Capítulo 24

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Capítulo dedicado a Sharlene_Valentina obrigada pelo carinho e por se divertir!

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Ao longe, dentro da minha cabeça, ouço ecoar chiados, passos, pessoas falando, máquinas apitando e o tic-tac do relógio. Meus nervos se contraem enquanto me esforço para tomar a consciência. Juro que se eu me concentrar posso ouvir o barulho das rodinhas das macas e o choro das famílias no corredor. É um tormento acordar em um hospital com o corpo imobilizado prezo a fios.

Quando consigo abrir os olhos tenho a visão do holter¹ e os fios de soro. A visão não é boa, parece que o teto vai cair sobre mim, e é tudo bastante embaçado. Ergo-me lentamente até consegui me sentar por completo. Todos os meus ossos parecem que vão se partir, de tanto que doem. Mesmo assim me mantenho sentado tentando identificar de quem é a silhueta no canto do quarto. Aos poucos vejo-a se mexer e vim em minha direção, encolho-me incerto.

— Téo eu estava desesperada, ainda bem que você acordou — me abraça apertado. — Você consegue me reconhecer? Sabe quem eu sou?

— Jane, o que... aconteceu? — digo devagar, minha garganta doi só de pensar em dizer algo. 

— Você sofreu um acidente querido. Mas agora está tudo bem. A sua mãe está falando com o seu pai e...

— Ela ligou pra ele? — digo por cima da  voz dela. Falar doía, mas agora pouco me importo. — Por quê que ela ligou pra ele? 

— Téo, ela estava muito preocupada. Você sabe quê...

— Ata! Como se falar com o meu pai fosse resolver alguma coisa. Por favor, só não me fala que ele veio até aqui por minha causa — digo enquanto volto a me deitar, estava insuportável aquela posição. Jane me ajuda a ficar acomodado, ela acaricia meus cabelos e nada diz. — Ele não pode vim aqui por minha causa, Jane.

— Téo você se machucou, e nós ficamos desesperados. Ligamos para todos que te ama e se preocupa com você. E se você não sabe, todos estavam assustado na sala de espera — ela diz se afastando e dizendo com bravesa. — Talvez você não saiba mas ele se importa muito com você...

Ela para de falar assim que a porta é aberta. Jane se vira e eu consigo visualiza meus pais entrando juntos naquele quarto. Ainda não consigo entender o sentimento que tomou conta de mim, mas foi algo que fez minhas pernas tremer e meu coração bater mais rápido. Como eu queria chorar e bater com um taco de beisebol até consegui parti-lo ao meio.

— Ah! Finalmente você acordou — a mamãe veio ao meu encontro e pôs em cima de mim. — Como se sente?

— Estou bem, eu tô bem mãe! — digo sendo esmagado por ela.

— Eu fiquei com tanto medo de perder você, Téo. Tem certeza que está tudo bem? — ela agora se levantou e segura o meu rosto entre as mãos. Ela se esforça para não encostar em nenhum fio.

— Juro que estou bem.

— Então quer me contar o que aconteceu? Vocês queriam se matar, é?

— Mãe, é, desculpas eu... — de repente eu senti o peso do mundo em minhas costas. Maldita hora em que escolhi para soltar a bomba. — Você tinha razão, eu deveria ter contado pra ela enquanto estávamos seguros em terra firme.

— Ah querido! — ela segurou minha mão. — Não precisa se preocupar, ela ficou bem, já foi para casa se recuperar.

Respiro aliviado. Pelo menos nenhum de nós morremos.

Você Me Deu OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora