Saíram do carro em silêncio.
Nenhuma palavra dita desde que deixaram o evento.
No fim das contas ele tinha mesmo razão, aquela tinha sido uma péssima ideia.
Ele deixou o carro do outro lado da rua, atravessaram lado a lado, as mãos nos bolsos dos casacos protegidas do frio.
Passaram por um homem com um gorro xadrez ridículo na entrada, Serkan segurou a porta para que ela entrasse, uma voz chamou ao fundo.
- Eda! – se virou.
“Mas que porra?!”- Podemos conversar? – olhou abismada para o homem à sua frente.
O rosto parecia mais fino ele também parecia mais magro, o olhar agitado sob os olhos azuis, os cabelos estavam maiores agora rebeldes, presos em baixo do gorro.
Eda olhou para Serkan, calado e confuso tentando entender a cena.
- Cenk? O que faz aqui?
- Eu, te mandei algumas mensagens. – Serkan apertou os olhos nele.
- Eu recebi.
- E porque não me respondeu? – ela removeu as mãos dos bolsos.
- Por que eu não tinha o que dizer.
- Eu disse que queria conversar Eda!
- E eu disse para não me procurar mais a ultima vez que nos vimos.
- Eu sei, é só que...
- Que?
- Eu senti sua falta, nos últimos meses.
“Era só o que faltava hoje!”
- Isso é uma piada? – Serkan desceu o degrau alcançando a altura dele. – Sério que você esperou do lado de fora do prédio da sua ex namorada depois de ter traído ela com outra, para dizer que “sentiu falta dela”?
Eda arregalou os olhos, como ele sabia que Cenk era seu ex?
Ela não se lembrava de ter contado nada...
Será que?
“Ah sim, bêbada”- Quem é você cara? – Cenk removeu o gorro ridículo da cabeça, olhou para Eda e depois para Serkan. – O que? Vai deixar esse Playboy engomado falar por você?
- Playboy? – Serkan se afastou dele.
- Cenk, o que você quer?
- Achei que pudéssemos tentar de novo. – Serkan soltou uma risada alta. – Qual o seu problema?
- Sinceramente... – Serkan endureceu o rosto – no momento é você!
- Cenk, acho melhor você ir...
- É Cenk, desaparece! – Eda o puxou pelo braço o arrastando para dentro.
- Não acho que tenhamos qualquer coisa para discutir Cenk, tudo o que tínhamos para dizer foi dito quando você escolheu me trair.
- Eda!
- Adeus Cenk!
Subiram as escadas e atravessaram o corredor.
- Quando ia me contar que esse imbecil estava te enviando mensagens? – Ela girou a chave na porta e a empurrou.
- Eu não ia! – jogou a bolsa sobre o sofá.
- Como? – Ele removeu o blazer, ela se virou para ele.
- Eu não respondi as mensagens dele, não achei que fosse importante.
- Não achou que fosse importante? – Ele passou a mão pelos cabelos.
- Eda aquele homem estava em frente a sua casa!
- O que você acha que ele iria fazer?
- Eu não sei, mensagens, ligações, te esperando em frente a sua casa... – ele caminhou pelo cômodo – isso é perseguição Eda!
- Ele é inofensivo!
- Inofensivo? – fitou o rosto dela – ele estava atrás de você.
Bufou irritada.
- Espera um pouco... Isso é mesmo por causa de Cenk?- E por quem mais seria?
- Não sei, você parece muito irritado. – Ela se aproximou – Primeiro Efe e agora isso.
- Efe! Vai mesmo chama-lo pelo primeiro nome? – ela empinou o nariz para ele – Depois dele ter tentado...
- Eu poderia me defender perfeitamente.
- Ah eu vi como você se defendeu.
- Serkan!
- O que Eda? – viu os olhos dela queimarem de raiva. – Se não tivesse soltado a minha mão eu não seria obrigado a ver aquele imbecil dando em cima de você a noite toda.
- A então a questão não era sobre o meu desconforto, e sim ao seu. – Empurrou o peito dele com as mãos. – Meu desconforto em ser vista como a secretária que dorme com o chefe.
Ele suspirou.
- Eu não era seu chefe essa noite Eda!
- Mas as pessoas não se importam.
- Você se importa demais com o que as pessoas pensam.
- Deve ser porque eu estou cansada de ser julgada, sabe quantas vezes me olharam como aquele homem me olhou? Na minha vida? No ultimo ano? Acha que dizer as pessoas que estamos juntos, faria eles me olharem diferente sabendo que eu trabalho para você?
Ele desviou os olhos dos dela.
- Acho melhor você ir... – Ele buscou seus olhos.
Ela baixou o olhar.
Buscou o blazer com as mãos, passou por ela batendo a porta atrás de si.
A cabeça dela latejou sua mente se encontrava uma bagunça.
Tinham sentimentos confusos brigando dentro dela.
Removeu seu vestido, seus sapatos e brincos então soltou o cabelo.Entrou no chuveiro e esperou a água quente percorrer seu corpo, sentiu um vazio instantâneo e a raiva a consumiu no instante em que percebeu que já sentia falta dele.
Ela chorou.
Com raiva.Raiva dele por fazer com que ela sentisse coisas tão confusas.
“Odeio você Serkan Bolat!”
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Acaso perene |✅| [Em revisão]
Fiksi PenggemarEda Yldiz tem 26 anos, três boas amigas e um histórico trabalhista desastroso. Depois de diversas tentativas frustradas em empregos mal pagos, e da sua última experiência como garçonete ela resolve que é hora de mudar. Precisa de um emprego que aj...