Não seremos amigos ( Parte 1)

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O capitão Serkan Bolat certamente havia enfrentado suas guerras, mas não tantas batalhas quanto Eda Yldiz.

Lembra das borboletas?

Pois bem, Eda Yldiz era uma borboleta.

Uma borboleta presa em seu casulo por três anos e que ainda agora, tecnicamente livre para voar se encontrava sem asas.

Eda Yldiz era uma borboleta que não desenvolveu suas asas, uma metamorfose incompleta.

Lutou sua primeira batalha aos quinze, quando se viu órfã ao lado do irmão, que aos dezoito adiou seus sonhos para que ela não fosse mandada a um abrigo, Luke era de todas as formas sua lanterna ocupando os cantos mais escuros de sua alma para que ela não sentisse a ausência dos pais, mesmo que para isso ele tivesse que sentir pelos dois.

Aos dezesseis quando a vida se tornou difícil para dois adolescentes sozinhos, viu o irmão em uma tentativa louca e desesperada de se reerguer se alistar, graças a Deus o esclarecimento de que aquilo não era para ele o trouxe de volta para casa, um pouco despedaçado, mas ainda assim seu irmão.

Então quando ambos conseguiram encaminhar suas vidas aconteceu.

No seu último ano de universidade ela embarcou no trem que tirou toda sua vida dos trilhos.

Eda se enrolou mais nos lençóis na última semana vinha se sentindo vaga, uma estranha sensação de solidão a estava consumindo.

Estava ficando louca tinha certeza disso.

Sua mente estava trabalhando contra ela, não bastasse suas preocupações agora tinha que lidar também com aquela coisa crescendo dentro de si.

Aquela vontade incompreensível de se jogar no mar turbulento que vinha enchendo sua mente e suas noites.

Sabia que não poderia se lançar a ele era arriscado demais, no entanto, essa certeza ainda não era suficiente para banir os pensamentos e pior ainda, os sonhos.

Sim, estava sonhando com ele, mas não eram apenas sonhos, eram tão reais quanto a cama sob ela.

Acordava desnorteada e confusa buscando algo que nunca esteve ali e sentia falta dele imediatamente.

Como isso era possível?

Como ele tinha invadido seus sentidos em tão pouco tempo?

Não era nada normal, assim como também não eram sonhos castos.

Tinha sonhos que nunca teve antes, sonhos que faziam seu corpo arder e sua respiração se tornar ofegante, sonhos que a faziam suar e permanecer acordada durante toda noite com a sensação de ter segurado fumaça entre as mãos.

Porque ele nunca tinha estado ali, e nunca estaria.

Aquele maldito homem a estava trazendo sensações que achou que não sentiria novamente e o pior com mais intensidade, ele a estava enlouquecendo, e ela estava com medo que que conseguisse.

Estava morrendo de medo dele, medo de que não fosse forte o suficiente para resistir aquilo, pensou ter conhecido o desejo uma vez, mas ela certamente se enganou nisso também.

O que havia conhecido com o pai de Sammy era inconsistente, perecível, efêmero.

O que aquele maldito Capitão despertava nela era vagaroso, contínuo, duradouro.

E ele nem se quer a havia tocado.

Haviam compartilhando uma cama, durante uma noite e tinha uma criança no meio deles e ainda assim lá estava ela em uma manhã de sábado sentindo falta daquele desgraçado, o mesmo o qual a rotina tinha mantido afastado ao longo da semana com muito sucesso.

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