Mary Stark - Nova Vingadora (livro I)

Capítulo 18 - Dangerous Woman

Deitada no chão da sacada observava o céu escuro, as nuvens cobriam quase todas as estrelas. Era tão deprimente quanto a minha vida.

Ainda estava brava com Thor e os três últimos dias que se passaram fiquei trancada em meu quarto. Era bem grande e tinha tudo que eu precisava para sobreviver. A comida era trazida pelos empregados. Não queria ver a luz do sol.

Fitei pela milésima vez aquele dia a tela do celular esperando por uma mensagem apenas, que fosse, mas sabia que jamais chegaria.

De tanto olhar fixo para o céu minha vista desfocou e agora tudo o que eu tinha eram meus pensamentos.

Era uma mulher que já havia vivenciado muitas experiências e agora estava sendo resumida a homens. Deprimente.

"Isso é inadmissível Mary Stark" repetia em meus pensamentos.

Só porque nunca havia vivido um relacionamento não significava que precisava se desesperar por um.

"E pensar que quase me indispus com meu pai por você STEVE ROGERS" gritei para tela do celular onde estava escrito seu nome na caixa de mensagens

Nem estava tão chateada por ser rejeitada por Thor, mas por ser rejeitada por achar que eu era algum tipo de propriedade exclusiva do Capitão America.

Ele deveria ter posto um fim no início se sentia desconfortável, assim como fiz com ele na balada. Mas não, ele me beijou, me tocou...e no fim o que fez? Fugiu como uma criancinha assustada. Ele se satisfez e depois foi embora. Exatamente como Steve. Exatamente como todos.

Deitada com os braços abertos no chão frio eu só conseguia pensar no quão dramático estava minha vida. Era bem melhor antes de tudo isso acontecer.

Eu viajava, fazia aulas de tiro, lutava, saia para baladas, gastava o dinheiro do meu pai, ia a praia e fazia tudo isso sozinha. Agora tinha companhia até para dividir o almoço e tudo parecia estranhamente mais solitário. Se sentir ignorada, deixada, pisoteada, abandona, maltratada pela pessoa que você mais gosta e queria estar junto era pior do que não ter ninguém.

Me levantei do chão cansada de ficar ali sentindo pena de mim mesma e fui para cama, sentir um pouco mais de dó.

Sentia falta de uma mãe nesses momentos. Sempre pensei que não precisasse de uma mas toda filha precisa. Tive minha avó por um tempo mas nem me lembrava mais do som de sua voz ou de seu rosto, a não ser através das fotografias. Ela partiu, exatamente como todo mundo.

Devia ser algum tipo de carma, todos sempre iam embora. Minha mãe, meus avós e agora o Steve. Pelo menos eu ainda tinha meu pai e não importava o quão problemático ele fosse ele era a única pessoa que no fim sempre ficava.

Ouvi batidas na porta e antes que eu pudesse responder meu pai a abriu como se meus pensamentos o tivessem chamado. Ele se assustou e me olhou paralisado por breves segundos, me vendo chorar abraçada aos joelhos.

- Mary, o que foi? - se aproximou tocando meu cabelo. Neguei com a cabeça. - O que você quer? Eu te dou? Quer um carro novo? - tentou brincar, mas eu não estava no clima.

- Quero uma mãe... - olhei em seus olhos e sua expressão alegre se desfez

- Por que isso agora?

- Me sinto sozinha.

- Mas eu to aqui...

- É diferente...- falei entre as lágrimas

- Achei que já tivesse superado isso, Mary! - ninguém supera a ausência da figura materna

- Por que ela me deixou? Por que ela não podia querer ficar comigo como qualquer outra mãe normal? - perguntei sentindo a raiva crescer em meu peito.