Acordei com as vozes que vinham do primeiro andar, fazendo meu coração palpitar acelerado quando reconheci uma delas. Sorri, involuntariamente, me lembrando do rapaz de cabelos loiros e olhos azuis brilhantes que invadiu o laboratório do meu pai na noite que nos vimos pessoalmente pela primeira vez, mas tratei de imediatamente afastar aqueles pensamentos, os julgava errados, em todos os sentidos.
Meu pai não voltou a falar comigo desde a noite retrasada, ele não estava me ignorando propriamente dito, parecia mais estar evitando uma conversa que claramente ele não queria ter. Ele havia percebido o olhar de Steve sobre mim e isso o incomodava de todas as maneiras possíveis. Começando pela recente briga que tiveram, quando Steve escondeu dele o assassino dos meus avós, e essa, basicamente, era a principal razão pela qual eu também deveria querer distância dele, um par de olhos brilhantes não valia o sacrifício. Era tudo muito cedo, há poucos meses meu pai jurava nunca mais falar com Steve Rogers novamente, fez todos da casa jurarem nunca mais tocar no nome "capitão america" outra vez e, então, de repente, tudo parecia voltar a ser como antes, só que estranhamente diferente.
- É que não são só os olhos...tem os músculos, o sorriso, a cara de bobão, o jeito desengonçado...- falei em voz alta encarando meu reflexo no espelho do banheiro. Desfiz o sorriso bobo imediatamente.
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Eu cresci em meio ao caos, vi meu pai enfrentar problemas com alcool, o vi definhar de remoço frente a uma fita de video com o rosto dos meus avós. O vi chegar a beira da falencia, a beira da morte, o vi quase perder o grande amor de sua vida, a Pepper Potts. Mas também o vi ser o melhor pai do mundo em meio a tanta desgraça, mesmo quando ele não tinha mais razão para viver ele foi forte por mim, mas principalmente o vi dar a volta por cima e transformar toda desgraça que a vida lhe deu em uma razão para viver. Ser o Homem de Ferro é o que ele é, e com toda certeza o que ele faz de melhor. É tão errado assim querer ser como ele?
Enquanto crianças da minha idade brincavam com bonecas e carrinhos eu brincava com as armas sem munição na empresa da familia. Aprendi a lutar desde que tenho lembranças da minha existência. Aprendi a atirar com catorze anos. Com dezesseis eu ja sabia pilotar uma nave. Com dezoito eu rodei meio mundo atrás de uma mãe sem nome e sem rosto, que eu jamais encontrei, obviamente. Com vinte e um eu ja havia me formado antecipadamente na faculdade de fisica, parece que a genialidade é hereditária. Com vinte e dois eu conheci o reino de Wakanda, durante uma de minhas expedições no continente Africano, fiz descobertas incríveis e fui autorizada pelo T'Challa a trazer um pouco de todos esses recurso ao meu país. Contanto que eu jamais revelasse a fonte do vibranio.
O que eu deveria fazer com tanta informação? O que eu deveria fazer com uma armadura de vibranio que eu escondo na garagem?
Eu sei que a humanidade corre perigo, afinal, não iam reunir todas as pessoas com habilidades especiais se não fosse importante. Com a bagagem de vida que eu tenho, me considero, em partes, especial também, e me sinto inútil com tanta informação importante parada acumulando poeira em meu cérebro.
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Mary Stark - Nova Vingadora (livro I)
Fanfiction1º Livro da Série "Mary Stark - Nova Vingadora" (História contada em 1ª pessoa pelo ponto de vista de Mary) ______________________________________ Sinopse: Mary Stark, ou Mary Stuart como todos a conhecem, é a consequência de um romance adolescente...