Jogos de poder

09.

Callie não conseguia acreditar no que April acabara de lhe contar ali, estava estática.

- Callie? TORRES! - a morena olhou para a ruiva a sua frente. - Tá tudo bem? Posso continuar?

A morena passou a mão no rosto e tentou se recompor o máximo que conseguia.

- Continue.

- Eu não viria até aqui praticamente traindo a confiança da minha melhor amiga a toa, mas você tem direito de saber da existência dessa criança no ventre dela, ela tem todo direito de abortar se quiser, mas você deveria tentar algo.

A morena rodou a cadeira para ficar de frente a janela aonde mais uma vez encarou o arranha céu da empresa Robbins, respirou fundo e saiu com pressa de sua sala deixando uma April a chamando ao fundo.

Em questão de minutos ela estava entrando no andar da presidência da empresa de Arizona. E estava seguindo para a sala dela quando Penélope se colocou na frente dela.

- Sai da minha frente, eu preciso falar com a Arizona! - quase gritou.

- Eu não posso, senhora Torres, ela pediu para não ser incomodada nem mesmo pela senhora. - a mulher falou.

- Eu vou entrar aí agora mesmo! Sai da minha frente!

- Penélope! Deixe que Callie entre - Amélia disse e a ruiva apenas deu de ombro, Callie encarou Amélia e sussurrou um Obrigada - April me ligou, boa sorte.

Torres assentiu, respirou fundo e entrou na sala.

- Eu acho que pedi pra não ser interrompida por ninguém e pedi em particular pra você não vir mais na minha empresa. - a loira disse olhando duramente para a esposa.

- Nós precisamos e vamos conversar. - Callie disse se sentando. - Quando ia me contar?

- Te contar o quê?

- Que está grávida, que você está esperando um filho nosso.

A loira engoliu a seco e amaldiçoou sua amiga mentalmente.

- Eu não estou esperando um filho de ninguém, aconteceu um erro na nossa noite de aventuras e eu vou tirar.

- Arizona...- a morena tentou falar mas foi interrompida.

- Não! Cala boca! Você não sabe nada que eu já passei. - levantou e ficou de pé olhando pela janela. Já chorando. - Você não sabe o que eu já tive que enfrentar, quanta dor eu já senti, você não sabe de nada.

A morena levantou e andou até ela, a virando de frente e segurando no rosto dela.

- Eu sei de tudo já. - disse suavemente.

- Não! - a loira se afastou. - Você sabe o que te contaram, você não sabe realmente a dor de gerar a criança que tanto espera, e simplesmente a perder. - a loira chorava. - Eu amava a minha filha, era pra eu ser mãe de uma linda menina hoje, e eu nem me importaria de criar ela sozinha, eu seria feliz. Eu não vou gerar outra criança pra perder. Eu não vou alimentar seu ego.

- Arizona! - Callie respirou fundo. - Eu vou estar aqui com você.

Tentou se aproximar mas a loira se afastou.

- Lauren disse a mesma coisa mas mentiu.

- Lauren? Da empresa Minnick? - a morena a questionou confusa.

- Sim, ela. Ela fingiu me amar muito por tempo, e eu acreditei, que idiota, né? - riu e foi até a janela. - eu fiz a inseminação, no começo foi perfeito, mas aí eu perdi meu pai e ela pensou que eu a colocaria pra comandar a empresa mas eu assumi, e ela entrou aqui, nesse escritório, e disse que eu iria a falência, irônico né? A empresa só cresceu, mas a minha vida foi a falência. - riu sem humor. - acho que no fundo ela tava certa.

Callie puxou a loira e a sentou no sofá pegando um pouco de água para a mesma, depois se sentou no seu lado.

- Arizona, vamos lá, seu pai construiu esse império, ele faleceu, eu sinto muito, mas ele venceu na vida e ele foi feliz com sua mãe, certo? - a loira assentiu. - Sua mãe está doente, está falecendo, eu sei que deve ser horrível pra você conviver com isso, mas olha o quanto vocês já sorriram juntas, você tem sua sobrinha que te ama, tem seu irmão que é louco por você. Tem uma empresa multinacional funcionando maravilhosamente, tem uma casa incrível, o carro do ano, tem amigos, tem uma esposa linda. - a loira acabou rindo e Callie colocou uma mecha do cabelo da mulher atrás da orelha. - você não foi a falência na sua vida particular. Eu nem imagino a dor de perder um filho, mas eu queria tanto que você tentasse, eu estaria aqui por você. Por vocês dois.

A loira parecia pensar, até que encarou firmemente os olhos da esposa.

- Eu não quero ninguém ocupando o lugar da minha princesa. E eu não confio em você, Torres. - se levantou. - Nos odiamos, não podemos ter um filho. Por favor, saia daqui. - apontou para a porta.

- Arizona, não faz assim, eu posso...- a morena tentou continuar mas a loira a interrompeu.

- Pode ir embora, por favor. A noite já temos que nos ver.

A morena se levantou e foi até a porta.

- Eu vou, mas eu não vou desistir.

- Precisa aprender respeitar, Torres.

*

O dia para a loira acabou ali naquela conversa, ela sentiu muita dor tendo que lembrar de certas coisas e já vinha lembrando a dias, mas falar doeu mais ainda, ela mesma se ouvir doeu, e ouvir de Callie aquelas coisas bonitas doeu, porque ela sempre sonhou em casar com alguém assim que quisesse filhos, é casada, mas não ama, é só um acordo idiota e vai durar seis fudidos meses.

Entre mil pensamentos de cabeça baixa na sua mesa, ela ouviu um apito do computador indicando que havia chegado um e-mail.

CEO Calliope Torres: Eu nunca converso sobre meus pais com ninguém, eu não confio muito em pessoas. Eu vou resumir, meu pai era um assassino e morreu tentando matar, minha mãe apanhava dele e se envolvia com outros homens, eu fui dada para meus tios quando nasci por ter um Pênis e sempre corri atrás de tudo para fazer meu nome, procure antepassados da minha empresa, não tem, tudo começou comigo. Eu tenho pesadelos me culpando pelo desando do casamento dos meus pais. Eu tenho vício em mulheres, ou melhor, só em transar. Você foi a única que eu tentei desvendar, sabia?. Meu sonho é ser mãe, e, por Deus, Arizona, eu nunca vou te obrigar a fazer algo que te faça mal, só pelos meus sonhos e vontades mas quero que saiba, se você optar por levar essa gestação adiante você com certeza terá a mim.

P.s: Ninguém nunca ocupará o lugar da pequena Sofia. Te vejo em casa!

A loira derramou algumas lágrimas ao ler aquilo, principalmente aonde citava o nome da sua filha, desligou o computador sem responder, pegou sua bolsa e saiu do escritório.

- Já vai, senhora Robbins? - Penélope ousou perguntar.

A loira limpou uma lágrima e assentiu.

- Eu vou a uma clínica, avise minha esposa que ficarei dois dias fora.