FEITOS PRA DURAR 💍

76.

GUSTAVO.

Fiquei fodido, ta maluco, Deus me livre! Passei um mês internado naquele hospital, já não aguentava mais os mesmos papos sobre a minha recuperação, sobre o que tinha acontecido, essas porras toda.

Deus é mais na minha vida, é o que eu digo sempre, quem me protege não dorme.

Depois de um mês no hospital, minha mãe e meu pai vieram ficar um tempo comigo aqui em casa, vai dizer pra dona Marília que não precisava? Capaz dela nunca mais falar comigo na vida dela, ficaram umas 3 semanas, quase mais um mês.

Implico com minha velha, mas ela é meu maior tesouro, ela e meu coroa, sei que pulam no miolo por mim de olhos fechados. Me deu maior moral, cuidou de mim pra caralho. Devo tudo que eu tenho a eles, sempre.

Meu coroa ficou pilhadão com essa parada, colocou os caras pra ir atrás, pra mim, não valia a pena essa porra. Como ele mesmo disse, quem tem o que perder, sempre será a vítima.

Se eu tô vivo é o que importa, carro, dinheiro, celular, essas porras todas eu mando vir outro. De onde veio os que eu já tinha, vem mais. Tem caô não, sempre trabalhei pra isso.

Falei pra ele deixar essa porra de lado porque conheço minha velha, sei que a preocupação dela ia ser do caralho com meu pai atrás de descobrir isso, velhão já e dando trabalho.

O maior alívio da vida dela foi quando ele entrou na reserva e ela atrás dessas porras, da não.

No mais, só tenho o que agradecer, namoral mesmo. Tô novo, perdi uns kgs, mas já entrei na dieta pra recuperar, voltei os treinos tem alguns dias, posso ficar mal não, risos.

Além disso, meus amigos sempre do meu lado, que isso... só gratidão aos leais, que fizeram campanha e a porra toda pra parada da doação de sangue.

Aquela malucona principalmente, vi a parada que ela postou pra mim, assim que mandei minha mãe comprar outro celular pra mim, tava no hospital ainda.

Essa não saiu do meu lado pra nada, até em consulta ela cismava em ir comigo, aqui em casa eu não sei quem me passava mais carão se era ela ou minha mãe, disputa acirrada entre as duas cara. Só Deus mesmo na causa.

Toda bonitinha preocupada, pô. Ficava mais preocupada que eu com as coisas, vê se pode.

Depois falava que não gostava de mim, que não queria nada comigo, caô. Sei que ela se amarrou na pegada diferenciada, não tem jeito.

Mas a vida não é só festa não, ela ta me ajudando pra caralho mas como amiga, a gente não teve tempo de conversar sobre nada do que aconteceu entre a gente, nada sobre o nosso ponto final.

Sei nem se eu tô preparado pra essa conversa pra ser sincero. Mas não da pra adiar, sempre fica aquele clima no ar, aquele desconforto quando o clima surge e um não pode beijar o outro, se for juntar antes do acidente com agora, já tem mais de dois meses nessa putaria, dá não.

L I G A Ç Ã O, on:

Mãe, fica tranquila cara! Tô em casa e a Catarina vai vir pra cá, a gente vai jantar, você não precisa vir não.

- Ta bom, Gustavo! Depois vou mandar mensagem pra minha nora - ela deu dessas agora, de chamar a Catarina de nora, doida. - pra saber se você tá jantando mesmo, tá comendo direito...

Ihhh, já falei pra senhora dessa parada né? - ela bufou - Começa não. Eu tô bem minha gata, que isso... confia em mim não? Tô fazendo as paradas tudo certo já mãe, quero ver próximo mês quando eu voltar a trabalhar. Fica se preocupando não, vai curtir, sair com o velhote ai.

- Mamãe só quer cuidar do bebê dela e nem me fale dessa sua volta ao trabalho, só de imaginar você louco em cima daquela moto, já me da calafrios. Presta atenção na sua vida, tá? Olha o que eu e seu pai sempre te falamos, não tenho mais saúde pra susto não, Gustavo.

Enquanto ela dava o sermão dela, a campainha tocou, sabia que era a Catarina.

Mãe, a Catarina acabou de chegar aqui, vou desligar, beleza? Te amo muito, tu é minha gata pô! Sabe disso. - eu abri a porta e a Catarina vendo aquela diaba me encarando com um sorriso no rosto. -

- Cadê? Quero falar com ela. - minha mãe disse na linha, ah caralho. Entreguei o telefone pra Cat e sussurrei um "minha mãe" -

Fui entrando e a Catarina veio atrás falando com minha mãe, tinha pedido um jantar pra gente, organizado a mesa e tudo mais...

Não, pode deixar que eu cuido do seu bebê. - ela falou rindo, revirei os olhos. - É, ele dá trabalho mas eu dou meu jeito aqui... Tá, tchau! Um beijo, tia.

- Você fica dando corda pra ela, cara. Incrível! - falei e ela me devolveu meu telefone rindo. -

- Para de ser tão chato, vai! - me cumprimentou com dois beijos no rosto. - O que tem pra jantar? Tô morrendo de fome.

- Perguntei a May e ela disse que você se amarra nessa parada de "pratinho", então mandei vir pra gente pô. - ela me olhou com maior cara de contente. -
- MENTIRA! - Ela já disse olhando as travessas que tava em cima da mesa. - Não acredito, a...Gustavo! - ela vacilou, mas me chamou pelo nome. -

- Tô falando, tem baião com queijo, vatapá, creme de galinha, paçoca (sim, paçoca é farinha+carne e quem discorda é sulista), salada, a porra toda.

- Ai, meu Deus! Que saudade de comer isso todo dia saindo da aula! - ela disse rindo. - Nem acredito, sério, melhor jantar do mundo. Vem, vamos comer. - ela me puxou pela mão, eu só ri da doida. -

Sério, de todo esse tempo que eu conheço a Catarina eu nunca tinha visto ela comer tanto que nem ela comeu esse vatapá, bagulho era mó apimentado, mas bom pra caralho.

Comida tava gostosinha mesmo, mas meu foco nem era esse.

- Vem aqui, Cat. - falei e a puxei pela mão, a gente acabou indo pra sacada. - Senta aqui comigo. - ela sentou na cadeira de frente pra minha, tava com uma latinha de cerveja a doida, aguei... mas nem tô podendo beber ainda. - Porra, maldade tu beber na minha frente, né? Mas não adianta falar, você gosta de maltratar.

- Você ta um reclamão, ein... tudo reclama. Você que lute porque eu posso tomar uns golinhos, quero desestressar. - ela disse estralando o pescoço. -

- Queria conversar com você. - falei a encarando. -

- Então conversa, ué... sobre o que?

- Queria falar sobre a gente, Cat. Sobre como é que fica nós dois... - ela me olhou mais séria ainda, parecia nervosa com o que ouviu. -