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Há uma semana atrás se de repente a gente sentasse pra conversar, e você me dissesse que hoje eu estaria dirigindo por aí que nem um louco ao lado da garota mais rica da cidade. Eu provavelmente iria rir e dizer que isso é uma loucura. Sinceramente, nesses dois dias que eu passei com Thamy, eu já não sei mais quem eu sou. Outro dia eu a vi chegar na escola e pensei no quão idiota e sem graça ela era, mas olha só pra gente agora. Todas suposições foram jogadas por terra, e agora nós estamos sendo dois jovens bizarros e empolgados.
Olho pra Thamy por um segundo e ela ria tanto do nosso duelo que chegava a descer lágrimas do canto de seus olhos. Aquela risada me deixou feliz, e por um momento eu reparei que mesmo eu sendo um cara durão às vezes e completamente estranho, eu ainda tenho a capacidade de fazer alguém sorrir. Fazia bastante tempo que isso não acontecia comigo, no fundo algo inexplicável começou a surgir e talvez eu sabia o que era, mas eu jamais permitiria que esse algo viesse a tona. Seja lá o que isso for, eu não estou pronto pra enfrentar um novo capítulo da minha vida.
Acho que nunca fui chegado a mudanças, porque sempre que algo digerente acontecia, consequentemente eu podia esperar a coisa ruim. Muito previsível, né? Eu sei. E foi por isso que me acostumei com a rotina, eu já sabia ou tinha noção do que aconteceria. Mas agora a Thamy está mudando tudo, ela é tão mandona. Ela está gritando aqui "viva! Seja livre e feliz.", e eu estou rindo forçado. Ela diz "liberte-se do amanhã", e eu estou pensando no que que vai acontecer em seguida.
Eu sei que se eu fechar os olhos e cantar bem alto, eu vou me esquecer de tudo. Eu vou voar para bem longe e não vou querer voltar. Isso é bom, incrível na verdade. Porém existe minha teoria do apego, me acostumar com momentos passageiros com pessoas passageiras é ação proibida. Entregar-me a esse desejo será um caminho sem volta. Não posso me agarrar ao novo e desconhecido, a uma garota patricinha da escola. Mesmo ela aparentando ser uma garota legal e cheia de alegria, eu não quero me agarrar a ela porque ainda não sei qual é o motivo dela está sendo tão incrível pra mim.
Ninguém com muitos amigos e tendo tudo que quer, se aproxima de pessoa como eu sem um motivo maior. Eu ainda não saquei o que ela realmente quer, mas vou descobrir, e enquanto não descubro eu não vou perder a oportunidade de me arriscar pelo menos uma vez na vida. E então decidir que se ela quer jogar comigo, por que não posso jogar com ela também? Vamos vê quem vai sair ganhando nessa história.
Paro o carro em frente uma sorveteria e ela me encara.
- Você não está pensando em tomar sorvete, né?
- Por... quê não? - pergunto pausadamente.
- É que eu não tomo sorvete...
Ela tá brincando, né?
- O quê? Como assim você não toma sorvete?
- É que tem gordura, açúcar e você sabe, isso destrói o corpo de uma mulher!
É claro que ela é dessas.
- Pensei que você fosse diferente.
- Diferente?
- É, diferente daquelas patricinhas metida a besta que não pode comer nada se não morri.
- Eu não sou assim - se defende.
- A não? Não foi isso que pareceu quando você disse: gordura e açúcar destrói o corpo de uma mulher! - tento imitar a voz dela. - Sabe quem você me lembrou?
- Quem?
- Zooy Cárter - pronuncio o nome da idiota revirando meus olhos e fazendo cara de desgosto.
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Você Me Deu Olhos
Romance"A gente precisa aprender abrir mão das coisas que amamos" Para Teodoro Waller um jovem inglês de dezessete anos, isso era uma bobeira. Até ele ser diagnosticado com melanoma ocular quando tinha apenas doze anos de idade. Porém aprender a conviver...