Serkan segurou a porta de entrada do consultório para que ela passasse, ainda emburrada esbarrou nele propositalmente ao entrar.
- Não acredito que apostou nosso filho. - disse com certa indignação.
- Filha!
- Você está mesmo muito confiante.
- Eu estou! - se colocou ao lado dela. - Você que não parece tão confiante.
- Eu me recuso a entrar nisso!
- Por que ?
- Porque ele pode se sentir rejeitado caso não seja uma meninada.
- Então você admite que quer que seja uma menina.
- Eu não disse isso!
- Mas pensou! - Ela revirou os olhos.
Passaram pela recepção, Serkan deu seus nomes e a guiou para que se sentassem.- De onde conhece esse lugar?
As paredes cinzas se limitavam onde a madeira começava, o chão em porcelanato branco refletia os pés dela que balançavam pouco à vontades.
Uma mulher sozinha sorriu para ela do outro lado da sala, tinha uma barriga enorme que fez seu coração bater forte.
Será que estava fazendo algo errado?
"Por que a minha é tão pequena?"- A Dr. Cooper é minha cliente e uma das melhores obstetras do estado.
- Acha que ela vai dizer que tem alguma coisa errada comigo? - baixou o volume da voz se aproximando do rosto dele.
- Não! - A estudou, os olhos dela fixos na mulher a frente. - Você acha que tem algo de errado?
- Não sei! Quantos meses acha que ela tem?
- Não sei! Oito talvez?
- Ah, estamos bem então! - Pausou as mãos sobre a barriga. Ele juntou as sobrancelhas. - estou com fome!
- Você não comeu?
- Você me obrigou a vir aqui e agora está questionando a minha fome?
- Não pode esperar um pouco? - Suspirou irritada.
- Um pouco quanto?
- Um pouco Eda! - Suspirou mais forte.
- Tudo bem, não sou eu quem esta com fome de qualquer forma... - Estudou as unhas, ele a fitou com a boca entreaberta.
- Você tá me chantageando para conseguir comida? - ela ergueu os ombros.
- Usamos o que temos!
Serkan concordou.- E o que exatamente a fome que não é sua quer comer?
Ela pareceu pensar por um momento, então se virou para ele. - Que tal um sundae grande com calda de chocolate e amendoim?
- Nem pensar!
- Você perguntou o que ele quer...
- Que tal uma salada de frutas com iogurte e granola?
Ela fez uma careta.A porta se abriu, uma mulher negra por volta dos quarenta e cachos no alto da cabeça surgiu com uma roupa elegante por baixo do jaleco cor de rosa.
- Devo admitir que eu nunca imaginei te ver sentado na sala de espera do meu consultório. - Se dirigiu a eles com um sorriso nos lábios. - Como está Serkan?
- Bem, na verdade eu também não imaginei algo assim. - Eles apertam as mãos.
- Está deve ser a mulher operou o milagre!
Se virou para Eda.- Eda Yldiz!
- Emma Cooper, é um prazer. - cumprimentou com um beijo rápido no rosto. - Vamos entrar?
Eda se deitou sobre a cadeira alta o corpo deslizando levemente sobre o papel.
- Como se sente? - Perguntou erguendo a blusa dela.- Nervosa... - pressionou os lábios.
- Não é sua primeira consulta...
- Com ele... - A Doutora pareceu entender, lançaram um olhar para o homem parado junto aos pés dela. - Ele é um pouco crítico!
- Eu sei o que quer dizer... - ocupou o assento ao lado dela. - Prontos?
Concordaram.Espalhou o gel frio sobre a pele, causando um arrepio rápido.
- Vamos ver o que descobrimos hoje. - pressionou o aparelho o fazendo passear pela barriga.
- Como ele está? - Eda tentou visualizar a tela sem sucesso.
- Conseguimos descobrir o sexo? - Serkan se aproximou por cima dos ombros de Emma.
- Ele está bem, mas não parece querer nos dar uma dica.
- O que, não dá para ver ainda?
- Daria, já estamos saindo da décima sexta semana. - Emma sorriu para eles. - A posição não nos ajuda.
- O problema sou eu né? Falta espaço pra ele se mexer... - Serkan a estudou.
- Não Eda! Ele só não quer que saibamos ainda...
- Tem certeza que está tudo bem? Eu não o senti mexer até ontem, e a minha barriga é minúscula, você viu a moça lá fora? Parece que ela tem três bebês lá dentro.
- Não tem nada de errado com vocês, cada gestação funciona de maneira única. Quanto a sua barriga, vai crescer. Acredite. - Suspirou aliviada. - Prontos para ouvir o coração?
Eda prendeu a respiração, tinha feito apenas uma consulta gestacional desde que descobriu a gravidez, apenas para saber os cuidados que deveria tomar, tomava os suplementos prescritos pelo médico, no entanto, a rotina com o pai e o com os quadros a estavam sugando.
Se sentiu culpada de repente, havia negligenciado seu próprio filho?Serkan havia dito que estava preocupado com a alimentação dela, ela realmente tinha um histórico alimentar tenebroso, mas vinha melhorando isso, estava comendo melhor e regularmente desde que descobrirá sobre o ser humano em seu ventre, se importava com ele, mas e se tivesse feito algo de errado nos últimos meses?
Os sons de batimentos cardíacos rápidos e fortes atingiram seus ouvidos.
Sentiu seu próprio coração acelerar, aquele era o seu filho?
Não conseguiu evitar que as lágrimas escapassem, dedos quentes procuraram os seus.
Ele estava ao seu lado novamente, como vinha estando desde que seus caminhos se cruzaram pela primeira vez, a vida continuava os lançando na direção do outro incansavelmente.E agora o universo tinha acabado de amarrar seus destinos.
Estariam ligados pelo resto de suas vidas, algo vivo estava crescendo dentro dela um pedaço dos dois.Serkan apertou seus seus dedos. - É normal que bata tão rápido?
- Perfeitamente normal! Tudo que tem a fazer agora é se cuidar da melhor maneira possível. - Emma limpou o gel de sua barriga. - O peso e o comprimento estão adequados para idade, então é só continuar com o bom trabalho e evitar situações estressantes. - Ergueu o olhar para Serkan. - Estresse não vai fazer bem nem para a mãe e nem para o bebê.
Deixaram o consultório, o manobrista o entregou as chaves do carro recém estacionado.
Serkan abriu a porta do conversível para que ela se sentasse.
- Então... - ele a estudou - onde vamos tomar aquele sundae?- Eda...- ela ergueu um dedo para ele.
- Não pode me estressar... - ele fechou a porta dando a volta no carro. - Eu tenho um monte de coisas para resolver ainda hoje, então eu só quero o meu sorvete.
Sorriu contente.- Que coisas?
- Minha exposição...- se virou para ele no banco. - você vem?
- Ah, eu tenho trabalho Eda!
O sorriso se quebrou.
Ela voltou para o lugar.
- Entendi!- Vamos pegar o seu sorvete!
Ela fechou o cinto.
Ele saiu com o carro.
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Acaso perene |✅| [Em revisão]
FanfictionEda Yldiz tem 26 anos, três boas amigas e um histórico trabalhista desastroso. Depois de diversas tentativas frustradas em empregos mal pagos, e da sua última experiência como garçonete ela resolve que é hora de mudar. Precisa de um emprego que aj...