Sou grato/a por... (parte1)

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Já se perguntou o que é o acaso?

Não a palavra em si, mas o seu significado.
Já pensou nas possibilidades, imprevistos, opções, chances, acontecimentos, condições, hipóteses e incidentes que trabalharam juntos apenas para você estar onde está agora?

Não? Tudo bem, a maior parte das pessoas não pensa sobre isso, sobre o destino. Aquilo que é determinado pelas leis naturais.

Sorte e azar;
Fortuna e ruína;
Amor e ódio.

Eda também não.

Pouco tempo atrás, estava servindo mesas em uma lanchonete sendo assediada por um homem estranho, demitida pela chefe e jogada na sarjeta sem direito a defesa.
Agora, no entanto, lá estava ela sentada em uma mesa cara em um escritório de luxo, dividindo uma parede de vidro com o homem ao qual dias antes acidentalmente tinha esbarrado com um copo de água.

Acaso;
Destino;
Karma;
Akai ito.

Ou como a mãe dela costumava contar o fio vermelho do destino.
Mas porque ela estava pensando nisso agora? Enquanto estudava o homem rígido em sua mesa...

Porque sua mãe costumava dizer que os japoneses acreditavam que seus destinos estavam ligados a outras pessoas por um fio vermelho amarrado em seus dedos mindinhos, e que independe do tempo fosse dias, semanas, meses ou anos suas almas estariam conectadas.
Destinadas a dividir uma história: amor ou ódio.

Mas porque agora? Voltou a se perguntar.
Nunca antes teve a sensação das palavras de sua mãe tão fortes em sua cabeça, mas agora estava ali buscando respostas para perguntas que nem sabia que existiam.

Serkan Bolat seria a outra ponta de seu fio vermelho?

A luz verde de seu interfone acedeu.
Tamborilou os dedos na mesa apreensiva, o joguinho de se esconder dele durante a semana não estava rendendo os resultados esperados. Porque ela esperava que ele desaparecesse, ainda não tinha perdoado o fato dele ser um babaca.
Mas desmanchar na frente dele sempre que ele se aproximava não conferiam a ela uma imagem muito confiante.

Qualquer um que o olhasse através daquelas paredes de vidro enxergaria um homem forte, duro e imparcial.

Ela não, não conseguia mas vê-lo assim.
Diante dela ainda era forte, porém demostrava fraqueza quando ela o tocava, se tornava maleável, como aço em brasa então quando ela se afastava ele voltava a ser duro.
Hora distante e frio, hora perto e quente.
Serkan Bolat era um robô, um robô com camadas de humanidade.

Olhou para ele, ele apontou para o telefone.
Puxou o ar enchendo seus pulmões e então soltou.
- Sim!

- Confirmou meu vôo para hoje ?

- Sim, como te disse hoje de manhã. - porque ele estava perfurando o vidro com os olhos? Queria atingi-la? - A audiência do caso Barnes começa amanhã às 8 horas. Eu reservei um quarto para você próximo ao tribunal de Los Angeles e aluguei um carro. Seu vôo sai hoje às 21 horas.

- Certo! - ele baixou o olhar - Obrigado!

- É o meu trabalho! Algo mais?

- Não! - fez menção de desligar - Eda!

-Sim? - o silêncio se propagou na linha.

- Não é nada! - Desligou.

"Instável"

Eda o estava evitando, de novo. Sim ela voltará ao plano do qual não deveria ter desviado.
Tinha feito um monte de burradas por sua impulsividade.
Estava cansada!

Acaso perene |✅| [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora