Amigos, família e panquecas (parte 2)

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Serkan estacionou sua picape ao lado do mini cooper vermelho da irmã e girando as chaves nos dedos estudou a mansão em estilo colonial na qual havia crescido.

As janelas grandes de abas escuras contrastando com a tinta branca das paredes e os entalhes em gesso da faixada.

Subiu as escadas de tijolinhos vermelhos sentindo a nostalgia do menino que costumava se sentar sobre os degraus espera do pai, antes que pudesse bater a porta se abriu, um sorriso largo o recebeu, e braços trêmulos o envolveram.

- Meu deus, olha para você. - Ayfer o apertou contra seu corpo e automaticamente ele alinhou seu queixo a curva de seu pescoço voltando a ter treze anos novamente. - Parece que não te vejo há cem anos.

O estudou por um momento com os olhos marejados. - O que foi isso?

- Um acidente! - disse tocando o ombro. - Minha mãe está?

- Ah, está... E de péssimo humor para variar. - Ele passou por ela parando no hall de entrada.

Encarou o quadro na parede principal e se voltou para ela.

- O que é isso?

- Sua mãe, pediu a um suposto pintor francês para reproduzir a foto de família. - Ele contorceu o rosto para a imagem em que a irmã, os pais e ele estavam juntos em uma das últimas reuniões com o pai.

- A Ceren sabe que o rosto dela está deformado?

- Ela mal consegue olhar para isso.

- Ayfer? Como minha mãe ainda não conseguiu te enlouquecer?

Ela riu baixo.

- Acredite é algo que ela tenta diariamente.

Ayfer era governanta de sua família há mais tempo do que ele conseguiria lembrar, tinha crescido sob a vigilância dela assim como a irmã, era uma segunda mãe para ele, tão especial quanto a verdadeira.

Escutou as vozes agitadas na sala de estar sobrepostas ao som do vinil que tocava um dos velhos discos da mãe, Rob Stewart cantava baixo every beat of my heart, não pode evitar um sorriso ao perceber o quão bem conhecia a letra.

Apoiou o corpo ao arco de gesso levando a mão ao bolso da calça para observar as duas mulheres conversando.

- Não acha que eu deveria pedir a opinião da minha sogra no assunto também? Ela pode se sentir excluída.

-Por Deus, não... - A mãe levou os dedos a testa massageando lentamente. - Aquela mulher não sabe o que é bom gosto.

- Mas é a mãe do meu noivo.

- Ainda não consigo acreditar que está noiva de Ferit Simsek, logo você tão inteligente foi cair nas garras daquele esnobe afetado.

A mãe arregalou os olhos em sua direção, logo levou as mãos ao peito, ele caminhou para ela paralisada na poltrona de veludo bege.

A abraçou meio sem jeito pelo estado do braço, ela voltou a si cobrindo seu corpo com as mãos.

Tocando nele e o apertando com se quisesse a confirmar de que ele realmente estava ali.

Passada a dúvida ela o acertou em cheio com as mãos aberta.

- O que está fazendo?

- O que você está fazendo? - se levantou erguendo as mãos para o alto. - Você desaparece por três meses, sem mandar se quer um bilhete dentro de um envelope para dizer que estava vivo e quando volta, não aprece e eu tenho que descobrir por outras pessoas que o meu filho está na cidade.

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