Capítulo 13

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Há uma semana atrás se de repente a gente sentasse pra conversar, e você me dissesse que hoje eu estaria dirigindo por aí que nem um louco ao lado da garota mais rica da cidade. Eu provavelmente iria rir e dizer que isso é uma loucura. Sinceramente, nesses dois dias que eu passei com Thamy, eu já não sei mais quem eu sou. Outro dia eu a vi chegar na escola e pensei no quão idiota e sem graça ela era, mas olha só pra gente agora. Todas suposições foram jogadas por terra, e agora nós estamos sendo dois jovens bizarros e empolgados.

Olho pra Thamy por um segundo e ela ria tanto do nosso duelo que chegava a descer lágrimas do canto de seus olhos. Aquela risada me deixou feliz, e por um momento eu reparei que mesmo eu sendo um cara durão às vezes e completamente estranho, eu ainda tenho a capacidade de fazer alguém sorrir. Fazia bastante tempo que isso não acontecia comigo, no fundo algo inexplicável começou a surgir e talvez eu sabia o que era, mas eu jamais permitiria que esse algo viesse a tona. Seja lá o que isso for, eu não estou pronto pra enfrentar um novo capítulo da minha vida.

Acho que nunca fui chegado a mudanças, porque sempre que algo digerente acontecia, consequentemente eu podia esperar a coisa ruim. Muito previsível, né? Eu sei. E foi por isso que me acostumei com a rotina, eu já sabia ou tinha noção do que aconteceria. Mas agora a Thamy está mudando tudo, ela é tão mandona. Ela está gritando aqui "viva! Seja livre e feliz.", e eu estou rindo forçado. Ela diz "liberte-se do amanhã", e eu estou pensando no que que vai acontecer em seguida.

Eu sei que se eu fechar os olhos e cantar bem alto, eu vou me esquecer de tudo. Eu vou voar para bem longe e não vou querer voltar. Isso é bom, incrível na verdade. Porém existe minha teoria do apego, me acostumar com momentos passageiros com pessoas passageiras é ação proibida. Entregar-me a esse desejo será um caminho sem volta. Não posso me agarrar ao novo e desconhecido, a uma garota patricinha da escola. Mesmo ela aparentando ser uma garota legal e cheia de alegria, eu não quero me agarrar a ela porque ainda não sei qual é o motivo dela está sendo tão incrível pra mim.

Ninguém com muitos amigos e tendo tudo que quer, se aproxima de pessoa como eu sem um motivo maior. Eu ainda não saquei o que ela realmente quer, mas vou descobrir, e enquanto não descubro eu não vou perder a oportunidade de me arriscar pelo menos uma vez na vida. E então decidir que se ela quer jogar comigo, por que não posso jogar com ela também? Vamos vê quem vai sair ganhando nessa história.

Paro o carro em frente uma sorveteria e ela me encara.

- Você não está pensando em tomar sorvete, né?

- Por... quê não? - pergunto pausadamente.

- É que eu não tomo sorvete...

Ela tá brincando, né?

- O quê? Como assim você não toma sorvete?

- É que tem gordura, açúcar e você sabe, isso destrói o corpo de uma mulher!

É claro que ela é dessas.

- Pensei que você fosse diferente.

- Diferente?

- É, diferente daquelas patricinhas metida a besta que não pode comer nada se não morri.

- Eu não sou assim - se defende.

- A não? Não foi isso que pareceu quando você disse: gordura e açúcar destrói o corpo de uma mulher! - tento imitar a voz dela. - Sabe quem você me lembrou?

- Quem?

- Zooy Cárter - pronuncio o nome da idiota revirando meus olhos e fazendo cara de desgosto.

Você Me Deu OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora