Marcela (Parte 2)

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Gizelly

Durante longos minutos eu não soube o que falar. Eu sentia atração por Marcela, senão não teria a beijado - e gostado. Mas a ideia de algo a mais nunca havia passado pela minha cabeça e os toques dela que levavam a isso me deixaram desconfortável. Talvez todo o trabalho que eu fiz para desencanar do que eu sentia realmente tinha surtido efeito, ou talvez o que eu sentisse fosse só uma leve atração e uma grande amizade. Não sei, ainda era muito difícil ajustar todos os pensamentos no lugar.

O olhar de decepção dela quando eu pedi que ela parasse, quase me faziam retirar minhas palavras e deixar que ela seguisse com seu plano. Mas isso também me apertava o peito, não era assim que tinha que ser, não era assim que eu queria que fosse. E isso poderia complicar mais ainda as coisas entre a gente. Eu estava aqui para ajeitar tudo, não para criar algo que não existia.


- Desculpa. - uma lágrima escorreu pelo meu olho involuntariamente. Meu deus, eu não acredito que eu estava chorando. Senti a movimentação dela no colchão e quando abri os olhos ela estava deitada de lado olhando pra mim preocupada.

- Ei, você não tem que pedir desculpa, que isso. - seus dedos secaram as lágrimas teimosas da minha bochecha - Não quero você assim!

- Eu não sei porque eu estou assim! - tentei sorrir - Só foi muito, tudo bem?

- Vamos no seu ritmo, furacão. Ou, quer dizer, brisa.

- Marcela, eu não quero isso.

- Sexo? - ela ergueu uma sobrancelha e eu sorri um pouco, queria ser tão aberta como ela era com esse assunto, mas na minha família sempre foi um tabu gigantesco. Assinalei que sim. - Tudo bem Gi.

- Tem muita coisa que eu preciso assimilar ainda e eu não quero complicar nada. O mais importante pra mim, em relação a você, sempre vai ser nossa amizade. Acima de tudo.

- E em relação às outras?

- Que? - ela me pegou de surpresa e eu me sentei na cama - Como assim Marcela?

- A Ivy e a Rafa. Eu sei que você não assistiu nada do programa desde que saiu, mas te falaram na entrevista do Rede BBB.

- Sim. - suspirei, lembrando do meu choque com o último nome mencionado.

- Você tem pensado nisso também? - concordei - Quer conversar?

- Pra você tudo bem? - ela concordou - Nossa amizade, ela ainda é maior que qualquer coisa?

- Nossa amizade ainda é maior que esses beijos e esse fora colossal que você está me dando Gi, pode ficar tranquila.

- Não fala assim Má.

- Gi, tá tudo bem. - o sorriso dela não chegou aos seus olhos, mas ela me incentivou a falar - Você precisa conversar, eu tenho experiência no assunto, fala comigo.

- Quando eles chegaram da casa de vidro o Dan foi completamente em cima de você e eu me senti rejeitada, porque eu sempre estive com você na mesma questão. Piorou quando você deu moral pra ele mesmo. Eu não sei se a Ivy percebeu, ou se foi a vibe que bateu mesmo, mas ela se aproximou e foi me ajudando sabe? Quando eu percebi que o que eu sentia por você era um ciúmes diferente me entreguei mais ainda pros carinhos dela e - eu sorri involuntariamente - de repente eu tava lá tremendo na base quando a mulher encostava em mim.

- Gizelly, como algum dia você achou que era hétero? - Marcela riu da minha cara e eu não pude evitar rir também.

- Eu juro que isso nunca tinha acontecido antes. Acontecer no meio de 200 câmeras foi uma puta sacanagem, porque eu não sabia o que fazer. Então eu só aproveitei, brinquei, tinha hora que eu quase não aguentava. Aí vinha minha família na cabeça. Hoje eu tô aí, cheia de coisa pra pensar.

Brisa LeveOnde histórias criam vida. Descubra agora