Esperando

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Rafaella


Me joguei no sofá do apartamento de Manu me sentindo exausta depois de mais uma ligação recusada por Gizelly. Desde a festa de reencontro ela não tinha atendido nenhuma das minhas ligações ou respondido às mensagens e eu já estava me sentindo idiota.


- Ela também deve ter se sentido idiota quando te viu beijando o Petrix. – foi a resposta que recebi da minha amiga que me encarava da mesa, de pernas cruzadas enquanto mexia no seu computador sem me dar muita atenção. Eu já estava ficando irritada.

- Eu já disse que eu não beijei ele, a gente estava conversando quando ele me puxou e eu mal tive tempo pra separar ele de mim

- Meio que foi um beijo. E pra quem tava vendo de fora vocês conversarem há tanto tempo, é normal imaginar que você queria.

- Tá bom Manu, mas agora como eu vou explicar que eu não queria se ela não me atende?

- A Gizelly mudou de casa, por acaso?

- Não.

- Então acho que você sabe exatamente onde encontrá-la.

- Se ela não quer nem atender as minhas ligações, com certeza não quer que eu apareça na casa dela do nada.

- Você não sabe disso. – Manu suspirou e revirou os olhos como se tivesse explicando algo a uma criança antes de se sentar ao meu lado – Talvez ela queira que você se esforce um pouco mais agora, já que não se esforçou antes.

- Será que eu não vou estar sendo invasiva?

- Rafaella, só age um pouco, para de pensar demais.


Fiquei olhando para minha amiga por alguns segundos, ela tinha razão, não tinha? Pensar demais tinha me trago até aqui. Até essa confusão que estava me afastando cada dia mais da mulher que eu amava. Amava. Puta que pariu, eu precisava ir atrás dela antes que fosse tarde demais pra isso. Me despedi de Manu e desci até o estacionamento do prédio onde meu carro me esperava. Minhas mãos tremiam tanto que parecia que eu não conseguiria dirigir, mas segurei firme o volante e coloquei o endereço dela no GPS só por precaução. Não arriscaria me perder agora. Pensei em parar em algum lugar no caminho, comprar algo, mas eu não queria enrolar mais – então só dirigi até o prédio que eu já conhecia. Fui liberada na portaria sem que pedissem autorização no apartamento, pelo menos eles ainda lembravam que eu era uma pessoa importante na vida da moradora do 406B. A cada passo que eu dava meu corpo se agitava mais, agitação que morreu pouco depois que eu toquei a campainha, quando Marcela atendeu a porta e me direcionou um olhar de desprezo.


- O que você está fazendo aqui?

- E-eu preciso falar com a Gi. – minha voz falhou e a risada de deboche que ela soltou fez meus dentes trincarem automaticamente. Eu sei que ela tinha motivo pra me tratar assim, mas era difícil engolir aquilo – De verdade, Marcela, eu preciso explicar pra ela por que eu...

- Porque você largou ela sozinha depois que ela te fez gozar? – ela arqueou a sobrancelha e eu olhei para os lados, checando se tinha alguém no corredor.

- Eu posso entrar? – ainda com os braços cruzados ela me deu passagem, fechando a porta atrás de mim assim que eu entrei – Não é bem assim.

- Não? Tem certeza? Acho que foi exatamente assim. Você enrolou a Gi por meses com o seu papo de amiga, mas o olhar de quem queria mais, muito mais. Você brincou com os sentimentos dela até ela ir pra cama com você, pra que? Pra você experimentar e sair correndo.

Brisa LeveOnde histórias criam vida. Descubra agora