--P...pai?! –O mundo a minha volta começou a girar e perder sentido, mas eu me forcei a ficar acordada. Voltei minha cabeça para trás, mas já sabia que ia encontrar o segurança. Voltei a encarar meu pai, semelhante á figura que eu me lembrava, exceto pelos fios brancos e as rugas marcadas pelo tempo.
--Minha filhinha. – Michael exclamou calorosamente como quando fazia quando acabava de chegar do trabalho de professor em uma universidade e eu ia correndo, já com os bracinhos estendidos, mas agora esse pensamento não passava de uma memória distante. O homem abriu os braços esperando por um abraço que nunca aconteceu. –Sente- se, querida.
De má vontade eu aceitei o convite, indo para a cadeira branca em frente á de meu pai. Um silêncio tenso veio em seguida, nos dando tempo de sentir o constrangimento.
--O que você quer? –Eu quebrei o gelo com a principal pergunta.
--Eu estava com saudades. Da nossa família. –Ele disse com um sorriso que me pareceu falso.
--Corta essa. Se fosse isso você não teria me sequestrado e eu não seria a única a estar aqui. Pra que esse sequestro. –Eu falei de maneira dura, procurando não demonstrar o quanto esse encontro estava me afetando.
--Eu não estou mentindo! Eu voltei por vocês e...
--Pare! Pare com todas essas mentiras. Você nos abandonou. Me abandonou. Não pense que você pode chegar de repente com essas desculpinhas porque eu não vou cair nessa. Eu te amava e mesmo assim você fugiu. Você me decepcionou, agora você não significa nada pra mim. –Eu disse já com lágrimas ameaçando a cair. Não sabia se essa última parte era verdade.
--Está bem. Eu mereço isso. Mas...
--Sim, você merece. –Eu o interrompi de novo. –Você merece isso e muito mais. Por tudo que você fez.
--Mas tem uma razão para eu ter deixado vocês. –Ele começou com a voz amena. Suavemente ele pousou sua mão sobre a minha, me fazendo parar de batucar na mesa, coisa que nem tinha percebido.
--Sou toda ouvidos. –Eu respondi sarcasticamente retirando minha mão debaixo da dele.
--Eu fugi depois de pensar bastante. Alguns anos atrás um grupo de estudantes começou a desenvolver uma pesquisa sobre um tema bastante duvidoso e curioso para os humanos. –Ele fez uma pausa quando o garçom passou para deixar sua água e um suco que meu pai pedira pra mim. Nesse meio tempo eu fiquei muito curiosa. –Esse trabalho me interessou de tal maneira que sabia que eu precisava ir mais á fundo no tema. Comecei pesquisando alguns casos verídicos sobre o assunto, ia á bibliotecas e arquivos da cidade. Descobri tudo o que tinha que saber para acreditar. Porém não era suficiente, eu precisava ver com meus próprios olhos. Mas eu não podia sair em busca dessa descoberta pois ainda tinha raízes nessa cidade. Jenny, você sabe do que eu estou falando, qual era essa pesquisa?
Eu neguei olhando diretamente seus olhos verdes iguais aos meus.
--Era sobre um mundo paranormal, minha querida. Demônios. –Ele enfatizou. As palavras começaram a fazer sentido para mim, mas eu não queria acreditar que ele tinha nos abandonado por isso. –É claro que eu estava curioso. Eu até achei uma arma capaz de matar os demônios. Mas minha vontade de ficar era mais forte, até que um dia eu e sua mão brigamos porque eu estava passando muito tempo nas pesquisas e muito pouco tempo com a família.
--Ela sabia sobre suas pesquisas?!
