Capítulo 25

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Ali, espatifado no meio da rua, estava um garoto jovem, aparentemente da minha idade. Ele estava morto mas, ao contrário do outro, este era recente. Tinha tanto sangue que eu estava começando a ficar zonza. A polícia ainda não tinha chagado, mas ninguém ousava chegar perto do corpo.

Quando olhei para o lado, Austin estava aflito e Mason parecia confuso com o comportamento do amigo.

--Era ele. -Austin começou. -Era ele que estava procurando pelas pistas.

--Sinto muito. Austin. -Eu falei.

--Obrigado, mas não se preocupe com isso. -Ele respondeu, como se não se importasse de ter um jovem recentemente assassinado, além de ser seu amigo, em sua frente. -É só que isso foge do padrão. Foge muito do padrão. Ela nunca fez isso nas outras vezes.

--Espera aí. -Eu falei. -Já tiveram outras vezes?

--Duas vezes, mas antes Beatrice só queria vingança, agora ela está querendo torturar e depois matar Mason.

--É verdade. -Mason falou. -Antes ela só queria me torturar. Agora ela está muito agressiva. Mas seu código sempre foi plantar corpos mortos em lugares estratégicos. Esse corpo recém-assassinado é novidade. Além desse lugar, também, já que estamos quase no centro da cidade. Mas procurem pela foto.

Eu não aceitava como eles estavam tratando esse assunto dos corpos como se fosse banal. Mesmo os corpos em decomposição eles trataram como se fosse normal. Eu não podia aceitar que aquela demônia tirava os corpos do sossego, muito menos como ela podia matar tão a sangue frio e, depois, colocar o corpo no meio de um jogo assassino.

Como o corpo estava no meio de uma rua comercial, envolta só tinham algumas lojas, alguns bancos vazios e uma cabine telefônica. Não tinha muito onde procurar, mas eu resolvi ir verificar a cabine.

Bingo!

Lá estava, colada na parede, outro pedaço da foto. Peguei a foto, e saí da cabine, indo em direção aos meninos. Era estranho, essa foto era toda cinza, sem detalhes, mas, assim que eu virei o pedaço eu me assustei. Estava escrito:

MEU JOGO. MINHAS REGRAS.

Uma mensagem de Beatrice, escrita com uma tinta vermelha escura. Não era tinta.....era sangue!

Os garotos chegaram e Mason pegou a foto de minha mão, rapidamente me puxaram para longe das pessoas, em direção ao carro. Nós entramos, enquanto Mason lia a mensagem. Quando terminou ele entregou a foto para Austin, que leu e assentiu.

--Ela não que intervenções de outras pessoas. -Austin falou.

Por isso o garoto morreu, porque ele era um "intruso" no plano de Beatrice.

--Mas que foto é essa? -Eu perguntei.

Austin pegou as outras fotos. Observou um pouco e depois encaixou-a em cima da primeira foto que recebemos. Era uma parte do céu. Então eu estava errada, ela não era totalmente insignificante.

Agora que já tínhamos 3 pedaços uma imagem ia se formando. Era a foto de um grande campo de trigo, com o céu bastante nublado, parecido com o clima daqui da Escócia. Já tínhamos uma idéia do que era, mas ainda não fazia muito sentido. Pra que enviar tal foto? E que lugar era esse?

Austin guardou os pedaços de volta em seu bolço.

--Austin, me deixa em casa, por favor. -Eu pedi.-Minha mãe já deve ter chegado, é melhor eu não dar motivo pra ela se preocupar.

--Claro.

O caminho até minha casa foi silencioso e eu fiquei torcendo o tempo todo pra que não encontrássemos mais um corpo, embora isso fosse meio improvável.

Austin parou na frente do meu portão. Antes de irem embora, Mason foi até mim e me beijou.

--Te amo. -Ele sussurrou.

--Te amo. -Eu respondi. Após um momento de silêncio e falei. -Se acontecer alguma coisa, me avisa, ta?

--Ok. Eu vou te manter atualizada. Tchau, Jenny.

--Tchau.

Me virei pra entrar, mas braços envolveram minha cintura e me viraram. Senti mais um beijo de Mason, antes dele virar e entrar no carro. Assim que eu entrei em casa senti o cheiro da maravilhosa comida da minha mãe.

--Oi, mãe. -Eu falei pra ela, que estava na cozinha.

--Minha filha. -A cabeça da minha mãe apareceu da porta da cozinha e ela me mandou um beijo. -O jantar fica pronto em meia hora.

--Joga comigo? -Perguntou Brick, que estava sentado no sofá jogando alguma coisa.

--Só se for futebol. -Eu falei brincando.

--Ebaa!

Eu me sentei ao seu lado e ficamos jogando até a hora do jantar. Brick estava feliz e eu também fiquei bastante contente por ter alguma coisa pra me distrair da estranha realidade que me cercava.

Nós ficamos jogando até que minha mãe colocou o jantar na mesa. Eu jantei e fui para o meu quarto. Troquei de roupa e deitei, mas aquele corpo cheio de sangue não saia da minha cabeça. Austin estava certo, eu não podia reclamar, já que eu tinha insistido pra ir, mas eu estava arrependida. Eu tinha feito isso pra tentar entender um pouco mais sobre o mundo dos demônios, além de tentar pensar em um meio de proteger minha família. Mas depois eu lembrei que Mason tinha me garantido que nada aconteceria a eles e eu fiquei mais tranqüila.

Antes que pudesse perceber eu já estava dormindo.

Eu acordei com alguma coisa tocando alto. Abri meus olhos, que estavam pesados, e peguei meu celular. Eram três horas da manhã, mas o número de Mason aparecia na tela, então eu não hesitei em atender.

--Alô? -Eu falei bem sonolenta.

--Temos novidades.

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