Números Negativos

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Marcela


Já faziam alguns dias que Ivy havia voltado pra casa e a Gi estava bem melhor do que eu achei que estaria. Nosso grupo continuava movimentado como sempre e ela sempre recebia vídeos do Luiz Miguel que era encantado com a tia – mas o lugar deles era lá em Minas com o Rogério. E todo mundo parecia ok com isso. Começamos a trabalhar nos projetos que faríamos no futuro e nas publicidades de agora, o que distraía um pouco da realidade caótica que estava se passando no mundo lá fora durante a quarentena.
No finalzinho de mais uma tarde de trabalho eu recebi um e-mail que me fez soltar um gritinho de alegria. Gizelly me direcionou um olhar de alerta e eu me lembrei que ela estava em uma live. Pedi desculpa com o olhar e voltei a ler a mensagem no computador. Fazia dias que eu estava pensando como abordar o assunto com ela, mas não sabia como, aquela proposta era a oportunidade perfeita.
Quando ela terminou não quis ouvir sobre trabalho, então me contentei em esperar ela fazer o melhor macarrão que eu já tinha comido na vida e trazer para mim, que ainda tinha que resolver alguns detalhes do curso ali no computador. Quando ela se sentou no sofá com uma latinha de cerveja e os pés pra cima, achei uma boa oportunidade para investir no assunto que eu tanto queria.


- Gi, por que você não volta comigo pra Sampa?

- Porque eu moro aqui? – revirei os olhos com a resposta óbvia.

- Eu tô falando sério.

- Uai Marcela, minha vida toda é aqui.

- Não tem absolutamente nada que você faz aqui que você não possa fazer lá. A gente falava disso lá dentro do programa e eu falava sério, minha casa tá aberta pra você.

- E o que eu vou fazer em São Paulo?

- Tem muita gente que a Drª. Gizelly pode ajudar lá também, sabia? – sorri pra ela, esperando que ela estivesse pelo menos considerando a ideia – E a gente pode tocar nossos projetos muito melhor se estivermos juntas, as publicidades vão rolar mais pra você, as aparições públicas quando der.

- E o Jack?

- Ele vai também.

- Uma mudança não é simples assim Marcela e eu tenho zero propostas de emprego lá em São Paulo.

- Não, você tem uma. – sorri e ela me olhou confusa – Minha assessoria acabou de enviar um e-mail encaminhado para você também com a proposta para você se juntar à gente e eles já falaram que dão todo o suporte necessário para a mudança de cidade se você estiver disponível. – ela ficou em silêncio e olhou para frente por alguns minutos com um olhar indecifrável, não era ruim e nem bom, era completamente neutro. Gizelly conseguia esconder qualquer sentimento se ela quisesse e isso podia deixar qualquer um doido – Me fala um motivo pra não ir.

- Não tem. – ela sorriu levemente pra mim – Realmente não tem.

- Isso quer dizer que você vai?

- A gente pode ir vendo como vai ser, eu passo um tempo lá. Vamos conversando. – não evitei um grito e me levantei da mesa onde estava para abraçar ela no sofá – Mas olha, se a gente for pra dividir um apartamento, é pra dividir tudo mesmo. Não quero morar na sua casa.

- Vai ser nossa casa amiga!

- E se eu não gostar? Eu não sei se eu me adapto a uma cidade daquelas não.

- Te apresento tudo com calma, prometo que a cidade vai te tratar bem.


Rafaella

Brisa LeveOnde histórias criam vida. Descubra agora