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Finalmente o dia do concurso, eu estava tão nervosa que parecia que meu coração iria sair pela boca. Eu havia mastigado tanto a almofada do meu dedo polegar que agora saía sangue, meu estômago revirava e minhas mãos suavam.
Eu sinto como se esse fosse o dia mais empolgante e assustador da minha vida, queria que o Téo estivesse aqui pra mim acalma e me dizer que tudo ficará bem. Meu coração doi só de pensar nele e me faz querer desistir de tudo e ficar dentro do quarto chorando. Essa sensação é tão chata. É horrível sentir falta de alguém e saber que ela não vai estar aqui pra preencher o vazio que você sente quando ela está longe. Ontem eu tentei fazer o possível pra não ficar pensando muito em nós, porque só de falar o nome dele meus olhos já se transborda de lágrimas. Funcionou por durante as horas que o Pitter decidiu me levar pra jantar no Tantra, por um segundo pensei que dali pra frente não seria tão doloroso me lembrar dele, porém foi pior. Eu não posso chorar hoje, não vai ser nada legal chegar em um ginásio onde você vai fazer um concurso que irá praticamente definir a sua vida com os olhos inchados e roxo de tanto chorar. Mas não consigo conter as lágrimas, é como se uma parte de mim tivesse sido levada embora pra longe e tudo que me restou foi um vazio imenso, e uma dor que nada no momento consegue alivia-la.
— Que merda Thamy! — falo me encarando no espelho já sentindo as lágrimas descerem novamente.
— Ei, nada de lágrimas hoje. Acalme-se, vai da tudo certo! — Marissa limpa minhas lágrimas com o seu polegar. — Você estava pensando nele, né?
— O tempo todo — aperto os lábios com força. — Às vezes sinto que nunca vou conseguir esquece-lo.
— O quê? Você quer mesmo esquecer o amor da sua vida? Qual é Thamy!
— Não nesse sentido. Eu quero esquecer o que aconteceu com ele, esquecer que ele não vai mais voltar pra mim, esquecer que ele não estar mais aqui comigo. Isso que eu quero esquecer.
— Linda, você não tem que esquecer o que aconteceu, você precisa superar a perda. A gente não deve esquecer algo que nos faz triste, mas sim superar aquilo. Quando você supera, você fica bem — ela sorrir exibindo seus belos dentes, eu fico admirada de como as pessoas negras tem dentes tão perfeitos.
— Obrigada Marissa! — ela me abraça apertado.
— Eu te amo, e você vai ficar bem! Eu sei que é difícil passar por isso, eu já passei pela mesma situação com o meu primeiro namorado... — olho espantada pra ela.
— Sério?
— Sim. Nós não era só namorados, éramos também melhores amigos desde que nascemos. E sempre fomos apaixonados um pelo outro e a um ano atrás a gente sofreu um acidente de carro, eu estava dirigindo e aí perdi o controle. O James tinha uma mania muito grande de andar sem sinto de segurança, eu sempre brigava com ele, mas naquele dia eu não briguei porque não iríamos pegar pista, estávamos só andando dentro da cidade. Mas mesmo assim eu fui tentar desviar de uma maldita vaca e acabei perdendo o controle e o meu carro bateu em uma ponte... — ela respira fundo e abaixa a cabeça mexendo em seus dedos. — Ele morreu na hora e eu passei pelos os dias seguintes carregando a culpa que tinha matado meu melhor amigo e o amor da minha vida. Cheguei a ficar deprimida por um bom tempo, foi muito difícil pra mim... Você vê aquela pessoa com você alguns minutos e depois vê que ela já não estar mais ali é muito... pesado e eu não sabia como lidar. Aí meses depois eu encontrei o Pitter, eu odiava ele no começo, mas depois me apaixonei e foi a onde eu fiquei bem.
— Mas como conseguiu ficar bem assim? Tudo pelo Pitter?
— O Pitter me ajudou bastante, mas a verdade foi que eu deixei o James ir. Havia passado muito tempo tentando manter ele comigo e esqueci que a vida continua. Tudo bem lembrar das pessoas que se foram, tudo bem chorar e sentir saudade delas. Mas você não pode deixar isso ditar a sua vida, não pode se lamenta pra sempre e nem se culpa. Pessoas vem e vão, e a vida continua. Se você ficar parado se lamentando a vida vai passar e você vai perder tudo, aí sim vai ser uma merda, pode crê!
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Você Me Deu Olhos
Romance"A gente precisa aprender abrir mão das coisas que amamos" Para Teodoro Waller um jovem inglês de dezessete anos, isso era uma bobeira. Até ele ser diagnosticado com melanoma ocular quando tinha apenas doze anos de idade. Porém aprender a conviver...