FEITOS PRA DURAR 💍

37.

CATARINA.

1 semana depois...

No outro dia, o Caio veio até o meu apartamento junto dos meus advogados pra gente analisar a situação e ver o que faria. Meu cunhadinho, tão preocupado tadinho. Ele se dividia entre ele e o Gustavo, quem iria dormir comigo, até o dia que a Mayara chegou e nós fomos pra casa.

Gustavo também, outro que eu não tenho palavras pra agradecer por tudo. Se mostrou um amigo e tanto, o Patrick também, mesmo não podendo dormir aqui, sempre tava me dando apoio, se preocupando.

No mesmo dia que eu falei com os advogados e com o Caio, eu falei com meus pais e meu irmão. Eu nem preciso dizer o surto, né?

Foi uma loucura naquela casa, minha mãe até passou mal tadinha. Giovani por ele já estaria no primeiro avião, até meu pai, que geralmente é o que mais sabe lidar com essa situação, até mesmo porque ele já teve várias pessoas da família sequestradas, pra pedido de resgate, disse que queria vir pra cá, "uccidere questo ragazzo con le mie stesse mani".

Minha mãe me fez prometer que ia aceitar pelo menos um dos seguranças terceirizados da empresa do meu pai que normalmente ficam aqui quando o Giovani está, na minha casa, pra deixar ela mais tranquila, eu aceitei. Mas eu me conhecia e eu sabia que eu não ia aguentar viver por muito tempo assim.

Eu denunciei, não é foi fácil, como não é fácil pra ninguém. Você vai na porta da delegacia completamente desacreditada, uma pessoa que é capaz de invadir sua casa, não é um papel de ordem de restrição que vai parar ela. Na cabeça dessas pessoas, ela já não tem mais nada a perder. Mas mesmo assim, eu fui. Cheia de medo, dúvidas, insegurança, terror, mas fui.

- PAPÀ! - Gritei no susto abrindo a porta da minha casa e dando de cara com meu pai ali, com uma mala de mão ao seu lado. Ele entrou e já veio me abraçando. -

- Papà è qui per prendersi cura di te, piccola. //Papai está aqui pra cuidar de você, minha pequena. - ele disse enquanto eu chorava abraçada nele. A maior proteção do mundo sempre vai ser nos braços do meu pai. -

Fiquei tanto tempo ali naquele abraço, me permiti ser fraca, pois sabia que ele estava ali me protegendo, como ele sempre fez.

- Piangi quello che devi piangere, ma quando ti fermi, sarai ancora più forte. Ti ho cresciuto per essere forte! Non accetto di meno, sai. Sono qui, ti do il mondo, ma niente ferirà il mio bambino. //Chora o que você tem pra chorar, mas, quando parar, você vai ser mais forte ainda. Eu te criei pra ser forte! Eu não aceito menos que isso, você sabe. Tô aqui, eu te dou o mundo, mas, nada vai magoar o meu bebê.

- Ero cosi spaventato, papà. Non voglio mai più sentirlo. //Fiquei com tanto medo, pai. Não quero nunca mais sentir isso de novo.

Depois que meu pai chegou, não deu dois dias pra eu receber notificação a respeito de quantas andava o processo. Eu tinha conseguido a medida, eu tinha conseguido mais do que isso, até afastado da polícia ele foi, teve as armas que ele tinha posse e porte apreendidas, fora várias outras coisas.

Ao mesmo tempo que eu estava feliz e aliviada, eu me sentia triste. Me sentia triste por saber que as coisas só tinham sido resolvidas tão rápido, por meu pai ser quem era, por eu ser obviamente privilegiada. Quantas e quantas mulheres não perderam a vida enquanto esperavam por algo que eu tive apenas pelo meu nome? Eu trabalhei muito isso na terapia.

Uma das coisas que eu tive que agradecer, foi não ter vazado nada disso em IG de fofoca nenhum. Eu não precisava disso envolvido no caos que já estava, eu só queria paz, só queria e só precisava de paz.

No decorrer dos dias, resolvi me ocupar totalmente com o trabalho, esquecer que existia outra coisa além disso.

Eu sentia falta da Catarina de meses atrás quando eu não conhecia o Eduardo, mas, mais do que isso, eu sentia falta da Catarina de semanas atrás, de quando o Giovani estava aqui, de quanto eu estava simplesmente me permitindo viver. Mas, eu sentia que pra proteger as pessoas ao meu redor, eu simplesmente não podia mais ser essa Catarina.

Duas semanas depois...

Depois de muito ouvir da May, está mais aliviada em questão do meu trauma, eu resolvi que tinha que sair.

Principalmente depois da sessão libertadora com a psicóloga, que me fez enxergar de uma nova perspectiva. Meu pai já tinha voltado pra Itália, acho que ele veio mesmo só resolver essa questão e ver se realmente estava tudo bem comigo.

Esses últimos dias tinha sido só casa, trabalho, trabalho, casa, psicóloga, trabalho, casa. Eu não sabia fazer outra coisa além disso.

Depois dos dias que o Gustavo ficou dormindo comigo, eu não vi mais ele, nem falei mais também, acho que não é justo envolver ele nessa história toda. Ainda mais, colocar ele em perigo.

Eu não podia me dar ao luxo de me envolver novamente, de me apegar a alguém como o Gustavo. Ele era um amor, era gostoso, me levava ao céu, tirava o melhor de mim.

Mas eu sabia que ele não ficaria só comigo, eu sabia que no final das contas, quem se daria mal com toda essa história seria eu. Quem teria o coração partido novamente, seria eu.

E assim, eu deixei ir. Deixei ir pra ver que talvez eu já estivesse começando a me apegar, não por ser emocionada, mas, por se ele não fosse tão mulherengo, ele seria o cara perfeito. Eu podia está abrindo mão de uma chance e tanto, mas nessa de colocar a cara a bater, eu já apanhei demais.

- Você vai mesmo, né? - Mayara perguntou pela milésima vez. -

- Já disse que vou! Vou sim.

- Ok, chamei o gostoso do Gustavo, ele disse que vai.

- May...

- Nem May, nem Mayara, nem Mayarão. Problema seu se quer ficar fugindo dele. Vai ter que aturar sim. Seja madura, Cat! Você é mulher demais pra ficar fugindo de alguém, vocês não se casaram pra ter tido um divórcio e que você não pode ver o cara, oxe!

- Eu sei, Mayara. Mas não vou explicar pra você, porque você não entende.

- E não entendo mesmo, é mole?! Você mesma disse que seu santo abençoou e você largou antes de se apegar, não foi? Entãossi pronto!

- Não ta mais aqui quem falou, May. Já foi! Vou me arrumar, posso?

- Claro que pode, se garanta mermã!