Jogos de poder

16.

Você já foi a praia? A sensação de liberdade e de paz que estar ali sentindo a brisa forte e ouvindo o barulho do mar lhe traz. E essa foi a escolha de Arizona para tirar aquelas lembranças, aquela sensação do peito, estava sentada na areia, chorava compulsivamente, para muitos era algo bobo, mas para ela era torturador viver com aquilo, Callie prometeu estar com ela em todos os momentos mas na primeira oportunidade não estava e o pai dela estava vivo, como poderia confiar nela, a loira não conseguia. Ela nem sabe quanto tempo ficou ali sem comer, chorando e revivendo todo seu passado e com as dores do presente.

Anoiteceu e na enorme mansão Callie só faltava quebrar tudo e só não tinha feito ainda porque de todo modo a casa não era sua, estava num estado de nervos, ela era uma CEO de nome, nunca esperou para nada na vida e aquela espera toda por notícias estava quase a matando. Quando o celular da morena tocou ela só se desesperou e atendeu sem ao menos olhar quem é que estava a ligando aquela hora no meio de todo caos daquele dia.

Ligação on

- Alô! - a morena atendeu desesperada.

- Torres?

- Sim, quem é?

- Lena Luthor.

- Luthor! Eu temo que não possa te dar muita atenção agora.

- Não pretendo demorar. Na verdade, minha esposa pediu para ligar.

- Sua esposa?

- Sim, digamos que ela é uma grande fã de Arizona Robbins e você esqueceu de mencionar que agora ela é a senhora Torres.

- Ah sim, claro, me desculpe.

- Não há nada a desculpar, nós falamos só sobre negócios. Todavia estarei em Seatlle início do mês que vem com Kara e adoraríamos que vocês jantassem conosco.

- Se Arizona não me matar até lá, com certeza.

A Luthor riu.

- E ela teria motivo?

- Talvez eu tenha perdido a primeira consulta do bebê.

- oh! Eu não sabia da gravidez. Meus parabéns, Torres.

- Obrigada. - Torres ouviu um barulho de Chaves na porta. - Eu preciso ir.

- Até logo, Torres. Um beijo para Arizona.

Ligação off.

Desligou o telefone e cruzou os braços esperando a mulher passar pela porta, estava pronta para brigar com a mesma pelo sumiço, mas toda a postura da CEO foi estranhamente quebrada quando viu Arizona adentrar a casa com o rosto inchado, os cabelos bagunçados, ela só queria abraçar a mulher e dizer que realmente estava alí, mas se segurou ainda era sua inimiga alí.

Arizona fechou a porta e encarou a morena e respirou fundo.

- Por que você mentiu?

Torres andou até um pouco mais perto.

- Eu não menti, eu não sabia que ele estava vivo.

- Como? Eu... Eu não entendo.

- Eu também não, Arizona. Mas eu não menti pra você, eu estava saindo pra ir pra consulta quando Lexie me avisou que tinha um homem querendo falar comigo, na verdade exigindo. - Torres riu sarcástica- era ele, e ele queria dinheiro, ele ameaçou te matar, aquele homem é tudo menos o meu pai, meu pai não era assim e isso tá mexendo comigo e você só menos me deixou explicar. - respirou fundo. - Eu não sou como você, eu não choro, eu não explodo, eu tenho tudo calculado, então quando ele apareceu, saiu tudo do lugar e eu tô perdida, você não é minha esposa de verdade, mas de uma forma ou de outra combinamos de sermos companheiras. - Arizona a olhava atentamente. - Eu só quero saber, por favor, aonde você estava.

A loira sabia o que a morena estava sentindo, conheceu de perto aquela dor, e ela não seria desumana ao ponto de a deixar ali sozinha.

- Eu confio em você e precisamos conversar. - Arizona disse segurando na mão da morena que assentiu e a levou até o sofá aonde as duas sentaram frente a frente. - Eu não quero que você dê dinheiro ao seu pai, não por minha causa, eu posso reforçar a minha segurança, e dar meu jeito. - Torres assentiu mas já sabia o que fazer. - E eu estava na praia. - encostou na sofá - Quando eu era pequena, meu pai levava eu e Timothy para a praia e nós sentávamos na areia, contávamos tudo que nos deixava triste, era engraçado, na época eram coisas bobas mas com decorrer do tempo, era tudo mais sério, quando eu saí do Hospital depois da perda de Sofia, eu fiquei uma semana em casa e aí eu fui a praia, e chorei tudo junto, a morte do meu pai, a doença da minha mãe, as mentiras de Lauren e a perda da minha filha, e quando eu saí dali, eu fui para a empresa e bom, eu te conheci naquele dia, nós até brigamos...

Flashback on

- A senhora Robbins chegou. - Penélope avisou entrando na frente da loira.

Todos ficaram de pé e a loira passou sem olhar para ninguém e se sentou em sua cadeira para liderar a reunião.

- Eu não estou com muito tempo, resumam tudo. - a loira disse encarando só os papéis com as propostas da sociedade.

- Como não está com tempo? Você quem marcou a reunião para hoje. - Torres disse claramente irônica.

A loira ergueu a cabeça e encarou a mulher.

- Callie Torres, a toda poderosa Torres, rainha das noites e das mulheres, eu conheço você. - riu de canto. - Talvez não tenha reparado, mas essa é a minha empresa, e eu tenho mil coisas para fazer.

Torres riu e encarou Mark do outro lado.

- Então, senhora sabe tudo. Lê essa proposta de sociedade. É benéfica para as duas empresas, e ambas irão crescer.

- Minha assistente me fez um resumo. Minha empresa sai ganhando como com lucros de 45% e a sua 55%, é totalmente vantajoso para você.

- Bom, eu vou investir mais, é justo.

- Eu posso investir mais do que você, se eu quiser. Penélope. - a loira chamou e ficou de pé. - arquive esses documentos, essa sociedade tá suspensa até a Senhora toda poderosa Torres aprender fazer negócios.

Saiu da sala e a morena foi atrás dela e a segurou pelo braço.

- Você não pode falar assim comigo.

- Acho que eu já falei. - Riu.

A morena encostou a loira na parede.

- Você se acha muito, Robbins.

- Eu não me acho, eu sou.

Flashback off

- Você sempre foi muito difícil. - Torres disse e riu.

- Eu tive meus motivos. - deu de ombros.

- Então... A praia é o seu lugar de paz?

Arizona sorriu.

- Exatamente, lá eu me sinto bem, me sinto próxima a meu pai e me lembro de cada conselho dele, lá eu choro e desabafo, lá eu sou a Arizona que ninguém conhece. - sorriu.

Torres a encarou por alguns segundos.

- Eu acho que gostaria de conhecer essa Arizona.

A loira a encarou de volta.

- Quem sabe, se você merecer... - sorriu.

A loira pegou a bolsa no colo e tirou um envelope entregando nas mãos da morena.

- O que é isso? - questionou confusa.

Arizona sorriu e deu um selinho nela.

- É o nosso borraozinho.