--Não, para ela eu estava pegando muitos turnos no trabalho e quase não parava em casa. Mas, cego pelo ódio eu saí de casa porque precisava refrescar as ideias, mas aí eu percebi que era a hora perfeita pra pôr meu plano em ação. Eu já tinha até o contato de um homem que mais tarde eu descobri ser um caçador de demônios. Então eu entrei em contato e ele me passou um endereço de encontro. Na pressa de sair de casa, nem pensei em pegar minha arma especial. Ele me contou um pouco mais sobre o que ele era e o que fazia e então eu resolvi acompanha-lo em uma de suas viagens menores, que seria por alguns vilarejos daqui da Escócia, mas infelizmente, mesmo com aparelhos, não encontramos nada. Então eu resolvi ampliar minha busca, aceitando viajar com ele em uma expedição pela Europa inteira. Jenny, aconteceu tanta coisa!
Nesse ponto eu já estava soluçando e não aguentava encarar o homem a minha frente, tamanho o meu ódio por ele.
--O rádio de meu amigo nos levou até a França, onde aparentemente tinham muitos demônios e lá ele me ensinou como capturar os mais fracos e exilá-los. Porém, audacioso como era, meu amigo quis fazer uma peripécia com um grupo mais poderoso de demônios, o que resultou em sua morte. Fiquei em dúvida por um tempo sobre voltar para Aberdeen ou não, até que consegui tomar minha decisão e peguei viagem para aqui. –Ele concluiu.
--Mas tem mais motivos para você ter voltado. Pode começar a falar. –Eu falei com certa autoridade, afinal, depois de todo esse tempo sem saber exatamente o que tinha acontecido com meu pai, eu tinha esse direito.
--Você está certa. O rádio, as ondas do rádio apontavam para aqui. –Ele confessou.
Imediatamente eu levantei da cadeira, com muita raiva e ódio. Medindo minhas ações, eu peguei o copo de água e virei na cabeça de Michael, encharcando seu cabelo e sua camisa de linho. O segurança que estava sentado em uma mesa próxima já ficou alerta, mas eu continuei.
--Você é louco! LOUCO! Você ficou anos sem se importar conosco, sem dar um sinal de vida. Você tem ideia do que foi viver sem saber se você voltaria? Eu achei que você estava MORTO! Tudo isso por causa de uma obsessão doentia por um assunto que podia te levar a algum lugar ou não.—Eu respirei e, em tom mais baixo continuei. –Você nos abandonou. E eu não posso te perdoar por isso.
Dito isso, eu me virei e fui para a saída, totalmente abalada. Resolvi que era melhor eu ir andando para casa, que não era perto. Assim, durante o caminho entre alamedas bem cuidadas e alguns parques eu fui andando e pensando no que minha vida tinha se tornado. Se alguém tivesse me perguntado o que eu achava da minha vida uns nove anos atrás, eu teria dito que era perfeita. Agora eu nem sei o que seria minha resposta. Saber que o homem que foi meu porto seguro por anos preferiu ir atrás de uma hipótese do que ficar com sua família me deixou abalada. Eu o amei! Como ele pode fazer isso comigo?
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Heyy amoras da minha vida. perdão por ser irresponsável, porque eu esqueci de postar ontem, mas hoje eu tentei recompensá-los, fazendo um capítulo um pouqinho maior. Espero que vocês gostem, apertem a estrelinha e não se esqueçam do comentário. Sugestões e críticas são aceitas.
PLÁGIO É CRIME, NÂO CAIA NESSA!
Não deixe de conferir essas outras obras :
-Por que comigo? -maryanaaurelio
-A última pena -Juh_rezende
-A Magia está no ar _Vevett_ (eu mesma rsrsrs)
Troco indicações, só chamar no in-box.
Beijocaaas >_<
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A Lua
ParanormalPLÁGIO É CRIME, NÃO CAIA NESSA!!!PENA DE TRÊS MESES ATÉ UM ANO OU MULTA! Um romance sobrenatural entre uma garota, Jenny, tomada pelos fantasmas do passado e um garoto, Mason, que, de jovem, só tem o rostinho bonito. O começo deles não foi o mais co...