Para não haver mais dúvidas, Ophelia e Frederick finalmente consumaram o matrimônio. Nove meses depois da consumação, viera o fruto do amor. Na verdade, dois frutos. Ophelia gerara gêmeos: um menino e uma menina. O primeiro recebera o nome do pai; a segunda a nascer homenagearia a avó materna, Edith.
Frederick, ao segurar seus filhos, devotou ainda mais sua esposa por tê-lo presenteado com uma família completa. Ao lado de Ophelia, sentou-se para harmonizar ainda mais aquele abençoado momento. A nova mãe segurava o pequeno Fred; o entusiasmado pai, a doce Edith. As crianças eram recentes, mas o amor paterno e materno já se enchia de júbilo desde o descobrimento da gravidez.
Frederick Blackall beijou sua esposa; ela, por sua vez, retribuiu o carinho por meio de um sorriso cativante.
— São nossos filhos — emocionou-se Fred, alinhando sua menininha nos braços. — Eu não acredito que sou pai.
— E será o melhor, Fred. Sei que se esforçará para isso acontecer.
— Olhe para você, Sra. Blackall — brincou, jovialmente. — É mãe de duas criaturinhas inocentes e frágeis. Estou curioso para presenciá-la sendo uma mãe excepcional aos nossos filhos. Sei que irá perpetuar os ensinamentos do Sr. George. Nossos filhos serão cultos e muito reflexivos, assim como a mãe o é.
— Não me pressione, Fred — riu Ophelia. — Não crie tantas expectativas.
— Sei que são expectativas fáceis de serem alcançadas.
Quanto ao Sr. Blackall e à Sra. Fanny, nunca mais cogitaram na anulação do matrimônio. A prova que precisavam da consumação havia sido gerada duas vezes, em uma única tentativa. Conformados e já acostumados com Ophelia em Southfield Park, pararam de intrigas com a esposa de seu único filho. Com os netos, tentariam ser mais presentes, ao contrário do que haviam feito com a filha de Cassandra. Ophelia desejava que o Sr. e a Sra. Blackall conseguissem ao menos se esforçarem para ter o apreço pelos netos; quiçá, recuperar o tempo perdido com a menina Ophelia, já que tanto a negligenciaram.
Cassandra, ao saber do nascimento dos gêmeos, escreveu uma carta, parabenizando Ophelia e Frederick pelos novos Blackall. Na missiva, dissera:
"Ao Sr. e À Sra. Frederick Blackall
Queridos, tenho em mim toda a alegria e o regozijo pela notícia do nascimento de meus dois sobrinhos. Como desejei que este dia chegasse. Vocês, que desde o início foram tão benevolentes para comigo e para com a minha filha, merecem a bênção do Criador e a felicidade da família.
Em breve, farei uma visita para ajudar você, querida Ophelia. Gostaria de estar por perto para auxiliá-la em seu momento do parto. Sou-lhe grata pelo que fizera por mim e por minha Ophelia; gostaria de retribuir, mesmo conscientizando-me de que jamais teria a coragem de realizar um parto, como você um dia o fizera. Fico maravilhada por Deus tê-la abençoado com duas crias; sou, sinceramente, encantada por tamanho deleite de sua vida, minha amiga querida. O que eu não tive no meu casamento, desejo que você tenha no seu.
Frederick, meu cunhado e irmão, estou-me a imaginar sua expressão parva de um pai orgulhoso e extremante radiante. Era-lhe um sonho a ser realizado, pois, então, felicito-o por isso.
Amados, espero poder revê-los o quanto antes. Ophelia está ansiosa para conhecer os primos, alegre por saber que dois vieram ao mundo. Minha filha está a crescer saudável e muito mais extrovertida do que outrora. É uma menina mais falante e mais esperta. Aqui, em Londres, recebe bons ensinamentos, e tem a companhia dos primos, filhos de meu irmão. Porém, reclama da saudade que tem de vocês e dos amigos Stanhope. Quando lhe contei que iríamos visitar Hampshire, deu pulinhos de euforia.
Aguardem-me, amigos, retornarei a Southfield Park para desejar pessoalmente às boas-vindas ao Frederick e à Edith. Amo-os carinhosamente; ser-lhes-ei uma tia adorável e responsável por mimá-los a cada um.
Com carinho,
Cassandra Blackall."
Thomas e Emma também não pouparam felicitações, extremamente alegres pela crescente família. Thomas abençoou sua irmã caçula, realizado por saber que Ophelia estava, deveras, casada para a prosperidade.
Até mesmo Georgiana escrevera para saudar a novidade, cuja carta fora recebida meses após o nascimento por conta da longínqua viagem que precisou fazer. Na carta, a Srta. Young escreveu sobre sua vida em Nova Iorque, e acrescentou a seguinte mensagem:
"À Sra. Ophelia e ao Sr. Frederick Blackall
Para começar, fui simpática o suficiente para incluir o nome de Frederick nesta missiva. Nova Iorque me faz mais gentil para com o próximo — até mesmo com um Blackall. Segundo, que alegria saber da chegada dos meus sobrinhos de coração. E jamais serão Blackall! Para mim, serão Stanhope: bonitos, inteligentes e saudáveis.
Frederick, parabéns pela paternidade. E só.
Ophelia, minha querida amiga, felicito-a pela maternidade, encantada por ter logo dois pequenos para oficializar a família. Graças a Deus não são dois meninos — sabemos a confusão que poderiam causar.
Com amor, carinho e devoção,
Georgiana Young."
Ophelia e Frederick estavam aos encantos pelos gêmeos. Prometeram não mimá-los, assim como Cassandra havia prometido; tentariam criar seres humanos justos e racionais.
— Não muito racionais — contestou Frederick. — Precisa haver um equilíbrio entre emoção e razão para que não se tornem pessoas frias.
— Precisamos ensiná-los a dosar isso, então — concluiu Ophelia. — Também não podemos deixá-los ser frágeis demais em suas comoções descomedidas.
— Concordo. Tentaremos torná-los seres humanos perfeitos!
— Ora, Fred, ninguém é perfeito — riu Ophelia, divertida com a expressão do marido.
— Eu sei, mas deixe-me fantasiar que meus filhos serão.
— Não fantasie demais, para não se decepcionar depois.
— Prometo controlar-me para não idealizar demasiadamente os nossos pequenos.
— Seremos bons pais, não seremos?
— Os melhores — disse Frederick, beijando sua esposa.
A jornada de Ophelia havia sido concretizada, e percorrera caminhos muito melhores do que aqueles almejados. Dali por diante, novas aventuras a esperavam. E Ophelia não poderia ter sido mais feliz.
A vida era, deveras, uma grande propiciadora de emoções. As esperanças permaneceram para a filha do reverendo, pois ainda existia vida; e, quando há vida, ainda há espaço aos sonhos.
Nem sempre a vida é do jeito que planejamos. Ela pode ser muito melhor.
∙ Fim ∙
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Casamento Branco
Historical Fiction[VENCEDORA DO WATTYS2020 | CATEGORIA FICÇÃO HISTÓRICA] Frederick e August Blackall são irmãos gêmeos não-idênticos. Aos doze anos, iniciam aulas particulares com o reverendo George Stanhope, um homem viúvo com três filhos: Thomas, Arthur e a caçula...