Quando anoiteceu eu percebi o quão dependente de Ivy estava. Ivy era literalmente como uma irmã mais velha — talvez até mais a personificação de uma mãe. Ela que me lembrava de comer verduras e frutas, ela que me acordava de manhã para ir para as aulas, era ela quem me mandava ir fazer as tarefas que os professores passavam... E eu estava acostumada a dormir no mesmo quarto que ela, de vez em quando, na mesma cama, mas nunca estávamos distantes uma da outra. Nós éramos o sol e a lua durante um eclipse.
Meus olhos doíam de sono, mas não importava o quanto eu ficasse imóvel e com os olhos fechados, eu não dormia. Tê-la deixado foi um erro. Não deveríamos estar separadas, devíamos no unir mais ainda, porém é difícil cooperar quando o outro não coopera. Ivy estava escondendo algo e isso atiçou a minha raiva.
Sinto meu estômago se revirar e fazer um barulho alto. Todos os suprimentos estavam com Ivy, e eu estava faminta.
Levantei do chão e limpei minha roupa suja de terra, encarei as árvores altas, os topos encostavam na névoa cinzenta.
Abri minhas mãos tentando formar uma bola de chamas ali, assim como Ivy disse, foram minutos para a chama começar a crescer na minha palma. Levantei o braço e balancei a mão clareando o ambiente.
Caminhando mais para frente, avistei algumas frutas em uma das árvores.
Caminhei até ficar em frente à árvore e subi em uma das suas raizes que estavam aparecendo. Levantei minha mão que não estava com em chamas e apontei para as frutas, me concentrei.
— Flutus. — Murmurei.
Uma dúzia de frutinhas de coloração estranha flutuaram até alcançarem a palma da minha mão. Voltei para a árvore onde estava encostada e sentei de novo descansando minhas costas na árvore. Provavelmente minha pele estava vermelha e arranhada, alguns bichinhos me mordiam e eu me coçava quase rasgando minha pele.
Fiz uma pequena fogueira com a lenha que tinha pego e com a ajuda do meu dom.
Peguei uma das minúsculas frutinhas e levei até em frente aos meus olhos, avaliei a fruta e depois levei até minha boca. Passei a língua em meus lábios sentindo o gosto doce, levei mais um punhado até minha boca e engoli.
Antes que eu levasse as últimas frutas até minha boca, solto-as no chão e levo minhas mãos até minha garganta, começo a tossir desesperadamente, enquanto isso meu estômago se revirava.
Me ajoelhei e apoiei meus anti braços no chão, começo a vomitar bruscamente, sentia que a qualquer momento meus órgãos sairiam para fora.
Respirei fundo tentando normalizar minha respiração quando parei de vomitar. Engatinhei para perto da árvore e a última coisa que lembro era da escuridão antes de desmaiar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A parte mais negra do escuro|✔️
FantasiaDelilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal. Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...