Capítulo XVII

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Georgiana Young tinha a face mais rosada, os cabelos penteados à moda da época e o caminhar elegante de uma moça que treinara bastante para alcançar a perfeição. A tudo Ophelia observava e admirava; a amiga encontrava-se de bom humor àquela tarde, animada por ter recebido a visita da Srta. Stanhope. Antes, felicitou-a por mais um ano de vida e abraçou-a carinhosamente.

— Percebo que está mais feliz hoje, Georgiana — apontou Ophelia. — O que a anima tanto?

— Ora, Ophelia, acaso não sou animada?

— Conheço bem o seu gênio para saber que não — riu a outra.

— Tem razão — divertiu-se Georgiana. — Você realmente me conhece.

— E, então? — insistiu a ansiosa Ophelia. — O que houve?

— Hoje tive em minha casa a visita do Sr. Collins.

— Phillip Collins?

Para quem era de Hampshire e estava ciente dos acontecimentos da região, não precisava ser muito inteligente para saber que há anos o Sr. Phillip Collins vinha a tentar cortejar a bela Georgiana Young. Há anos o rapaz dava suas investidas frustradas, recebendo apenas o desprezo da herdeira Young. Acontece que, após debutar, Georgiana notara que sua vida ostensiva tinha muitas vantagens, não apenas em questão de luxos, mas, também, em questão de independência. Ser uma moça rica e solteira não acarretaria em uma posição lamentável, tampouco amargurada. Georgiana percebera que seria muito mais feliz sozinha, ao invés de casar-se com qualquer paspalho antipático. Assim sendo, colocara em sua mente que a geração Young — por parte dela — seria extinta quando ela partisse da Terra. Viveria no conforto de sua adorável solteirice.

— Acredita que aquele insolente tivera a audácia de propor-me? — disse, em tom sarcástico. — E ainda rogou-me pragas após tê-lo negado.

— E por que ele rogou-lhe pragas? — Ophelia perguntou, mas sabia muito bem o quanto a personalidade hostil de Georgiana poderia causar danos àqueles que as sentisse pessoalmente.

— Devo ter sido um tanto indelicada — dissimulou tristeza. — Oh, pobre Phillip! Não aguentou eu ter-lhe dito que preferia casar-me com o diabo do que me tornar a futura Sra. Collins.

— Você é terrível!

— Confesso que não precisava ter sido rude com o cavalheiro. Acontece que a insistência, após receber três nãos, irritou-me terrivelmente. Quando vi, já havia falado isso e o pobre saiu igual um cãozinho humilhado. Serei madura o bastante para pedir-lhe desculpas, assim que eu conseguir parar de rir ao lembrar da cena.

A moça Young desatara a rir, arrancando lágrimas dos olhos. Ophelia riu discretamente, mas ainda sentia compaixão pelo rejeitado Sr. Collins. Não que ela acreditasse que o rapaz fosse o cavalheiro ideal para sua amiga; porém, com uma recusa tão severa, achou que se apiedar daquele enamorado frustrado era o correto.

— Oh, antes que eu me esqueça! — exclamou Georgiana, repentinamente. — Entremos em casa para eu entregar-lhe o seu presente.

— Georgiana, eu a pedi para não comprar nada.

— Todo ano você pede a mesma coisa, e eu não a obedeço. Aprenda, querida: não sou uma mulher de acatar ordens, ainda mais quando tenho fixado algo na cabeça.

— Não sei como ainda não aprendi isso — revirou os olhos.

As duas saíram do jardim de Gardenfield Park e adentraram a bela residência. Desde o primeiro dia em que Ophelia estivera ali, os Young já haviam modificado três vezes a decoração do ambiente. Conforme a moda modificava-se, os Young as seguiam com rigor.

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