Delilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal.
Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...
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Durante a noite do dia anterior, Astrid se mudou para meu quarto. Como eu havia dito, a diretora não nos repreendeu nem nada por estar quebrando a divisão do colégio. Ela apenas desejou seus pêsames com o olhar carregado de pena que não me importava nenhum pouco. Odiava isso.
De manhã, quando saí para o café da manhã, todos os olhares se dirigiram a mim que caminhava com meus tênis brancos com os desenhos que fiz com canetinha e tinta, a intenção eram rosas, mas eu havia borrado então só parecia uma mancha vermelha, escrevi de preto "Eu não o matei" na borda no tênis.
Eu dava pequenos saltos no chão criando uma melodia viciante, eu cantarolava alguma música que não lembrava o nome.
Depositei um beijo na bochecha de Astrid que havia saído mais cedo, sorri quando a marca do meu gloss vermelhinho ficou em sua bochecha. De soslaio, consegui ver Crystal com a atenção desviada do seu livro me aniquilando só com seu olhar. Ela havia ficado muito irritada porque Astrid trocou de quarto.
Abracei os gêmeos e acenei com a cabeça para os meninos e Crystal. Havia apenas um lugar vago na mesa, do lado de Nico. Provavelmente algum tipo de plano para ele conseguir falar comigo. Fui para o meio dos gêmeos e empurrei os dois, sentando entre eles.
Roubei um morango de Gaby, escutei ela resmungando algo como "Certos hábitos nunca mudam" Ignorei o olhar cabisbaixo de Nico e o olhar raivoso de Crystal.
Uma bela manhã, não?
— Seu cabelo estava mais bonito... antes, Delilah. — Crystal fala.
Eu estava me perguntando onde estava a menina doce que conheci no primeiro dia de aula e por que ela mudou tanto. Mas bem, eu também havia mudado. E, embora eu achasse que foi por minha aproximação repentina com Astrid, nunca dei motivos para ela achar que gostava romanticamente da ruiva.
— Na verdade, ele está bem bonito. — Forço um sorriso.
— Não me refiro a cor... Aliás pintou? Enfim, não importa... O que quero dizer, ele estava bonito longo.
— E agora está bonito curto. E sobre a cor, não pintei... aprendi uns truques, esse por exemplo. — Encaro os olhos de Crystal tendo consciência de que meus olhos azuis estavam vermelhos, seguindo para amarelo, branco, pretos e por fim verdes. Tive tempo para aprender a controlar com ajuda de minha tia.
— Uau! — Gabriel diz. — Isso foi muito legal! Não cansa de nos surpreender, não é Lalinha?
— O que posso dizer? Sou uma caixinha de surpresas. — Dou de ombros ainda encarando Crystal que desviou sua atenção para um livro grosso e gasto. — Vou andando para a sala, minha primeira aula é de... — Encaro a folha com meus horários. — História da magia nível IV, estou com vocês, a diretora me deixou pular o semestre que perdi... então, vou precisar de ajuda para recuperar o conteúdo.
