Hurricane | Nimulot

Capítulo 26

- O quê? - perguntei, ainda sem entender seu eu tinha ouvido direito. Foi como um arrepio enorme descendo a minha espinha, borboletas no estômago, tudo ao mesmo tempo.

- Quero te ter como minha esposa. O que me diz? - ele perguntou.

Eu não tinha dúvidas em relação à minha resposta. Mesmo há algumas semanas atrás, já fantasiava com esse momento. Ele era meu arco-íris depois da tempestade, a única pessoa para quem eu sempre abaixava a guarda e me permitia ficar vulnerável ao redor. E eu o amava, e sentia que ele me amava também.

- Sim! Sim, eu aceito! - disse, mal segurando meu entusiasmo.

Sorrimos e selamos o pedido com um beijo. Em seguida, unimos nossas frontes e ficamos processando o que havia acabado de acontecer.

E era essa a cena que passava várias vezes pela minha mente, enquanto me arrumava para a cerimônia. Usava um vestido branco, um pouco armado, e uma coroa de flores na cabeça. A ansiedade e o nervosismo tomavam conta de mim a cada segundo, e vários pensamentos sobre o meu futuro começavam a me atormentar.

- Por que parece tão introspectiva? Se eu estivesse no seu lugar, já estaria soltando faíscas desde a hora em que eu acordei. - Pym disse. - Não me diga que está tendo segundos pensamentos.

- Não, de forma alguma. - respondi prontamente. - É só que... eu não sei o que ele espera de mim como esposa. É uma coisa um pouco estúpida, mas...

- Eu te entendo completamente. Vocês já estão juntos há um bom tempo, e devem se amar pelo que são. Se você estiver disposta a estar do lado dele e amá-lo, é o suficiente. Tenho certeza que você vai ser uma esposa incrível.

Sorri, refletindo sobre o que ela havia acabado de falar.

- Agora vamos, todos já devem estar te esperando. - ela disse.

Desci as escadas e me encontrei em um salão completamente decorado com flores e folhas. Não estávamos na floresta, mas era como se estivéssemos. Senti minhas bochechas queimarem com o olhar de todos sobre mim, o coração batendo mais rápido que um tambor e minhas mãos tremendo. Ao longe, conseguia ver Merlin e Lancelot, com os olhos fixos em mim.

Caminhei até os dois, sentindo o cheiro do incenso que queimavam para purificar o ambiente. Merlin começava a invocar a presença de Deuses e ancestrais, mas toda a minha atenção era voltada ao homem à minha frente, meu futuro esposo. Ele usava roupas escuras, com a pele de um animal sobre os seus ombros. Além disso, não desviava os seus olhos dos meus nem por um segundo. Quando demos nossas mãos e elas forem unidas por uma fita, percebi que ambos tremíamos um pouco, o que era de certa forma, reconfortante.

- Lancelot, você jura apoiar, honrar e amar essa mulher perante os Deuses? - Merlin perguntou.

- Eu juro. - respondeu.

- Nimue, você jura apoiar, honrar e amar esse homem perante os Deuses?

- Eu juro. - respondi.

Então, ele trouxe uma almofada com alianças, que deslizamos pelos nossos dedos.

- E agora vocês estão casados!

Nos unimos em um beijo longo e calmo, como se não houvessem dezenas de pessoas nos assistindo e comemorando em alto e bom tom. Agora ele não era um Rei apenas para mim, mas para o nosso povo também. Governaríamos lado a lado, até o fim de nossas vidas.

Pétalas de flores caíam do segundo andar do palácio, e várias vozes gritavam "vida longa ao Rei". Lancelot mantinha sua cabeça erguida, um sorriso nos lábios e um brilho em seus olhos, como um herói. Um dia definitivamente seríamos lembrados, e eu esperava guardar essa imagem para sempre.

- E para a Rainha também. - disse, sussurrando.

- E à toda a magia que nos trouxe até aqui. - completei.

Lancelot tinha chegado como um furacão na minha vida, me fazendo questionar tudo o que eu achava que sabia sobre eu mesma e os outros. E honestamente, eu não poderia ser mais grata por isso. Dançamos até tarde da noite, e quando a celebração se encerrou, seguimos para o nosso quarto.