Capítulo 05

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O dia pra mim começou difícil. E pra minha felicidade teria mais uma consulta de rotina. E em dias como esse é impossível manter a calma, ainda mais porque eu sou mais uma das pessoas que amanhecem mau humorado, principalmente por causa desse clima inglês. Todo dia é frio e úmido, eu fico revoltado quando saio de casa e molho minhas botas.

— Téo levanta, a gente vai se atrasar  — minha mãe grita entrando dentro do meu quarto.

— Mãe ainda são seis e meia, a consulta é às oito horas — minha voz sai sonolenta. Eu não estava dormindo, mas eu queria ficar deitado em silêncio. — Eu tenho mais uma hora.

— Você não tem mais nenhum minuto, — ela puxa minhas cobertas. — Levanta agora, você demora quase uma hora só  pra tomar o café da manhã e eu não quero que você chegue atrasado de novo. Então de pressa — ela batia palmas pra me apressar.

— Aí como você é chata — puxo as cobertas pra cima de mim novamente.

— Eu não sou chata, eu sou a mãe mais fabulosa do mundo — se gaba me fazendo sorrir. — Vem amor da mamãe, você precisa levantar, — ela faz uma cara  estranha de criança mimada. — Essa consulta é muito importante pra você ficar bem.

— Como eu vou me levantar se minha mãe grudenta não me solta? — ela havia se deitando ao meu lado e me mantia em seu abraço.

— Grudenta? — finge estar ofendida. — Você vai ver o que é grudenta — ela começa a distribuir um monte de beijos no meu rosto. 

— Mãe para, isso é nojento — tento desviar meu rosto dos seus lábios, ela não dá trégua nunca.

— Agora é nojento? — ela começa fazer cócegas em mim, me fazendo da altas gargalhadas.

— Tá, tá bom me desculpa, isso não é nojento. Desse jeito eu fico parecendo um bebê —  aquela brincadeira precisava acabar ou eu iria ficar sem ar. — Eu tô ficando... sem ar.

— Então o que eu sou? — pergunta com um sorriso encantador nos lábios finos.

— Você é a melhor mãe do mundo — digo olhando no fundo dos seus olhos, depois aperto seu nariz fazendo-a rir.

— Eu te amo pra caramba — beija minha testa.

— Amo-te ainda mais — puxo-a para um abraço de urso.

— Agora chega de enrolação e levante depressa — ordena saindo do meu quarto e fechando a porta atrás de si.

Depois que o papai nos abandonou, eu senti que minha mãe se apagou ainda mais a mim. Foi uma fase bem difícil para todos nós. E eu sei que ela não se tornou assim por causa do abandono, na verdade ela se sentia sozinha e incapaz de fazer quelquer coisa boa. Então eu me permiti ser o seu garotinho e daí ela percebeu que se tinha uma ação que ela poderia executar muito bem era me amar, e ela assim fez e faz.

Somos a família um do outro, somos melhores juntos e eu amo isso. Sentir que estamos perdendo coisas nos faz apegar ainda mais ao que amamos.

Às vezes pode parecer desrespeitoso, que é bizarro ou que sou mimado pela maneira que tratamos uns aos outros, mas acontece que é tão espontâneo e de boa ação que a gente só faz rir. Mas pelo contrário, eu amo ser o motivo de suas gargalhadas, amo tirar a paciência dela e fazê-la implorar para que eu pare de irrita-la. Essa é minha maior felicidade; nossa casa, nossa bagunça e músicas indie tocando. Pequenos e únicos momentos que não tem preço.

—  Qual é o cardápio de hoje? — me sento na mesa esperando ela acabar de apronta o que estava na panela.

— Panquecas de laranja com canelas, mel e bananas — diz dando atenção a massa.

Você Me Deu OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora