Capítulo XLI

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Lydia e Jane escutavam a história que a tia contava a elas. Enquanto isso, George estudava caligrafia, junto com a filha de Cassandra. Ophelia recebia a atenção das sobrinhas, admiradas pela fantástica narrativa e curiosas pelo seu desfecho. Emma, trazendo consigo uma bandeja com a refeição da tarde das crianças, não conseguiu desconcentrar os pequenos. Thomas, lendo as notícias do dia, regozijava-se pelo sossego do lar.

Por fim, quando Lydia e Jane descobriram o que acontecera com a fada do conto que a tia oferecia, correram para aproveitar o banquete ofertado pela mãe. A menina Ophelia e o menino George também encerram suas lições e foram fazer companhia às menores. Depois de todos bem alimentados, Emma achou uma boa ideia fazer um passeio com as crianças. Enquanto isso, a irmã de Thomas fizera companhia ao jovem reverendo, na promessa de arrumar a bagunça dos pequenos.

Sozinhos, Ophelia e Thomas conversavam sobre o cotidiano, compartilhando um momento amistoso e agradável. Apenas foram interrompidos quando escutaram uma batida na porta. Como estava de pé, a moça responsabilizou-se em atender a visita, acreditando ser Frederick, o qual havia prometido comparecer à reunião familiar assim que finalizasse sua escrita. No entanto, ao abrir a porta, Ophelia deparou-se com um sujeito esquisito e desalinhado; sua barba era maltratada e, na face, uma cicatriz recortava sua bochecha esquerda.

— Em que posso ajudá-lo, senhor? — perguntou, desconfiada.

— Preciso falar com o Sr. Stanhope.

Ao escutar seu nome, Thomas logo se pôs a aparecer, intrigado pelo homem à sua frente.

— Eu sou o Sr. Stanhope.

— O reverendo? — indagou o homem, desconfiado. — O Stanhope que estou a procurar é muito mais velho. Procuro George Stanhope.

— Ele era o nosso pai — explicou Ophelia. — Ele morreu há anos.

— Estranho... Ele não mencionou a morte do pai — balbuciou o indivíduo.

— Quem? — questionou-o Thomas.

— Arthur, o irmão de vocês. Eu não sabia que o pai havia morrido, pois nada me dissera.

— Não temos contato há anos com o nosso irmão. Enviamos muitas cartas, mas poucas foram respondidas. — Thomas ainda estava inseguro, não permitindo a entrada do intruso em sua residência. — Mas tenho certeza de que ele sabia da morte de nosso pai, pois respondera, alguns meses depois.

— Quem é o senhor?

— Eu, senhorita, sou amigo do seu irmão... Ao menos, era.

— Por que era? Aconteceu algo com Arthur?

— Sim, senhor, infelizmente aconteceu.

Não demorou para o desconhecido revelar o verdadeiro motivo de sua visita. Tratava-se de um colega de Arthur, trazendo más notícias.

— O irmão de vocês veio a falecer. Há nove meses, tivemos um acidente. Arthur sofreu as consequências.

Ophelia mirou a Thomas, e ambos envolveram-se na tristeza da informação. Desalentada, a moça chorou nos braços de seu irmão, o qual tentava consolar sua caçula.

— Oh, Thomas, pobre Arthur!

— E a quem devemos agradecer por vir até aqui nos notificar da tragédia?

— Antony Taylor...

O homem pareceu ter se arrependido no mesmo instante em que citara seu próprio nome, principalmente ao averiguar a reação de seus ouvintes. Demonstrou ansiedade para consertar a situação, mas já era tarde demais. Ophelia e Thomas, mais uma vez, compartilharam sentimentos. Porém, não era apenas a tristeza a invadir seus corações.

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