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CATARINA.
Na mesma noite...

"Sem perceber, eu me envolvi, por inteiro nesse amor. E esse amor, sem perceber, me deixou na solidão. E a solidão, quer machucar, o meu pobre coração. Eu me envolvi, sem perceber... e agora meu amor? Que eu me envolvi, sem perceber... e agora meu amor?"

Não tive forças nem de ir pro quarto, depois que ele saiu daqui. Na sala eu estava, na sala eu fiquei.

As palavras dele rodando na minha cabeça sem parar, meu coração pequenininho, a imagem dele falando que gostava de mim, que tinha sentimentos por mim... Ele gostava de mim.

Eu queria me sentir feliz porque agora eu sabia que ele também estava sentindo minha falta, que não era só eu que estava sofrendo nessa história.

Mas eu só conseguia pensar no "Eu tô te largando de mão...", só conseguia pensar no quanto eu fiz ele sentir que não era tão importante assim.

A sensação que eu estava sentindo era de que eu nunca mais iria parar de chorar, que ele nunca mais iria falar comigo.

Tentei ligar tantas vezes pro celular dele, tantas... chamava até desligar. Eu entendia que ele não queria falar comigo, como eu não podia entender? Eu no lugar dele também não iria querer falar comigo.

Como pode eu ter sido tão egoísta e nem mesmo ter percebido isso? Como eu posso ter magoado a pessoa que eu só queria ter por perto.

Tomei um susto com a porta abrindo, achava que por um milagre ele tinha visto minhas ligações e tinha voltado, mas não, era a Mayara.

- Catarina? Meu Deus, o que foi amiga? - ela disse já sentando do meu lado no sofá. -

- Eu estraguei tudo, May - disse com dificuldade, entre soluços. - Estraguei tudo! Acabou, agora de verdade.

- Como assim, Cat? O Gustavo disse que iria vir aqui pra conversar com você, vocês brigaram?

- Eu fui uma idiota, May! Ele não me atende, eu tenho certeza que ele não quer mais olhar na minha cara. A única coisa que eu fiz foi machucar ele. Eu fui baixa, eu não deveria ter ficado com o Patrick...

- Calma, amiga... não fica se culpando assim, acontece, brigas são normal. Vocês se gostam tanto, Cat. Só vocês que não percebem isso, vocês vão se entender.

- Eu não preciso perceber, May, eu sei que eu gosto dele. Eu sei! Mas agora já era, é tarde demais. Eu estraguei tudo, ele não merece o que eu fiz com a gente.

- Ô meu amor, não fica assim. Não é o fim do mundo. - ela me abraçou. -

- É, é sim... - falei enquanto chorava. - Antes por mais que eu tivesse medo, eu sabia que a gente podia ficar juntos, porque eu não sabia o que ele estava sentindo, mas agora eu sei, May e foi a pior coisa do mundo.

Ela conversou um pouco mais comigo e me deu alguns dos remédios que eu sempre tomo quando eu tô com crise. Me deitei na cama e rapidinho apaguei.

@ptkantunes: Tu é meu moleque doido, vai sair dessa porra rasgando tudo. @gustavofelix.

Tava tomando café da manhã com a Mayara e mexendo no meu celular, quando vi os stories do Patrick, o primeiro era um vídeo dele com o Gustavo e o segundo já era os dados do Gustavo informando o hospital que ele tava e tudo mais.

Parece que tudo no mundo tinha perdido a voz e o chão estava começando a se abrir pra mim...

- Aconteceu alguma coisa com o Gustavo. - minha mão já começou a tremer, enquanto eu tentava discar o número dele, mas ainda tava dando desligado. -

- Que? - Mayara me ligou. -

- Aconteceu alguma coisa com o Gustavo. - falei novamente, sentindo meus olhos queimarem. - Ele não me atende! O Patrick postou que ele ta no hospital, precisando de sangue, liga pro Caio, eu sei que eles tem um grupo. Alguma coisa ta acontecendo com o Gustavo, Mayara. - eu falei já sentindo as lágrimas descerem, ele não me atendia, liguei pro Patrick que demorou um pouco mas me atendeu. -

Mayara tava em ligação com o Caio me olhando com a cara de assustada, enquanto eu falava com o Patrick e desde a hora que ele falou que o Gustavo estava precisando de sangue na UTI, eu não conseguia pensar em mais nada.

- Eu preciso ir pra lá agora. - falei me levantando e procurando as chaves pela casa.-

- Ta maluca, Cat? Você não pode dirigir nesse estado, calma. Se acalma.

- EU NÃO QUERO ME ACALMAR. Eu quero ir, eu preciso ver ele! - eu disse enquanto chorava.-

O peso no meu coração tinha triplicado, eu só sabia pedir pra que ele ficasse bem. Eu prefiro, como eu prefiro perder ele pra mim, do que perder ele pra sempre.

Isso não podia ta acontecendo com ele, não podia ta acontecendo comigo, eu não aceito... Eu quero ele bem, eu quero ele de volta.

- Vem amiga, vou lá deixar você. O Caio também tá indo pra lá, o Caio tem sangue compatível e vai doar.

Cheguei naquele hospital zonza, sem saber de onde eu teria forças pra olhar pra mãe do Gustavo e me lembrar dele, do tanto que eles eram iguais, que se implicavam.

Assim que cheguei no hospital, o Patrick tava lá abraçado com a mãe do Gustavo, ele viu a gente e veio até mim. O pai do Gustavo também estava lá próximo a eles.

- O que aconteceu, Patrick? - eu falei o olhando. -

- Pô, Cat. Maior covardia, os caras roubaram tudo dele, eu tenho certeza que ele não reagiu, mas deixaram ele malzão.

- Que horas foi isso? - A Mayara perguntou. -

- Ontem de noite!

- Ele tá desde ontem precisando de sangue? Meu Deus... - falei em desespero, isso não deveria está acontecendo. -

Deixei o Patrick e a Mayara conversando ali e fui até os pais dele. Assim que me aproximei, dona Marília me abraçou.

- Meu bebê... - ela disse e foi impossível não chorar. -

- Calma, dona Marília! O Gustavo é forte, ele vai sair dessa. A gente vai conseguir, ele vai ficar bem.

- Eu sei que ele gostava de você, minha filha... - ela disse no meu ouvido, eu não aguentei, meu choro triplicou. - Eu nunca tinha visto ele assim, é uma pena que isso aconteceu com meu filho agora.

- Marília! - escutei a voz do pai dele atrás da gente. - Vem, vamos ver ele. O médico falou que a gente pode ficar no vidro.

- Eu posso...eu posso ir com vocês? Por favor... - supliquei. -

O pai do Gustavo apenas assentiu, fomos caminhando atrás do médico, até chegar no corredor. Me encostei no vidro e me faltou ar, meu amor, dormindo ali tão tranquilo, como ele sempre dorme, mas o rosto completamente acabado, todo quebrado.

Foi a pior cena da minha vida, eu queria gritar, espernear, ter a certeza que ele iria ficar bem, eu só queria deitar ali do lado dele e sentir que ele tava respirando. Mas não podia, eu não podia...

Sai do transe, escutando os gritos da mãe dele que ecoaram por ali, enquanto o Pai dele a segurava pela cintura, querendo afastar ela do vidro, ela gritava, esperneava, chorava falando o nome dele...

- Por favor, meu Deus... não tira ele de mim... - encostei minha mão no vidro. - Eu tô aqui, amor!

FEITOS PRA DURAR 💍Onde histórias criam vida. Descubra agora