Eu não era covarde.
Eu não era covarde, molenga, medrosa ou qualquer outro sinônimo que houvesse para isso. A minha constante vontade de chorar, fugir e surtar não queria dizer nada, quer dizer, eu me sentia sobrecarregada, me sentia fraca, a pior, mas ninguém precisava saber, não era da conta de ninguém. Então, eu não sou covarde.
Eu não sou covarde.
Repetia para o espelho. Repetia para tentar me fazer me sentir melhor.
A forma de como as pessoas conseguem implantar opniões negativas e coisas ruins na sua cabeça é angustiante. E querer provar o contrário era pior ainda.
Da janela do meu quarto eu encarava o lago próximo ao Salgueiro familiar. O lago brilhava.
Eu me perguntava o quão longe eu estava disposta a ir para obter respostas. Mas agora, não era só sobre respostas. Era sobre meus medos, eu queria provar a Lua que ela estava errada. Ela está errada! Não sou frágil, muito menos medrosa.
Eu ia provar isso.
Calcei meu tênis antes de sair do quarto, assim que fecho a porta, minha tia aparece. A casa já estava vazia novamente, meu pai e Atena já haviam fugido provavelmente para fora do continente, meus outros tios tinham coisas mais importantes para fazer. Estávamos eu e minha tia agora, nós duas e mais uma dúzia de funcionários que não ousavam olhar nos meus olhos, como se eu fosse qualquer coisa menos humana.
Eu fiquei tão presa ao meu mundinho, chorando e me lamentando sobre Ivy, que havia esquecido que Calliope também havia perdido alguém, sua filha.
Suas roupas elegantes e joias brilhante e aparentemente pesadas, eram apenas um disfarce para sua dor. Por mais que usasse maquiagem, seus olhos azuis estavam opacos, ela continha o mesmo olhar de Ivy caída no chão. Sem vida. A região abaixo dos seus olhos carregavam bolsas escuras, nem mesmo seu corretivo caro havia encoberto.
— Olá, Delilah. — Tentou forçar um sorriso.
— Oi, tia. — Murmurei com a voz falha.
Um silêncio desconfortável se instalou, meus tênis pareciam muito mais interessante do que o olhar da minha tia.
— Hum... Seus amigos, ele vieram aqui... — Levanto a cabeça rapidamente quando minha tia menciona meus amigos. Fazia tempo que não falava com eles. — Eles perguntaram de você e da... Blue Ivy... Perguntaram quando iam voltar para a escola.
— O que você disse para eles? — Questionei em um sussurro.
— Disse que não voltaram ainda... Mas os tranquilizei, disse que demorava mesmo e que vocês... — Suspirou. — Estavam dando notícias diariamente. O que quer fazer?
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A parte mais negra do escuro|✔️
FantasíaDelilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal. Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...