EPÍLOGO

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O vento forte bagunça meus cabelos e eu sinto o sol suave tocar o meu rosto. Um ano se passou e aqui estou eu, em Nova Iorque apreciando os ventos americano. Muitas coisas mudaram depois daquele concurso; eu e mais uma garota vencemos, ela preferiu pegar o dinheiro e permanecer em Londres e eu preferi América do Norte, é claro. Me formei na escola, despedir de minhas amigas, cinco meses depois da formatura fui madrinha no casamento da Marissa e do Pitter — sim eles casaram, e foi muito lindo — depois de tantos meses morando juntos já era a hora né?
Comecei a cantar minhas músicas no YouTube e pra minha surpresa as pessoas começaram a curtir e compartilhar com os seus amigos, o que me deixou bem feliz. Soube que as obras do Téo uma grande parte delas foram vendidas pra vários lugares diferente o que foi bem incrível pra todos nós. 

A faculdade tem sido bem legal. Conheci pessoas incríveis, fiz alguns amigos e os professores são bacanas. Me sinto completamente realizada andando pelas ruas novaiorquinas. Claro que às vezes sinto muita saudade de casa e das chuvas inglesas, mas digo que me mudar pra cá foi muito bom pra mim. Mesmo com toda aquela determinação dando boas vindas a um novo capítulo da minha vida, em Londres eu pensava constantemente no Téo e isso me deixava paralisada, eu não conseguia fazer nada. Aqui é diferente, eu não parei de pensar nele, mas não doi tanto como doía enquanto eu estava lá passando por todos os lugares que ficamos juntos e vendo tudo que apreciavamos. Mas enfim, está sendo um recomeço e tanto.

No caminho pra casa vejo uma galeria de arte e tudo nela chamou minha atenção. Então decidir entrar. Havia poucas pessoas lá dentro, acho que americanos não curtem muito arte. Olho pra uma pintura de uma paisagem e fico analisando, logo mais começo a caminhar pela galeria observando outras obras de artistas diferente. Cara, é inacreditável como eu não entendo nada de arte! Fico observando uma outra arte que parecia que tinha sido feita com um arame, literalmente ela era cheia de rabiscos estranho. Me aproximo e passo minhas mãos na obra...

— Com licença! — tomo um susto com uma voz masculina vindo de trás de mim. Me viro e me deparo com rapaz alto moreno e de cabelos incrivelmente cacheados, ele sorrir pra mim exibindo perfeitos dentes. — Oi!

— Desculpa eu só estava admirando essa obra, eu não pretendia tocar nela, e sei lá porque eu fiz isso. Ela é realmente incrível e chamou minha atenção de algum jeito — ele franzi o cenho e depois sorrir. — Desculpe eu estou falando que nem metralhadora.

— Você está mesmo! Essa arte é mesmo incrível. Ela chegou aqui a algumas semanas e não consigo parar de olhar pra ela, mas ainda não conseguir entender o que ela quer dizer. E você? — ele arqueia a sobrancelha esquerda e se vira pra mim.

— Eu? Eu não faço ideia. Sou a pior pessoa pra apreciar arte, literalmente não consigo entender nada — ele solta uma risada de deboche.

— E o que te trás aqui? Geralmente as pessoas que vêem em galerias de artes são pessoas que entendem de arte — reviro os olhos.

— E eu preciso entender para aprecia-la? 

— Provavelmente. Como você aprecia uma coisa sem entender o significado dela? E se ela estiver dizendo uma coisa ruim? — ele levanta as duas sobrancelhas agora.

— Affs! Você é meio antipático — ele me encara indignado.

— Uau. Uma garota nunca disse isso pra mim antes.

— Então me sinto lisonjeada, querido! A verdade, é que eu entrei por causa de uma pessoa especial pra mim. Eu estava passando e aí me lembrei dele quando vi essa galeria. 

— Entendi.

— E você? — ele me olha confuso. 

— Eu trabalho aqui, então...

— Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer o que você quer comigo? Que você veio falar comigo assim do nada.

