Capítulo XXIV

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Conforme o período adequado, Emma Stanhope dera à luz ao seu primeiro filho, uma semana após o nascimento da filha de Cassandra e August, cujo nome ainda era um segredo aos moradores de Hampshire. Enquanto a cunhada repousava, Ophelia tinha em seus braços o seu sobrinho, que seria batizado de George, em homenagem ao avô. O reverendo não poderia estar mais feliz pela chegada de uma criança à família para abençoar o caminhada da nova geração. Thomas, pela primeira vez que Ophelia recordava-se, havia chorado de emoção com o nascimento de seu pequeno fruto. A moça refletiu sobre as atitudes dos novos pais: de um lado, August, tratando a linda ocasião com tanta frieza; do outro, o sempre sério Thomas, a se desfazer em lágrimas.

Naquela tarde, Georgiana Young fora fazer uma visita à nova mãe, trazendo-lhe presentes a ela e à criança. As grandes amigas ficaram com o bebê, na sala de visitas; assim Thomas pôde cuidar da esposa, no dormitório; e o Sr. Stanhope ficara em sua casa, a fim de descansar da noite passada, na qual seu neto escolhera justamente a madrugada para chegar. Desta forma, Ophelia e Georgiana ficaram com a função de paparicar o recém-chegado ao mundo.

— Não é lindo? — sorriu a radiante titia.

— Não tenho certeza — respondeu a crítica Georgiana. — Recém-nascidos são todos iguais.

— Ora, Georgiana! — censurou-a a outra. — Quando você tiver o seu, jamais dirá que é igual aos outros.

Se um dia vier a ter, querida. O matrimônio e a construção de uma família já não são prioridades para mim.

— Apenas o baile, para a princesa livrar-se da prisão.

— Não ouse zombar de mim!

As duas riram, controlando o volume da voz para não acordar o indefeso George. Ambas recuperaram na memória momentos de outrora, no qual Georgiana Young não passava de uma mocinha superprotegida pelos pais e almejava sua liberdade. Quando a teve, deixou seu papel de dama gentil, para dar lugar a uma dama determinada. Parecia que todos haviam mudado, de acordo com as suas convicções.

— Estão todos falando sobre sua eficiência para salvar o bebê dos Blackall — apontou Georgiana, orgulhosa. — Não se fala em outra coisa! Bem... Também se comenta algo, que, provavelmente, você não irá gostar de saber.

— O quê? — indagou Ophelia.

— Dizem que o bebê prematuro não é prematuro, de fato. — Georgiana coçou a ponta da orelha, disfarçando seu escárnio. — Dizem que o casamento aconteceu de forma precipitada, pois a noiva já estava grávida.

Embalando George em seus braços, Ophelia não parecia surpresa ou indignada diante dessas suposições e dos mexericos.

— As pessoas dizem muito.

— É só isso? — investigou a incrédula Georgiana. — Por que sinto que você já sabia disso?

— Das fofocas?

— Não! Do bebê prematuro não ser prematuro.

— Pare de chamá-lo assim.

— Ora, ninguém sabe o nome do pequeno Blackall...

— Mas não precisa chamá-lo de prematuro!

— Você está escondendo-me alguma coisa. — A Srta. Young examinou sua amiga, semicerrando os olhos. — Então, não são boatos? De fato, não era um bebê prematuro.

— O que sei, Georgiana, é que o bebê está saudável — finalizou Ophelia. — Isto basta!

Desconfiada, Georgiana não insistiu mais naquela conversa, porém não precisava de uma resposta: estava nítido de que os boatos não eram tão infundados. Caso contrário, a reação de Ophelia não seria tão contida e misteriosa. Preferiu abandonar as especulações, pois nada tinha com a família Blackall, tampouco seus problemas.

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