Eda Yldiz tinha partido.
O filhote estava crescendo.
E ele estava se esforçando em não sentir falta dela.O problema era que para onde ele olhava parecia existir algum resquício dela.
Em seu escritório, enquanto olhava aquela maldita agenda digital ou quando se esquecia momentaneamente e procurava por ela em sua sala encontrando apenas o vazio.
Não voltou a entrar na sala dos arquivos, Leyla estava cuidando das cópias para ele.
Também vinha evitando Ceren nos últimos dias, porque em algum momento ele sabia que ela diria o nome.Em sua casa a situação era pior, ela estava em toda parte.
Em sua sala de estar reclamando de sua falta de móveis ou das cores das paredes, na cozinha, na maldita piscina e no seu quarto.
Ali a situação era intragável, ela estava em absolutamente toda parte, Eda estava impregnada em cada canto daquele lugar, e por mais que ele trocasse as roupas de cama e mandasses todas as suas roupas para lavanderia, mesmo que ela não tenha usado todas as suas camisas, ela ainda continuava la.Ele passou a ocupar o quarto de hóspedes, ali pelo menos conseguia dormir.
Mas ele não era o único a sentir falta dela.
Seu filhote de cachorro também sentia.
Sirius poderia ter convivido pouco com ela, mas ninguém se esquece da pessoa que lhe salvou a vida, ele também não a esqueceria.O seguia por toda parte, dormia junto aos seus pés, pedia sua atenção.
E ele desenvolveu um laço com a criaturinha.
Era seu novo companheiro de apartamento, apesar de se estranharem às vezes, ele passou a ser seu confidente.
Estava evitando Engin, porque não aguentava mais o escutar falando dela a cada frase que saia de sua boca.Porque ele estava ciente de sua ausência, mas a distância foi uma decisão dela.
Ele entendia o fato dela ter que priorizar o pai.
O que ele não entendia era porque aquilo anulava os dois.Ele tinha lhe apresentado a solução mais lógica.
Mas Eda possuía o orgulho dela.
E ele possuía o dele.Não poderia negar que tinha mudado, ela o tinha mudado.
Se sentia diferente, sabia que a sua volta as pessoas o viam diferente, graças a ela.Mas agora ele não sabia como agir sem ela por perto.
Porque fora de sua casca se tornava vulnerável, enquanto ela estava por perto essa vulnerabilidade tinha uma finalidade, agora ele apenas parecia fraco.Poderia se fechar de novo em sua casca, mas retroceder nunca fez parte de sua personalidade, no entanto, fragilidade também não.
Então ele ficou à meio caminho, se fechou parcialmente.
Voltou a usar armadura diante das pessoas, removia a armadura diante de si mesmo.Não voltaria a ser o que era, não depois de Eda Yldiz.
Assinou os contratos que Engin tinha posto em sua mesa.
- Só isso? - evitou o contato.
- Na verdade, eu queria saber como você está.
- Bem Engin! - aplicou uma falsa concentração no computador a frente.
- Teve notícia dela?
- Não Engin.
- Você vai ligar ? - Serkan ergueu os olhos para ele.
- Por que eu ligaria?
Engin agitou os ombros.- Porque é Natal e ela deve estar se sentindo sozinha.
- Foi escolha dela.
- bom acho que no lugar dela, passando pelo que ela está passando...
-O que? - fixou a atenção no rosto dele. - Também teria recusado a minha ajuda?
- Você está com o orgulho ferido, Eda não recusou sua ajuda Serkan. - esticou a mão para toca-lo - ela recusou o seu dinheiro.
As palavras dele o atingiram, o que ele deveria ter feito?
Tinha estado diante dela, sem nenhuma proteção.
Tinha atravessado barreiras próprias, colocado seus hábitos de lado e se doado.Ofereceu sua casa, seu tempo, e sim, provavelmente o seu dinheiro.
Mas era a única coisa que a impediria de estar onde está agora, à 744 quilômetros de distância dele.- O que quer que eu faça Engin? - seus olhos arderam e seu coração apertou, sentia tanta falta dela.
- Não posso te dizer o que tem que fazer, mas no seu lugar eu lutaria por ela.
- E se ela não quiser que eu lute?
- Desde quando você desiste no primeiro protesto? Dê um tempo a ela, tempo para vocês dois. Apenas para que vocês percebam que as cabeças duras de vocês não podem estar longe uma da outra.
- E se esse tempo nos afastar ainda mais?
- Serkan, durante esses dias longe dela essa coisa que você sente diminuiu?
Ele travou o maxilar.
- Foi o que eu pensei. - Engin se levantou. - vai ser bom para que vocês esclareçam seus sentimentos, dessa forma quando se virem novamente não restarão dúvidas.Engin estava certo?
Ele estava.
Os dias tentando evitar o fantasma dela não ajudaram no seu processo de esquecimento, apenas criaram uma distração momentânea.
Se focar em outras coisas durante o dia para que no final da noite ela voltasse a povoar sua mente.Engin estava certo, tomaria o tempo para tentar entender, sem forçar sua mente a nada.
Apenas deixaria o "universo" cuidar de tudo.
E agiria no momento certo.
Talvez o karma estivesse ao seu lado.Entrou em casa.
As patas de Sirius escorregaram pelo piso liso.
O carregou entre os braços até o sofá, estava crescendo e ficando mais pesado a cada dia.- Como você está? Em ? Sentiu minha falta? - latiu agitado, Serkan acariciou sua cabeça. - Está com fome? - outro latido. - se ergueu com o filhote em seu encalço e ao erguer a vista para a parede lá estava ela, em seu presente de aniversário, o lembrando mais uma vez que nunca em sua vida conseguiria esquece-lá.
Eda Yldiz tinha partido.
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Acaso perene |✅| [Em revisão]
FanfictionEda Yldiz tem 26 anos, três boas amigas e um histórico trabalhista desastroso. Depois de diversas tentativas frustradas em empregos mal pagos, e da sua última experiência como garçonete ela resolve que é hora de mudar. Precisa de um emprego que aj...