— Haaa! Eu vim te entregar isso que você deixou cair, só que aí você começou a falar que nem uma radiola velha e eu fiquei perdido, e aí entrou a história dos quadros e eu acabei me esquecendo do que eu vim falar com você  — ele me chamou de radiola? Lembro-me de quando o Téo me chamou de radiola. Ele me mostra o cordão do Téo, arregalo os meus olhos e pego rapidamente.

— Isso estava no chão? — ele confirma com a cabeça. — Nossa obrigada, você salvou a minha vida!

— Deve ser um colar bem importante.

— Sim, é muito importante pra mim. Eu fiquei tão distraída com as obras que nem notei que ele havia caído — coloco ele no pescoço pra não correr mais o risco de perder.

— Elas nos distraem mesmo. Quer saber qual é minha obra favorita? — penso um pouco e logo concordo com a cabeça o seguindo por um corredor que leva até outras obras. — Nesses corredores existe várias obras incríveis feitas por vários pintores incríveis. Mas essa obra é diferente. — ele para de frente pra uma obra e logo começo a me recordar dela. Não acredito... é a obra do Téo, aqui em New York, um sorriso orgulhoso surge em meus lábios. — Ela foi criada por um pintor Inglês, Teodoro Waller ele morreu no ano passado com câncer. Cara é uma pena, tipo ele era incrível!

— É, ele era demais — permaneço sorrindo que nem uma palerma admirada.

— Você conheceu ele? 

— Sim, eu conhece o Téo. A gente namorou antes dele... — ele me olha com os olhos estampados de surpresa — Não fazia ideia que as obras dele já estavam aqui.

— Elas chegaram há uns dois meses. Perai você é inglesa? — concordo com a cabeça. — Cara eu estou falando com a ex namorada de um cara que praticamente se tornou uma lenda, você tem outras obras dele? Provavelmente já viu outra obra dele, como elas são? 

— Ei, calma.

— Desculpa eu sou meio nerd por arte. Olha eu estou indo almoçar. O que você acha de vir almoçar comigo? Assim você pode me falar sobre as obras do seu namorado. É o mínimo que você pode fazer depois de eu ter salvado sua vida! 

— Não sei não — ele me olha com uma cara de anjo fazendo um bico. — Tá bom, eu vou com você!

— Então bora. E afinal de contas, eu sou o Collin! — ele estende as mãos pra mim apertar.

— Muito prazer Coll!

— Coll? — ele me olha com um sorrisinho bobo.

— Foi mal. Eu tenho uma mania ridícula de criar apelido pra todo mundo, acho melhor do que dizer o nome todo da pessoa. Se você quiser eu posso parar.

— Não, quer dizer. Tudo bem, eu gosto. É que só o meu pai me chama assim — começo a rir pela expressão que ele fez.

— Tá bom, eu sou a Thamy.

— Tipo a Thamy Kingston? A menina youtuber que se tornou um ícone da música?

— Hã... talvez! – ele sorri sem acreditar.

— Tá bom então vamos comer, espero que goste de sushi!

— Pra falar a verdade eu nunca come sushi. E sei lá, nunca tive vontade de comer peixe cru — faço cara de desgosto. 

— É a melhor coisa do mundo. Vocês ingleses não comem esse tipo de coisa?

— Não sei os outros, mas eu não.

— Legal! Hoje é o seu dia de sorte...  Então o que vocês fazem de bom na Inglaterra pra passar o tempo? 

Passamos o resto do dia conversando, Collin teve a brilhante ideia de me mostrar a cidade e todos os lugares que ele frequentava. Ele é bem radical e detesta ficar parado, me senti uma pessoa acomodada perto dele.

De alguma maneira bizarra eu estava começando a me sentir diferente, e até mesmo livre. Quando cheguei em Nova Iorque eu sabia que levaria um tempo para me acostuma com tudo e começar a me soltar, agora percebo que estava faltando era alguém. Algumas vezes nos sentimos acomodados em fazer coisas, e tudo que precisamos para apreciar os lugares ou coisas diferentes é de uma companhia perfeita. Alguém pra nos  motivar e arrancar nossa melhor gargalhada mesmo que o mundo esteja em caus. Esteja aberto para experimentar coisas novas e para que um Collin apareça na sua vida.

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Você Me Deu OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora