𝐖𝐑𝐎𝐍𝐆 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃, james potter.

031. THE TURN

EU ESTOU em frente a mansão Malfoy nesse exato momento. Minha família havia sido convidada para mais uma reunião neste lugar, eu não sei o motivo desses encontros, mas deve ser algo importante, pois posso contar que nas últimas duas semanas eles já tinham se encontrado três vezes, o que é estranho, já que seus bailes e festas acontecem em datas específicas. Mas que algo estranho estava acontecendo, eu sabia. É claro que iria começar a desconfiar e o principal motivo, fora meus pais e minha irmã voltando de sua viagem em família mais cedo, a volta repentina dos três foi bizarra. Eles não tiveram um motivo específico, e alegaram para mim que tiveram que voltar por problemas no trabalho de papai, mas eu sabia muito bem, que a empresa estava seguindo normalmente e nada de diferente acontecia na mesma.

Mas eu estou ignorando todos esses fatos. Não gosto de ficar paranóica pensando sobre coisas que ainda não estão acontecendo, quando estiver em frente aos meus olhos e eu não consegui ignorar, eu começo a encarar.

Desço minhas mãos pelo tecido macio do vestido e o ajeito, ele tinha mania de ficar subindo por ser muito colado em meu corpo. Depois, tiro meus cabelos do rosto, os arrumando e deixando-os de maneira bonita.

— Você está ótima! Para de se preocupar. – Audrey murmura no meu ouvido, ela está ao meu lado esquerdo. Eu apenas me viro e aceno com a cabeça, fazendo uma cara de insatisfação.

— Não estou preocupada com minha aparência. Só estou nervosa...

— Nervosa porque verá Régulos? Desde que brigou com James vocês se reaproximaram e estão de casalzinho agora. – Deu um leve empurrãozinho em mim.

— Cala a boca, Audrey! – Murmurei pra ela, olhando de relance para meus pais. Eu sei que eles gostariam de escutar isso, pois sempre quiseram que eu me apaixonasse pelo Black, mas mesmo assim, não deixa de ser vergonhoso. — É sério, fala baixo.

— Relaxa, moça.... Eles não estão te escutando. – Eu balanço a cabeça negativamente, e ela da mais uma risada.

— Chega de papo, meninas. Vamos entrar!

Todos nós atravessamos a porta principal que era incrívelmente enorme, a primeira coisa que pude reparar eram o pessoal da minha idade espalhados pela sala. Astoria correu até onde eles estavam, a mãe a olhando feio e o pai sorrindo. Eu apenas acenei com a cabeça, se eu fizesse o mesmo que ela, meus pais me colocariam pra fora. Acompanhei os dois adultos até onde os outros pais estariam. O jantar está do lado de fora hoje. Cumprimentei cada um, com um sorriso tímido no rosto, acenando e balançando a cabeça. Quando meus pais finalmente decidiram me liberar, eu não hesitei em correr até onde meus amigos estavam.

— Oi, Rory. – Narcisa balança a mão em um aceno e balança a cabeça em direção ao espaço 'vazio' ao lado dela, que na verdade estava ocupado por Régulos, que ela teve a audácia de mandá-lo chegar pro lado.

— Eu hein – Murmura o moreno com escárnio.

Ando com um sorriso no rosto, a vontade de rir da cara que ele estava fazendo só crescia mas eu não podia, se não certeza que ele me jogaria pelas escadas. Me sento ao lado de Narcisa e encaro o pessoal em volta.

— Como foram as férias? Porque não deu sinal de vida nem uma vez sequer? – Andrômeda pergunta gentilmente. Ela está muito bonita hoje. Seus cabelos pretos estão presos em um coque desajeitado e alguns fios arrepiados. Ela não usa maquiagem e mesmo assim está esplêndida, o que eu invejo bastante. Veste uma saia quadriculada vermelha estilo colegial bem colada em seu corpo, e um cropped preto que imita um corset, seus coturnos tradicionais estão em seus pés, e posso dizer: Ela não mudou nada desde a última vez que a vi.

— Me desculpa. São os meus pais. – Um tom de desanimo é claro, e eu gostaria de não ser uma pessoa tão expressiva agora. Os seus rostos presentes naquela sala me encararam na velocidade da luz. Eu odiava que sentiam pena de mim, e eles estavam fazendo exatamente isso agora. — O negócio é que eles acham que eu não deveria ficar saindo por aí. Mesmo que seja com vocês.

