— Delilah, acorde. Quero chegar cedo no refeitório e pegar uma boa mesa. — Ivy puxa meu lençol.
— Mas 'tá tãaao cedo. — Choramingo, abraçando meu travesseiro e me encolhendo na cama.
— Vamos logo. — Levanto da cama com um bico. — Você pode dormir no almoço, podemos ir na estufa e você dorme no sofazinho que tem lá.
— Feito.
Levanto da cama e vou até o armário pegar meu uniforme. Entro no lavatório que tinha no quarto. Tomo um banho rápido e lavo o meu rosto.
Saio do lavatório já vestida. Estava com a saia de pregas, a blusa de botões e o blazer.
— Lilah, quer que eu faça algum penteado no seu cabelo?
— Se não for pedir muito. — Dou de ombros.
— Claro que não! Calça seus sapatos e senta na minha penteadeira.
Sento no banquinho que tinha ali, o espelho redondo mostrava Ivy mexendo na gaveta da sua mesinha de cabeceira. Tentei não olhar muito para o meu reflexo, a cicatriz ainda estava avermelhada e bem aparente, eu agradecia a Ivy por não perguntar a origem dela.
— Acho que vou fazer duas tranças grossas e deixar uma parte do seu cabelo solto. — Ela tinha um fio dourado enrolado no dedo indicador.
Ivy separa duas madeixas grossas de cada lado e amarra o restante do cabelo de forma desleixada. Observo ela esticar a mecha grossa e deslizar o dedo com o fio dourado sobre ela, assim que ela soltou a mecha, percebi que estava brilhante e mais sedosa, e enrolado levemente. Ela fez o mesmo do outro lado, então juntou as duas mechas e alguns centímetros longe das mechas juntas, ela girou o dedo. O meu cabelo se trançou. A parte do cabelo que estava presa, ela desamarrou e enrolou todo junto, quando o soltou, ele estava ondulado e mais brilhante.
— Como... como você fez isso? — Toquei o meu cabelo, o sentindo mil vezes mais macio.
— Aprendi com a minha mãe. — Ela desenrolou o fio dourado e o guardou em uma caixinha. — Eu ia fazer algo mais rebuscado, mas você fica bonita com o simples. Você é adorável.
— Obrigada. — Agradeci, ainda embasbacada como a minha aparência havia melhorado.
— De nada. — Ela cantarola.
A vejo dançar e rodopiar pelo quarto murmurando uma canção que não conhecia.
— Você está feliz? — Questiono com o cenho franzido.
— Por que não estaria? — Ela dá de ombros.
— Como você consegue ser feliz de manhã?
Ela solta uma risada e me abraça.
— Manhã é algo belo, Lilah. — Ela sorri e enlaça nossos braços. — Vamos comer.
No caminho encontrei Beylamin e seu grupinho. Nico estava de cara fechada, o que me fez me sentir um pouco melhor por não ser a única de mau humor tão cedo. Astrid estava ao lado de Crystal e conversava animadamente com Beyla. Crystal segurava um livro grosso e o lia com tanta concentração como se o mundo não existisse. Desejei bom dia a todos e segui Ivy. Vi que Beyla tinha um olhar magoado, talvez ele quisesse que eu me sentasse com ele.
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A parte mais negra do escuro|✔️
FantasíaDelilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal. Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...