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O dia pra mim começou difícil. E pra minha felicidade teria mais uma consulta de rotina. E em dias como esse é impossível manter a calma, ainda mais porque eu sou mais uma das pessoas que amanhecem mau humorado, principalmente por causa desse clima inglês. Todo dia é frio e úmido, eu fico revoltado quando saio de casa e molho minhas botas.
— Téo levanta, a gente vai se atrasar — minha mãe grita entrando dentro do meu quarto.
— Mãe ainda são seis e meia, a consulta é às oito horas — minha voz sai sonolenta. Eu não estava dormindo, mas eu queria ficar deitado em silêncio. — Eu tenho mais uma hora.
— Você não tem mais nenhum minuto, — ela puxa minhas cobertas. — Levanta agora, você demora quase uma hora só pra tomar o café da manhã e eu não quero que você chegue atrasado de novo. Então de pressa — ela batia palmas pra me apressar.
— Aí como você é chata — puxo as cobertas pra cima de mim novamente.
— Eu não sou chata, eu sou a mãe mais fabulosa do mundo — se gaba me fazendo sorrir. — Vem amor da mamãe, você precisa levantar, — ela faz uma cara estranha de criança mimada. — Essa consulta é muito importante pra você ficar bem.
— Como eu vou me levantar se minha mãe grudenta não me solta? — ela havia se deitando ao meu lado e me mantia em seu abraço.
— Grudenta? — finge estar ofendida. — Você vai ver o que é grudenta — ela começa a distribuir um monte de beijos no meu rosto.
— Mãe para, isso é nojento — tento desviar meu rosto dos seus lábios, ela não dá trégua nunca.
— Agora é nojento? — ela começa fazer cócegas em mim, me fazendo da altas gargalhadas.
— Tá, tá bom me desculpa, isso não é nojento. Desse jeito eu fico parecendo um bebê — aquela brincadeira precisava acabar ou eu iria ficar sem ar. — Eu tô ficando... sem ar.
— Então o que eu sou? — pergunta com um sorriso encantador nos lábios finos.
— Você é a melhor mãe do mundo — digo olhando no fundo dos seus olhos, depois aperto seu nariz fazendo-a rir.
— Eu te amo pra caramba — beija minha testa.
— Amo-te ainda mais — puxo-a para um abraço de urso.
— Agora chega de enrolação e levante depressa — ordena saindo do meu quarto e fechando a porta atrás de si.
Depois que o papai nos abandonou, eu senti que minha mãe se apagou ainda mais a mim. Foi uma fase bem difícil para todos nós. E eu sei que ela não se tornou assim por causa do abandono, na verdade ela se sentia sozinha e incapaz de fazer quelquer coisa boa. Então eu me permiti ser o seu garotinho e daí ela percebeu que se tinha uma ação que ela poderia executar muito bem era me amar, e ela assim fez e faz.
Somos a família um do outro, somos melhores juntos e eu amo isso. Sentir que estamos perdendo coisas nos faz apegar ainda mais ao que amamos.
Às vezes pode parecer desrespeitoso, que é bizarro ou que sou mimado pela maneira que tratamos uns aos outros, mas acontece que é tão espontâneo e de boa ação que a gente só faz rir. Mas pelo contrário, eu amo ser o motivo de suas gargalhadas, amo tirar a paciência dela e fazê-la implorar para que eu pare de irrita-la. Essa é minha maior felicidade; nossa casa, nossa bagunça e músicas indie tocando. Pequenos e únicos momentos que não tem preço.
— Qual é o cardápio de hoje? — me sento na mesa esperando ela acabar de apronta o que estava na panela.
— Panquecas de laranja com canelas, mel e bananas — diz dando atenção a massa.
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Você Me Deu Olhos
Romance"A gente precisa aprender abrir mão das coisas que amamos" Para Teodoro Waller um jovem inglês de dezessete anos, isso era uma bobeira. Até ele ser diagnosticado com melanoma ocular quando tinha apenas doze anos de idade. Porém aprender a conviver...