Tudo dando errado, de novo (parte 2)

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Ceren tinha feito algo incrível por ela, conseguiu uma entrevista com o chefe

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Ceren tinha feito algo incrível por ela, conseguiu uma entrevista com o chefe.

O chefe sádico dela.

Okay, ela não o conhecia, mas fazia três anos que escutava a amiga reclamar dele.
Coisas como "Ele é louco", "Sério demais" "Se ele pudesse, mataria alguém", " Ele demitiu três assistentes em um mês".

Mas também ouvia coisas do tipo " Aquele homem não pode ser de verdade", " Um gênio!" " Ele é brilhante!", "Eu juro pra você, não tem um dia que ele passe por mim, que eu não pare para admirar." "Um grande gostoso!".

Ceren era advogada júnior em um dos melhores escritórios de advocacia da cidade, trabalhava para como ela mesma gostava de dizer " uma lenda viva abaixo dos 40", ela admirava o chefe, apesar do sadismo dele. E agora ela tinha a oportunidade de conseguir um emprego com o mesmo sádico.

- Fantástico ! - sorriu encarando o espelho, o vestido preto básico colado ao corpo, prendeu isso cabelos no alto da cabeça e pegou a bolsa, estava em cima da hora...

Atravessou o bairro até a estação de metrô, e ficou feliz por vê-lo a sua espera, mais 15 minutos e chegaria a seu destino.

O prédio corporativo em mais andares que ela poderia contar refletia as luzes da cidade que começava a se acender com o fim de tarde, atravessou o saguão e tomou o elevador.

- 34°... - sussurrou para si quando uma loira de pernas longas entrou atrás dela.

As portas se abriram e o nome "Bolat Atakan associados" brilhou em letras grandes de metal, faltavam exatos 10 minutos para as 18 horas quando ela se dirigiu até a recepção guardada por uma mulher de olhos grandes atrás de óculos de grau, cabelos pretos um pouco a baixo das orelhas.

- Boa noite! - a mulher lhe ofereceu um sorriso.

- Boa noite, se tiver uma hora marcada é só me dar o seu nome e aguardar.

- Ah, Eda... Yldiz, eu tenho uma entrevista com...

- Você é a amiga da Ceren? - sussurrou por cima do balcão alto de madeira. - ela disse que você vinha.

- Isso, sou eu!

- Certo, eu sou Leyla. O senhor Bolat está terminando uma reunião agora, e loga vai recebê-la. Você pode aguardar ali. - Apontou para o conjunto de bancos e voltou a olhar para o computador.

Cogitou a ideia de se sentar, mas estava nervosa, aquela era uma empresa séria, precisava pensar em coisas que não parecessem estúpidas para responder. Não que ela fosse uma idiota, mas nunca se sentiu confortável nesse meio e não querias decepcionar ou envergonhar a amiga em seu ambiente de trabalho.

Torceu os dedos uns nos outros e varreu o lugar com os olhos procurando pela amiga, infelizmente não encontrou vestígios da loira em canto algum. Sentiu a boca secar, precisava de água!

- Desculpe... Leyla! - a mulher sorriu pra ela novamente e piscou os olhos como afirmativa.

- Onde eu posso pegar um pouco de água?

- uh, final do corredor a esquerda. Tem uma copa pequena, esse horário tem poucos funcionários, você pode pegar algo para beber lá.

- Final do corredor, entendi! Obrigada! - sorriu para a mulher, agradecida pela gentileza.

Caminhou firme entre as divisórias e as paredes de vidro transparente e virou para a esquerda, ficou feliz ao encontrar um filtro, encheu um copo com água e conferiu o relógio 18:07, era melhor voltar, fez o caminho de volta, mas ao virar novamente no corredor, seu corpo se chocou contra o de outra pessoa, o copo na sua mão estalou no peito largo coberto por um camisa social branca de mangas arregaçadas a meio antebraço, um caminho de três botões abertos se iniciavam na gola e descia até onde seu nariz apontava.

Aquilo não poderia estar acontecendo com ela, não hoje, não ali. Sentiu a água escorrer pelos dedos em volta do copo amassado contra o corpo do homem, sabia que se o estudasse por alguns segundos descobriria uma situação bem menos seca que a dela, se forçou a olhar para cima.

O maxilar travado em baixo de uma camada de pelos avermelhados,  a barba bem feita moldava um rosto forte, olhos esverdeados intensos encaravam o seu rosto. Deu um passo vacilante para trás, fez menção de abrir a boca para dizer algo, mas a voz sumiu quando os olhos dele a estudou com precisão e a voz dele soou no espaço entre eles.

- Senhorita Yldiz, eu imagino - ela mudou o peso do corpo de uma perna para outra, e com um gesto afirmativo de cabeça confirmou para ele como uma criança pega fazendo algo errado pelo professor. Ele encarou o estado de sua roupa e voltou a encara lá. - está atrasada!

Acaso perene |✅| [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora