Delilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal.
Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...
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Eu tinha muitas perguntas. Mas não sentia vontade ou coragem suficiente para me levantar para questionar alguém. Com o passar dos dias, minha cabeça foi pegando clareza e a ficha caindo.
Ivy estava morta.
Todo dia eu tinha que falar isso em voz alta pelo menos três vezes, talvez entrasse na minha cabeça e eu finalmente poderia seguir em frente. Mas eu não conseguia.
Eu não conseguia sair da cama para pentear meu cabelo cinza, nem para me alimentar ou aproveitar o pouco tempo que me restava perto do meu pai, antes dele fugir. Não conseguia sair da cama para buscar respostas sobre minhas asas, minha aparência ou sobre como eu consegui achar meu dragão sem ter feito absolutamente nada.
O vazio era ruim, era estranho não escutar Ivy me dando sermão. Passo o dia todo encarando a porta esperando ela entrar dizendo algo como "Você não pode perder um dia produtivo para passar o dia deitada, você tem quer ser mais resiliente." Mas no fim do dia ela não aparecia ali.
Meus olhos doíam, eu não dormia de forma saudável. Eu me auto enfeitiçava, por causa disso meu corpo não descansava 100%.
Sorri minimamente com a ideia que passou pela minha cabeça. Calço minha pantufa e visto meu roupão, saio andando na ponta dos pés. Eu ia para o quarto de Ivy, afinal antes disso tudo, eu considerava meu quarto também. Espero que o seu cheiro nos lençóis me deixe embriagada e eu durma bem.
A casa estava silenciosa, as cortinas antes vermelhas ou azuis, estava de tom cinza. As vezes eu me esquecia que minha tia havia perdido uma filha e deveria estar sofrendo até mais que eu.
Enquanto caminhava em direção ao quarto de Ivy, murmurinhos chamaram a minha atenção, como não estava conseguindo ouvir bem, vasculho com o poder que eu guardava, as vozes.
Agora as vozes eram bem vindas.
Talvez por tê-las guardando por tanto tempo, não estava conseguido ouvir muito bem, mas me concentrei o máximo e me aproximei mais da porta me escondendo atrás de uma estátua de alguma deusa grega antiga.
"Não vou contar."
"Vai ser pior se ela descobrir por outros meios, Dorian... Delilah merece saber."
"Não! Vocês viram, não viram? O que Marina fez com ela, ela está traumatizada de todas as formas possíveis... Não vou contar a ela, nem sabemos ser é verdade!
"Você sabe que é verdade... -sofrer quando descobrir, vai ficar com raiva. E você sabe que ela não sabe controlar suas emoções."
