Brisa Leve

Fala Comigo

Voltei, rápido - como prometido. Essa é a complementar do capítulo anterior que só vou postado ontem pra não deixar vocês órfãos muito tempo. Se tudo der certo ainda volto hoje com mais uma parte ;)

Gizelly

- Gi. – a pequena pausa após o meu nome denunciou que ela estava prestes a iniciar uma conversa que iria ser grande demais para aquela varanda. Olhei para Rafa e para trás, onde nossos amigos se espalhavam na sala conversando amenidades.

- Eu não quero fazer isso aqui.

- Vai comigo pra casa? - olhei bem nos olhos dela por alguns segundos, tentando racionalizar o que fazer, ela pareceu surpresa quando acenei positivamente – Não precisa ser agora, podemos ir embora a hora que você quiser.

- Vamos.

Toquei na mão dela e me dirigi para o interior da casa de novo, comunicando aos meus amigos que eu tinha que terminar uma petição no dia seguinte então não ia poder ficar até muito tarde. Rafa falou que me levaria em casa já que também tinha que dormir cedo para uma sessão de fotos no outro dia de manhã. Fomos embora com a certeza de que ninguém tinha acreditado em uma palavra das histórias que contamos, mas dessa vez não tinha o que falar – como explicar que estávamos indo resolver algo que nem todos ali sabiam que estava acontecendo? No caminho, conversas aleatórias preencheram o carro, coisas do dia a dia e assuntos tão leves que por aqueles minutos as últimas semanas pareciam nem ter acontecido.
A sensação passou quando eu entrei no apartamento. Parecia fazer meses que eu não pisava ali e ao chegar e sentir o cheiro e o calor acolhedor da casa eu percebi o quanto sentia saudades daquele lugar. Olhei em volta observando cada detalhe, absorvendo o cenário, já que não tinha certeza se eu voltaria a visitá-lo depois dessa noite. Os olhos dela encontraram os meus, parecendo ler as minhas preocupações. E eu me deixei perder ali. Senti seus braços envolverem a minha cintura com cuidado e me aproximar pra perto. Tudo foi feito devagar, eu poderia me afastar – e pensei nisso – mas não fiz. Senti seus lábios nos meus por alguns segundos, mas assim que sua língua quente deslizou pelo meu lábio inferior posicionei minhas mãos em seus ombros, afastando-a de mim.

- Não, eu não posso fazer isso de novo. – olhei nos olhos dela – Se era isso que você queria, não vai dar Rafa. Preciso ir embora.

- Gi, não. – ela tocou meu braço gentilmente, me fazendo parar – Eu te chamei aqui porque a gente precisa conversar.

- Tudo bem. – andamos juntas até o sofá e nos sentamos, ela mexia nas suas mãos de uma forma nervosa à medida que abria e fechava a boca, ensaiando o que falar. Segurei sua mão, o que fez que o movimento parasse.

- Desde o início disso a gente nunca falou sobre o que estava acontecendo, as coisas só foram rolando e eu sei que isso foi culpa minha, mas foi errado. Todos os momentos que eu tive com você foram incríveis, só que tinha uma voz lá atrás me falando sobre várias coisas que podiam acontecer por causa disso, várias consequências na minha carreira, na minha família. Foi tudo muito novo pra mim e tudo isso foi me deixando assustada. Eu queria viver o que eu estava sentindo, mas os medos me levaram a ter atitudes controversas, como sumir.

- Por que você nunca falou comigo sobre isso?

- Por um tempo eu não entendi isso também, mas hoje eu vejo que eu não falei nada pra você porque tornaria tudo mais real ainda. Eu me convenci que eu não precisava cuidar desses medos agora, que eu podia só viver os momentos.