Capítulo 5

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Com a chegada do Conselho, me reuni com Arthur, Merlin, Pym, Guinevere e alguns outros guerreiros de sua tripulação. Entre outros assuntos, avaliaríamos nosso plano novamente. Aparentemente, ele não agradava nenhum dos presentes - mesmo que tivesse agradado a quase todos na semana anterior.

- Deveríamos atacar o Rei do Gelo agora. Suas defesas certamente estão enfraquecidas. Depois que o derrotarmos, partimos para o castelo. Sem reis que apoiem os Paladinos, sem Paladinos. - Guinevere propôs.

- Eles certamente estão esperando que ataquemos agora. Deveríamos nos preparar por enquanto e depois atacarmos. Nosso exército ainda é pequeno comparado ao deles. - Arthur sugeriu.

- Se não chegarmos logo, eles vão vir nos buscar, e será pior para nós. - Guinevere rebateu - Nosso exército pode ser pequeno, mas é bem treinado. Além disso temos o Monge Choroso, com as suas técnicas poderíamos acabar com todo aquele acampamento em horas.

- Outro problemas que precisamos debater. - Pym disse.

- Vamos com um de cada vez. - disse - Não estamos preparados o suficiente para atacar, é verdade. Mas temos um bom exército. As defesas dos Reis devem se fortalecer por enquanto, então eu sugiro que esperemos um pouco. Podemos atracar em outra parte da ilha para buscar suprimentos e treinarmos arquearia, e quando eles abaixarem a guarda, atacamos.

- Eu passei anos na corte do Rei. Ele não vai abaixar a guarda tão cedo. Precisamos contar com os nossos guerreiros, que não vão aprender técnicas em uma semana. Mas quanto mais esperarmos, mais ele pode aumentar o seu exército e conquistar novas terras. Precisamos atacar o mais rápido possível, mas com os recursos certos. - Merlin disse.

- Parece o ideal. Alguém se opõe? - perguntei.

Ninguém se opôs. Tentei encerrar o Conselho, mesmo sabendo que tínhamos um assunto pendente. Se tocássemos nele, seria a última vez.

- Nimue, você está evitando falar sobre o Monge por semanas. Ele quase nos mata e ganha um passe livre para entrar no nosso navio? - Pym perguntou, indignada.

- Ele é um dos nossos melhores instrumentos. Melhor tê-lo aqui do que lá fora. - Merlin disse.

- E ele é feérico como todos nós. Eu já estive na mesma situação dele. Ninguém confiava em mim, exceto um bando em uma carroça que conseguiu me transportar até Gramaire de forma segura. Além disso, ele arriscou sua própria vida para salvar Percival. Certamente teria morrido se eu não tivesse o salvado a tempo.

- E o que o impede de continuar matando pessoas? Ele já matou outros da sua própria espécie, não seria surpresa se ele voltasse a fazer isso. - Arthur disse.

- Ele mudou, eu sinto isso. - respondi.

- E você sentir alguma coisa ou não é garantia, agora? - Arthur disse, com certa ironia.

Encarei séria à todos os presentes.

- Ele precisa de ajuda e eu não vou medir esforços pra isso. É a última vez que eu toco nesse assunto. - disse.

- Se ele representar o mínimo perigo pra qualquer um daqui, pode ter certeza que eu enfio uma lança em seu pescoço. - Guinevere disse - Do contrário, ele pode ser o nosso melhor aliado. Vocês ficam chocados porque não precisam fazer aliados pelos sete mares. Se vocês descobrissem o passado de alguns membros dessa tripulação, já teriam saído correndo.

- Ele não vai representar perigo, acredite em mim. Conselho encerrado. - declarei.

Todos se retiraram da sala, sobrando apenas Arthur e eu.

- Nimue, o que foi isso? - ele perguntou.

- O quê? - perguntei.

- Está defendendo um assassino da sua própria espécie. Espero que saiba o que está fazendo.

- Arthur, você se arrependeu da sua vida de ladrão e agora é um dos melhores soldados. Por que ele não pode ter a mesma chance?

- A diferença é que você conhece o meu coração, e eu nunca tentei te machucar.

- Eu conheço e eu lembro que você me apoiava, mas agora tudo está diferente. Você está mais próximo de outras pessoas do que mim mesma. Sempre que estamos juntos, você toca nesse assunto, e nem conversamos mais direito. O que é tudo isso?

Ele suspirou, começando a andar em círculos.

- E eu sinto que você está se afastando. Você voltou diferente, tudo o que pensa agora é sobre vingar o seu povo e cuidar do hóspede.

- E não é isso que uma rainha precisa fazer?

Ele permaneceu em silêncio, deu algumas voltas ao redor da sala, até parar na minha frente e finalmente dizer alguma coisa.

- Talvez devêssemos dar um tempo. Não estamos mais funcionando juntos. - ele disse.

- Penso o mesmo. - respondi.

Não era fácil ter respondido aquilo. Por mais que nossa relação tivesse se tornado mais fraca, eu ainda sentia alguma coisa, ele ainda era especial para mim, e eu desejava que as coisas pudessem continuar como antes. Mas elas simplesmente não podiam, e era melhor dar um tempo logo no início do que esperar que as coisas ficassem verdadeiramente ruim para desistirmos. Além disso, eu não via razão em implorar para tentar novamente com alguém se a pessoa não estava interessada.

Seguimos em direções opostas, e eu fiquei um pouco desnorteada pela emoção. Entrei em uma sala de bebidas, sentei no chão com uma garrafa de rum e comecei a beber, tentando aliviar o nervoso que eu tinha passado antes. Pouco tempo depois, ouvi a porta se abrir e alguém entrando.

Hurricane | NimulotOnde histórias criam vida. Descubra agora