Capítulo dedicado a Sharlene_Valentina obrigada pelo carinho e por se divertir!
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Ao longe, dentro da minha cabeça, ouço ecoar chiados, passos, pessoas falando, máquinas apitando e o tic-tac do relógio. Meus nervos se contraem enquanto me esforço para tomar a consciência. Juro que se eu me concentrar posso ouvir o barulho das rodinhas das macas e o choro das famílias no corredor. É um tormento acordar em um hospital com o corpo imobilizado prezo a fios.
Quando consigo abrir os olhos tenho a visão do holter¹ e os fios de soro. A visão não é boa, parece que o teto vai cair sobre mim, e é tudo bastante embaçado. Ergo-me lentamente até consegui me sentar por completo. Todos os meus ossos parecem que vão se partir, de tanto que doem. Mesmo assim me mantenho sentado tentando identificar de quem é a silhueta no canto do quarto. Aos poucos vejo-a se mexer e vim em minha direção, encolho-me incerto.
— Téo eu estava desesperada, ainda bem que você acordou — me abraça apertado. — Você consegue me reconhecer? Sabe quem eu sou?
— Jane, o que... aconteceu? — digo devagar, minha garganta doi só de pensar em dizer algo.
— Você sofreu um acidente querido. Mas agora está tudo bem. A sua mãe está falando com o seu pai e...
— Ela ligou pra ele? — digo por cima da voz dela. Falar doía, mas agora pouco me importo. — Por quê que ela ligou pra ele?
— Téo, ela estava muito preocupada. Você sabe quê...
— Ata! Como se falar com o meu pai fosse resolver alguma coisa. Por favor, só não me fala que ele veio até aqui por minha causa — digo enquanto volto a me deitar, estava insuportável aquela posição. Jane me ajuda a ficar acomodado, ela acaricia meus cabelos e nada diz. — Ele não pode vim aqui por minha causa, Jane.
— Téo você se machucou, e nós ficamos desesperados. Ligamos para todos que te ama e se preocupa com você. E se você não sabe, todos estavam assustado na sala de espera — ela diz se afastando e dizendo com bravesa. — Talvez você não saiba mas ele se importa muito com você...
Ela para de falar assim que a porta é aberta. Jane se vira e eu consigo visualiza meus pais entrando juntos naquele quarto. Ainda não consigo entender o sentimento que tomou conta de mim, mas foi algo que fez minhas pernas tremer e meu coração bater mais rápido. Como eu queria chorar e bater com um taco de beisebol até consegui parti-lo ao meio.
— Ah! Finalmente você acordou — a mamãe veio ao meu encontro e pôs em cima de mim. — Como se sente?
— Estou bem, eu tô bem mãe! — digo sendo esmagado por ela.
— Eu fiquei com tanto medo de perder você, Téo. Tem certeza que está tudo bem? — ela agora se levantou e segura o meu rosto entre as mãos. Ela se esforça para não encostar em nenhum fio.
— Juro que estou bem.
— Então quer me contar o que aconteceu? Vocês queriam se matar, é?
— Mãe, é, desculpas eu... — de repente eu senti o peso do mundo em minhas costas. Maldita hora em que escolhi para soltar a bomba. — Você tinha razão, eu deveria ter contado pra ela enquanto estávamos seguros em terra firme.
— Ah querido! — ela segurou minha mão. — Não precisa se preocupar, ela ficou bem, já foi para casa se recuperar.
Respiro aliviado. Pelo menos nenhum de nós morremos.
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Você Me Deu Olhos
Romance"A gente precisa aprender abrir mão das coisas que amamos" Para Teodoro Waller um jovem inglês de dezessete anos, isso era uma bobeira. Até ele ser diagnosticado com melanoma ocular quando tinha apenas doze anos de idade. Porém aprender a conviver...