— Mas o que tem você sair? – Bellatrix pergunta de maneira desajeitada, dando uma risada. 

— Bem... – Régulos  de repente corta todo mundo, se remexendo de maneira desconfortável ao meu lado. Ele tirou a atenção de mim e eu estou bem agradecida. — Vamos continuar conversando.

Eu posso sentir o olhar de Lucius queimando em meu rosto, assim como o de Snape. Mas eu apenas os ignoro.

— De nada. – O moreno ao meu lado sussurra no pé do meu ouvido, meu corpo se arrepia por inteiro, e eu virei a minha cabeça pra ele, apenas pra sorrir, e murmurar um "obrigada". Eu não sei que reação esperava dele, mas definitivamente um sorriso não era. — Ao seu dispor, Crawford.

Eu me perco totalmente em seu olhar no momento em que ele pronuncia meu sobrenome com seu sotaque estranho, eu não consigo entender de onde ele vem, mas sei que é lindo. E eu adoro vê-lo pronunciar. 

— O que foi? – Ele pergunta, zombeteiro. — Que bicho te mordeu?

— Infelizmente, você não foi.

Saiu muito rápido.

— O que? – Ele parece um pouco assutado agora, geralmente eu não provoco ele, eu só escuto suas provocações.

— Que foi? – Zombei dele, com um sorriso irônico. — Que bicho te mordeu, Rég?

— Você é uma puta de uma atraente.

— Vocês começaram a flertar do nada. Qual o sentido? – Antes que eu pudesse reagir de alguma maneira, Narcisa comenta isso a contra-gosto do meu lado. Ela está fazendo cara de nojo. — Arrumem um quarto!

— Tem razão. Deveríamos arrumar um quarto, Crawford? – Meu coração pulou, e eu mordi meu lábio inferior. A timidez se esvaindo rapidinho.

Os dois estão esperando por uma resposta. Eu me remexo, pensando. O que Régulos quer comigo? Quer dizer, eu entrei pros seus joguinhos. Talvez devesse descobrir o que ele quer. Apesar de saber exatamente o que é, ele quer que eu dê para ele. Literalmente isso. Levo a mão até meus cabelos mais uma vez, os alisando e ajeitando.

— Deveríamos. – Eu respondo, usando meu tom mais confiante o possível. Deve ter dado certo, pois Narcisa arregalou os olhos por um instante, faz tempo que não demonstro confiança no que digo, eu acho. Ela desvia o olhar, um sorrisinho malicioso aparecendo em seu rosto. Régulos por outro lado não pareceu surpreso, mas sorriu. Deixando o copo sem bebida que segurava desde o início desta conversa estranha, ele limpou a garganta e se pôs de pé. Imitando seu gesto, me levantei, evitando o olhar das pessoas naquela sala. Apesar de poder sentir.

Quer dizer, não é muito discreto a forma que saímos daquela sala.

Quando chegamos até o quarto mais próximo, eu estremeci, ficando nervosa de repente. Senti seu olhar queimar sobre mim enquanto trancava a porta e andava em minha direção.

— Nós não vamos fazer nada que você não queira.

— Nós vamos fazer algo? Eu nem entendi o que acontecer ali embaixo. – Dou uma risada sem graça, balançando os ombros.

— Ah para né – Ele riu. — Aurora, o que aconteceu com você? James destruiu toda sua parte boa, é isso?

— Ah, cala a boca. – Reviro os olhos. — O que você quer? Um beijo?

— Quero. – Tomando minha cintura pra si, ele junta nossos lábios com necessidade, um pouco desnorteada eu fico perdida sem saber o que fazer e por alguns segundos ele está beijando sozinho. Mas logo tomo a consciência e retribuo, agarrando sua camisa e o puxando mais pra mim. Um sorriso acaba escapando, e ele acaba sorrindo também. Nós dois nos separando  por breves segundos.

— Eu senti saudades disso. – Murmurou colando nossas testas, e fechando meus olhos.

— Eu sei. Você me ama, você sabe que me ama. – Passo a mão por um fio de cabelo que caiu em cima de seu olho. — E está precisando cortar o cabelo.

— É, eu definitivamente estou.