Capítulo XLV

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Para não haver mais dúvidas, Ophelia e Frederick finalmente consumaram o matrimônio. Nove meses depois da consumação, viera o fruto do amor. Na verdade, dois frutos. Ophelia gerara gêmeos: um menino e uma menina. O primeiro recebera o nome do pai; a segunda a nascer homenagearia a avó materna, Edith.

Frederick, ao segurar seus filhos, devotou ainda mais sua esposa por tê-lo presenteado com uma família completa. Ao lado de Ophelia, sentou-se para harmonizar ainda mais aquele abençoado momento. A nova mãe segurava o pequeno Fred; o entusiasmado pai, a doce Edith. As crianças eram recentes, mas o amor paterno e materno já se enchia de júbilo desde o descobrimento da gravidez.

Frederick Blackall beijou sua esposa; ela, por sua vez, retribuiu o carinho por meio de um sorriso cativante.

— São nossos filhos — emocionou-se Fred, alinhando sua menininha nos braços. — Eu não acredito que sou pai.

— E será o melhor, Fred. Sei que se esforçará para isso acontecer.

— Olhe para você, Sra. Blackall — brincou, jovialmente. — É mãe de duas criaturinhas inocentes e frágeis. Estou curioso para presenciá-la sendo uma mãe excepcional aos nossos filhos. Sei que irá perpetuar os ensinamentos do Sr. George. Nossos filhos serão cultos e muito reflexivos, assim como a mãe o é.

— Não me pressione, Fred — riu Ophelia. — Não crie tantas expectativas.

— Sei que são expectativas fáceis de serem alcançadas.

Quanto ao Sr. Blackall e à Sra. Fanny, nunca mais cogitaram na anulação do matrimônio. A prova que precisavam da consumação havia sido gerada duas vezes, em uma única tentativa. Conformados e já acostumados com Ophelia em Southfield Park, pararam de intrigas com a esposa de seu único filho. Com os netos, tentariam ser mais presentes, ao contrário do que haviam feito com a filha de Cassandra. Ophelia desejava que o Sr. e a Sra. Blackall conseguissem ao menos se esforçarem para ter o apreço pelos netos; quiçá, recuperar o tempo perdido com a menina Ophelia, já que tanto a negligenciaram.

Cassandra, ao saber do nascimento dos gêmeos, escreveu uma carta, parabenizando Ophelia e Frederick pelos novos Blackall. Na missiva, dissera:


"Ao Sr. e À Sra. Frederick Blackall

Queridos, tenho em mim toda a alegria e o regozijo pela notícia do nascimento de meus dois sobrinhos. Como desejei que este dia chegasse. Vocês, que desde o início foram tão benevolentes para comigo e para com a minha filha, merecem a bênção do Criador e a felicidade da família.

Em breve, farei uma visita para ajudar você, querida Ophelia. Gostaria de estar por perto para auxiliá-la em seu momento do parto. Sou-lhe grata pelo que fizera por mim e por minha Ophelia; gostaria de retribuir, mesmo conscientizando-me de que jamais teria a coragem de realizar um parto, como você um dia o fizera. Fico maravilhada por Deus tê-la abençoado com duas crias; sou, sinceramente, encantada por tamanho deleite de sua vida, minha amiga querida. O que eu não tive no meu casamento, desejo que você tenha no seu.

Frederick, meu cunhado e irmão, estou-me a imaginar sua expressão parva de um pai orgulhoso e extremante radiante. Era-lhe um sonho a ser realizado, pois, então, felicito-o por isso.

Amados, espero poder revê-los o quanto antes. Ophelia está ansiosa para conhecer os primos, alegre por saber que dois vieram ao mundo. Minha filha está a crescer saudável e muito mais extrovertida do que outrora. É uma menina mais falante e mais esperta. Aqui, em Londres, recebe bons ensinamentos, e tem a companhia dos primos, filhos de meu irmão. Porém, reclama da saudade que tem de vocês e dos amigos Stanhope. Quando lhe contei que iríamos visitar Hampshire, deu pulinhos de euforia.

Aguardem-me, amigos, retornarei a Southfield Park para desejar pessoalmente às boas-vindas ao Frederick e à Edith. Amo-os carinhosamente; ser-lhes-ei uma tia adorável e responsável por mimá-los a cada um.

Com carinho,

Cassandra Blackall."


Thomas e Emma também não pouparam felicitações, extremamente alegres pela crescente família. Thomas abençoou sua irmã caçula, realizado por saber que Ophelia estava, deveras, casada para a prosperidade.

Até mesmo Georgiana escrevera para saudar a novidade, cuja carta fora recebida meses após o nascimento por conta da longínqua viagem que precisou fazer. Na carta, a Srta. Young escreveu sobre sua vida em Nova Iorque, e acrescentou a seguinte mensagem:


"À Sra. Ophelia e ao Sr. Frederick Blackall

Para começar, fui simpática o suficiente para incluir o nome de Frederick nesta missiva. Nova Iorque me faz mais gentil para com o próximo — até mesmo com um Blackall. Segundo, que alegria saber da chegada dos meus sobrinhos de coração. E jamais serão Blackall! Para mim, serão Stanhope: bonitos, inteligentes e saudáveis.

Frederick, parabéns pela paternidade. E só.

Ophelia, minha querida amiga, felicito-a pela maternidade, encantada por ter logo dois pequenos para oficializar a família. Graças a Deus não são dois meninos — sabemos a confusão que poderiam causar.

Com amor, carinho e devoção,

Georgiana Young."


Ophelia e Frederick estavam aos encantos pelos gêmeos. Prometeram não mimá-los, assim como Cassandra havia prometido; tentariam criar seres humanos justos e racionais.

— Não muito racionais — contestou Frederick. — Precisa haver um equilíbrio entre emoção e razão para que não se tornem pessoas frias.

— Precisamos ensiná-los a dosar isso, então — concluiu Ophelia. — Também não podemos deixá-los ser frágeis demais em suas comoções descomedidas.

— Concordo. Tentaremos torná-los seres humanos perfeitos!

— Ora, Fred, ninguém é perfeito — riu Ophelia, divertida com a expressão do marido.

— Eu sei, mas deixe-me fantasiar que meus filhos serão.

— Não fantasie demais, para não se decepcionar depois.

— Prometo controlar-me para não idealizar demasiadamente os nossos pequenos.

— Seremos bons pais, não seremos?

— Os melhores — disse Frederick, beijando sua esposa.

A jornada de Ophelia havia sido concretizada, e percorrera caminhos muito melhores do que aqueles almejados. Dali por diante, novas aventuras a esperavam. E Ophelia não poderia ter sido mais feliz.

A vida era, deveras, uma grande propiciadora de emoções. As esperanças permaneceram para a filha do reverendo, pois ainda existia vida; e, quando há vida, ainda há espaço aos sonhos.

Nem sempre a vida é do jeito que planejamos. Ela pode ser muito melhor.


Fim

Casamento BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora