Sabe quando você almeja por algo? Quando você deseja tanto alguma coisa que parece que você depende daquilo para sobreviver?
Eu nunca tive nenhuma figura paterna, e a materna valia por nada. Eu estava ansiosa para conhecer Dorian. O homem que conversava comigo era doce e calmo. As vezes me repreendia, mas era algo tão carinhoso que eu não me importava de levar sermão.
Eu o encontraria hoje.
E. Meu. Deus.
Eu não aguentava mais esperar. Marcamos para o fim do dia, e ainda estava de tarde e estava um tédio. Não havia nada para me entreter. Bem, não no quarto.
Calcei meus tênis e corri para fora do quarto.
A decoração de natal estava mais chamativa, e o viscos continuavam sob o teto, esperando por vítimas.
Crystal estava sentada no estofado da janela, vestia um suéter verde-limão e luvas cinzas, ela lia atentamente um livro com uma asa desenhada na capa. Resolvi não incomoda-la.
Passei por outros alunos espalhados, separados em grupinhos. Uns mais novos, outros mais velhos, mas todos com roupas grossas para enfrentar o inverno.
Quando cheguei na escadaria imensa, imaginei o trabalho em subir naquilo, cogitei a ideia de desistir e voltar para o quarto, mas uma voz me impediu.
— Olá, Delilah. — Nico acena com a cabeça e enfia as mãos desprotegidas no bolso.
— Oi, Nico. — Sorri. — Está fazendo algo de interessante? Estou entediada.
— Bem, não, mas podemos fazer. — Ele olha para os lados. — Vem comigo.
Ele segura minha mão protegida pela luva e me
puxa para segui-lo. Passamos pelo corredor até chegarmos em um quartinho.— O que estamos fazendo aqui?
— Buscar pranchas, é óbvio. — Ele sorri discreto. — Eles escondem aqui as pranchas. Eu conheço uma pequena montanha, não é muito alto, podemos deslizar. Ou a senhorita não quer?
— Pegue logo essa prancha! — Dou um soquinho em seu ombro.
O quartinho ficava no fim de um corredor, de frente para uma enorme janela quebrada. Havia neve e gelo no chão. O piso estava liso e a iluminação da área é precária.
Estava tão avoada olhando para os floquinhos de neve caindo que tomo um susto e pulo quando Nico sussurra e fala no meu ouvido: Bu!
Acontece que eu acabo me desequilibrando e escorregando no gelo. Fecho meus olhos esperando pelo impacto da queda, mas nada acontece.
Quando percebo, Nico está segurando a minha cintura.
— Está devendo? — Questiona brincalhão. Muito diferente do que ele se mostra ser em público. — Você se assusta muito fácil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A parte mais negra do escuro|✔️
FantasyDelilah sempre achou que fosse apenas uma garota normal, que sonhava em sair de casa, morar em um lugar longe o bastante para ter uma desculpa para não voltar pra casa no Natal. Alguns dias depois do seu aniversário de treze anos, ela recebe o conv...