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Na escola, eles ensinam que devemos ter esperança

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Na escola, eles ensinam que devemos ter esperança. Minha professora de religião falou isso uma vez, na quinta série. Eles gostam de dizer que esperança é algo bom.

Mas o que tem de bom em adiar seu sofrimento? Esperança é como uma cola, junta suas expectativas e te faz acreditar que algo ainda é possível, no fim você apenas descobre que a cola não é tão forte assim.

Aprendi a viver sem esperança. Sem expectativas, sem decepções.

Já havia se passado dias.

Nem sinal de Beyla. E inevitavelmente, já estava sem esperanças quanto a sua promessa de me ajudar. Ele poderia achar que eu joguei sua pena no fogo por birra. Meu peito implorava que ele não cogitasse essa ideia.

Vez ou outra eu encarava meu pulso, onde sua promessa esteve escrita ali, dias atrás. Nos primeiros dias me trazia uma boa sensação. Por um momento eu achei que esse sentimento fosse bom. Mas lembrei que a cola nem sempre é forte.

Tentava me entreter e ocupar meu tempo me concentrando nas conversas dos meus vizinhos, muitas vezes eram na verdade discussões. Outras vezes, as amigas de Natasha vieram para cá e eu consegui descobrir alguns segredos delas, me parecia útil guardar aquelas informações.

No fim do dia, quando eu me deixava cair sem forças no chão, com as costas grudadas na porta, eu conseguia ver minha mala, ainda arrumada, debaixo da cama. E foi nesses pequenos momentos que eu lembrei que estava feliz.

Eu estava feliz e tinha colocando muita confiança que aquilo seria minha salvação. Não me toquei que eu quebrei uma das minhas políticas auto preservativas.

Eu teria que me salvar.

Não podia continuar assim. Eu tinha que fugir.

Me arrastei até minha escrivaninha, queria desenhar. Se eu não tentasse me acalmar ia começar a chorar sem parar.

Quando meu olhar caiu na mesa, vi um caderno. Um diário, talvez. Capa azul escuro, quase preto. A capa era de couro resistente. Tinha uma cordinha marrom que segurava o caderno. Tinha dois chaveiros presos na cordinha. Uma estrela e um M.

"Para minha estrelinha.
— DM"

Abri o caderno e ele estava totalmente vazio. Nenhuma pista entregando quem poderia ter me enviado. Dormiria sem respostas por mais uma noite.

Me arrastei até a cama e deitei de bruços, minha vontade de desenhar havia sumido. Meus olhos estavam pesando. Nem percebi que já era tarde. O relógio dourado acima da minha porta entregava que já passava da meia-noite.

Acordo em um pulo do meu cochilo com duas batidinhas na janela.

Engatinho até a janela e com a vista embaçada abro a janela. Beyla estava ali flutuando, suas asas batendo levemente. Seu rosto continha um sorriso discreto mas brilhante. E seus cabelos estavam bagunçados por causa da brisa. Ele parecia um dia de primavera no meio do bosque da rua 36. Radiante.

A parte mais negra do escuro|✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora