Capítulo 33 - Vá embora!

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Josh

As horas passaram se arrastando. A tortura
de não saber sequer uma notícia dela, me deixava louco.

Um filme das últimas vinte e quatro horas se passava em minha mente. Será que ela era capaz mesmo de tudo aquilo?

Lisa parecia convicta de mais e agora tudo fazia um sentido tão infeliz! Ela era tão horrível assim? A dúvida pairava no ar. 

Eu a ofendi, e sabia que ela não iria querer me ver. Chacoalhei mais uma vez a cabeça tentando entender e engolir tudo aquilo. Embora fosse complicado, estava tudo claro demais. Até demais.

- Trouxe café. - Rachel estava ali? Quando foi que ela chegou?

- Rachel?

- Bom, só conheço uma. - sorriu sem graça.

- Obrigado.

- Ela vai ficar bem. - suspirou.

- Eu espero que você e todas as pessoas que me disseram isso hoje, estejam certas. - silibei.

- Josh, os pais dela estão vindo. - Javi disse apenas. Coloquei a cabeça entre as mãos e suspirei pesadamente. Eles iriam me odiar para sempre. De outro lado sentia Collin me queimando vivo com seu olhar.

- Enrole eles o máximo que puder. - engoli em seco. - Não tenho condições de dar explicações agora.

- Tudo bem. Mas eles, e o Collin, não estão nada felizes.

- Eu quero que aquele cretino se exploda. - Rachel me encarou sem saber do que se tratava. Mal ela sabia que a amiga era uma sem caráter.

- Gente por favor. Não vamos criar mais confusões certo? - pediu. - Quando a Kate acordar, por favor, se portem como pessoas civilizadas!  - me encarou e logo em seguida encarou Collin.

O relógio girava, e girava. As horas se passaram quando por fim, meu coração disparou. O médico caminhou em nossa direção. Engoli em seco e o encarei de volta.

-Familia de Katherine Bryant.

- Eu sou o noivo. - me adiantei antes que outra pessoa decidisse fazer isso.

- Me acompanhe por gentileza.

Seguimos alguns passos e entramos em sua sala. O médico fez sinal para que me sentasse e assim o fiz.

- Bom, senhor...

- Joshua Carter.

- Certo. Joshua, minhas notícias são boas, mas não tanto quanto gostarja. A Katherine sofreu umas lesões que conseguimos reverter, ela em tese, está bem. Porém não conseguimos salvar o bebê. Sinto muito.

- Bebê? - sussurrei. Engoli em seco sentindo meu coração pular para fora do peito.

- Não sabia que sua noiva estava grávida? - indagou. 

- Não. - engoli em seco mais uma vez tentando achar as palavras. Kate estava grávida.

E escondeu de mim?

-A criança não resistiu ao impacto. Fizemos o procedimento em Kate, e logo ela estará 100%. Já está acordada inclusive, se quiser, pode vê-la.

Eu apenas escutava. Não escutava. Meus ouvidos zumbiam e pulsavam miseravelmente. Kate estava grávida! 

Sai da sala do médico, mas nem me lembro se ele terminou de falar, muito menos como sabia qual era seu quarto.

Ela estava pálida e olhando para o nada. Fechei os punhos e respirei fundo. Minha presença foi notada por ela. Seus olhos tristes me analisaram. Ela já sabia da notícia.

-Por que não me contou? - sussurrei.

- Eu não sabia. - sussurrou também. As lágrimas tomaram conta de seu rosto. Me aproximei mais.

- Como não sabia? 

- Eu fiz o teste e deu negativo... - soluçou. - Meu Deus. O meu bebê.

- Por que não me contou sobre o teste? - levantei o tom de voz emputecido. Mais uma vez eu havia sido excluído!

- Por que não fazia diferença! - tentou falar com as forças que lhe restaram. - Tinha dado negativo!

- Mas devia ter me falado. - retruquei. - Isso é, se esse filho fosse meu mesmo. - disse mais baixo.

- Como é que é? - silibou. - E de quem mais seria?

- Oras, do seu amante! - disse debochado. Seu olhar se escureceu.

- Vai embora! - sussurrou. Me aproximei e encarei seu rosto pálido.

- Vergonha de assumir? Hum? - provoquei. Seu olhar se levantou e senti fagulhas saindo deles.

- Você é completamente louco! - disse. - Eu acabei de ser atropelada, perdi o meu bebê por sua culpa. - Gritou.

- Minha culpa?! Você é uma vagabunda, merece isso e muito mais. Eu nunca devia ter acreditado em você. - silibei. - Você é uma mentira. Tudo isso é uma mentira!

- Acredite no que quiser seu imbecil. - disse entredentes - Não me interessa. Agora, vá embora! 

- Chame o seu amante Kate! Conte para ele! - rosnei. - O plano de vocês deu certo. Se queriam me destruir, conseguiram. Só não pensei que você fosse tão baixa a ponto de fazer isso. - sussurrei olhando fundo em seus olhos molhados. - Nunca pensei que fosse uma vagabunda dessas.

- Chega! - me interrompeu chorando. - Eu nunca mais quero te ver. - silibou. Nossos olhares se conectaram e senti um frio na espinha. - Vá embora, esqueça que eu existi na sua vida! - gritou. Lágrimas escorriam por seu rosto descontroladamente. - Vá!

Gritou mais uma vez. Me virei sem ao menos lhe responder e bati a porta. Sai a passos largos segurando o choro. Ouvi as pessoas me chamando mas ignorei todos os gritos.

Eu não estava com saco e nem psicólogico para nada. Eu havia perdido tudo. Eu achava que tinha uma vida perfeita.

Era uma droga.

Eu nunca devia ter acreditado nela! Era tudo mentira! O amor, a promessa, os planos! Ela só me usou! Me traiu, mentiu.  E esse filho? Sequer era meu?

-Ahhhh. 

Gritei e chutei a lixeira que havia ali. Soquei a parede atrás de mim e deixei que o choro saísse do meu peito. As lágrimas escorriam sem pudor algum.

Deixei-me desabar. Sentei no chão sujo e apoiei a cabeça entre as mãos. 

Eu desapareceria da vida dela. Assim como ela pediu. Esqueceria que Katherine Bryant algum dia existiu.

Meias Verdades, Inteiras Mentiras - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora