Capítulo 2

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Desabrigado internamente

Kakashi on

Eu caminhava, passo a passo, com calma pelas vielas escuras e frias que se formavam por entre a floresta com cheiro de terra molhada, estava chovendo poucas horas atrás então cada vez que eu passava por algum lugar estreito ou com muitas folhas, gotas que as folhas guardavam caiam em mim e escorriam de forma rápida e discreta, quase como se quisesse me dizer algo.
Eu estava totalmente desligado de tudo naquele momento, do céu até a terra nada era visível aos meus olhos, e a escuridão despertava a minha curiosidade de um modo extremo nunca experimentado antes.Por hora meus olhos repousavam em algo aleatório mas que com a sua simplicidade me conquistava.

Caminhei por horas e horas e por incrível que pareça eu não estava me sentindo cansado ou com sono, talvez a adrenalina de sair da minha zona de conforto e fazer algo tão radical para mim esteja me deixando tão imerso que eu não percebi que meus pés estão doendo cada vez que eu os toco ao chão.Onde eu estava era frio mas não me importo, independente das condições eu estarei melhor longe de Konoha e de todos esses fantasmas que me rodeiam, principalmente dele que faz questão de me acompanhar.

É incrível como quando queremos fugir de algo acabamos pensando nele inconsequentemente mesmo que a intenção seja apenas fugir, sumir e esquecer.No fundo sou um covarde por tentar fugir dos meus problemas e não encarar eles de frente.Não sou obrigado e é de minha decisão escolher como eu enfrento essa situação.
Mas, e tem como?Afinal era apenas a lembrança de Obito que me prendia em tristeza todas as noites.Como é que eu poderia encarar isso?As vezes eu lembrava de todas as coisas boas que vivemos juntos e não tive coragem de demonstrar pois não fui criado com esse costume, então choro ao lembrar que de fato acabou e não tenho nem mesmo uma margem de segurança sobre isso, sei que ele não volta mas eu adoraria poder ir até ele.

Voltei a minha realidade quando senti uma fisgada e em seguida uma ardência no meu ombro esquerdo.Como eu estava totalmente com a cabeça nas nuvens eu nem fiz que eu tinha me cortado em um galho fraco e fino.Até mesmo a isso me tornei vulnerável.

Decidi fazer uma nota mental:Me focar no que estiver ao meu redor até que eu encontre um abrigo.

E assim fiz até que fosse tardinha, durante o dia eu fiz algumas pausas para comer e descansar fora isso eu segui vagando pelas verdes colinas que me cercavam.Encontrei uma cabana de madeira pequena muito bem camuflada pelas árvores e pelo matagal alto.Na verdade eu poderia chamar aquilo de galpão pelo aparência em que se encontrava.
Pensei em pedir abrigo para quem quer que fosse afinal eu não posso invadir a cassa de alguém assim do nada.Não sou louco de fazer isso.

Quando bati na porta eu percebi que não morava ninguém alí já fazia um bom tempo pois a porta em minha frente caiu e eu fiquei apenas com a maçaneta na mão.Um sentimento tedioso se instalou em mim e eu não soube expressar nada, apenas deixei fluir.

Entrei na casa e vi que não tinha ninguém mesmo.Ali ainda tinha algumas mobílias feitas de madeira que para a minha surpresa estavam melhores do que a porta.
O lugar estava bem sujo, posso dizer que deveria estar assim por uns três anos no mínimo.Ou então, que houvesse uma pessoa muito porca.

Entrei e coloquei minhas coisas por cima da mesa.Escorei a porta e procurei alguma coisa que pudesse tapar os buracos da janela e por sorte encontrei pequenas tábuas de madeira que eu encaixei e tapei os vidros quebrados.

Vi que ali tinha um fogão a lenha feito de barro e tijolos então procurei por qualquer coisa que eu pudesse queimar.Encontrei alguns papéis para fazer o fogo e madeiras secas para queimar.Esta noite eu não sentirei frio.Eu não sentia frio em minha antiga casa mas a sensação que essa ideia me passa é totalmente diferente da que eu estou acostumado.

A lua que já havia subido agora se posicionava no meio do céu reluzindo as luzes com todo o seu esplendor, então eu decidi descansar naquela casa aos pedaços, mas quente.Já que era um lugar desconhecido e eu precisava descansar dormi agarrando minhas coisas e com uma kunai na mão.Por sorte tenho o sono leve então qualquer coisa eu irei acordar num instante.

Engraçado, aquela casa estava pra ser comparada a minha sanidade nesses últimos meses.Em pedaços mas ainda ali de pé.

Aos pedaços e quase sem concerto.

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