Luísa questionou afagando seu rosto com as mãos.

— Sim mamãe, me desculpa. Depois eu quero ligar pro papai pra pedir desculpa também.

— Eu te amo muito! Dói muito em mim ter que tirar as coisas que você gosta, mas você precisa pensar que as coisas que você faz te trás consequências, sendo elas boas ou não.

— Eu sei mamãe. Eu também te amo, não vou mais fazer isso. Por mais que eu queira muito que você se case com o meu pai, todas as minhas amigas tem uma família completa.

— Filha, isso não é uma coisa pra você se preocupar, mesmo que eu não me case com o seu pai, nós dois sempre vamos estar ao seu lado meu amor. Sempre.

— Mas mamãe, você não pensa em se casar com ele um dia? Morar na mesma casa?

— Como eu te disse, você não tem que se preocupar com isso. São assuntos que só adultos podem resolver. Os seus planos não vão adiantar em nada, ao contrário, dependendo do que você fizer, pode até atrapalhar as coisas entende?

— Você gosta dele não é? Eu sei que gosta mamãe. – Luísa corou diante da revelação da filha, queria mais que tudo contar a verdade pra ela. Mas tinha medo de não dar certo e deixá-la decepcionada, iria esperar o momento certo pra isso. – Responde mamãe. Você gosta dele não é?

— Sim filha, eu gosto do seu pai, como amigo.

— Como amigo não vale mamãe.

— Vale sim, engraçadinha. Agora vem aqui, dá um abraço na mamãe. — Olívia pulou no pescoço de Luísa dando-lhe um abraço apertado. — Meu bebê grande. Te amo! – Luísa declarou dando um cheiro nos cabelos e pescoço de Olívia. A filha retribuiu o afeto beijando sua bochecha.

— Brinca um pouco comigo, mamãe?

— Brinco sim meu amor.

O Amor Faz - LuceloOnde histórias criam vida. Descubra agora