Colisão (Parte 1)

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Às vezes a concessão de um desejo exige algumas condições.

Outono, duas semanas depois.

Serkan encostou seu corpo contra a parede inspecionando a mulher que se apressava pela cozinha abrindo armários e geladeiras com um enorme saco preto aberto no meio do piso de madeira, alguns outros produtos se salvavam de irem parar no lixo e eram gentilmente acomodados sobre a bancada.

Hora ou outra ela o encarava um pouco enfurecida, há alguns dias atrás ela queria um motivo para que pudesse brigar com ele, pois tinha acabado de encontrar e algo lhe dizia que sua fúria o encontraria em breve.

- Eu disse que deveríamos ter vindo aqui na semana passada! – Ela bufou irritada despejando o conteúdo da garrafa de leite na pia. – Desperdiçar alimento é pecado, sabia?

O olhou irritada do outro lado da cozinha, Serkan baixou sua cabeça concordando com ela. Ela estava certa e ele estava evitando entrar em uma discussão não qual sairia perdendo em dobro.

Pela janela da cozinha assistiu Sammy correr com Sirius em seu encalço enquanto Eda continuava a falar sobre frutas apodrecendo em sua geladeira.

Desenvolveu uma habilidade interessante convivendo em espaços pequenos cercado por homens que falavam o tanto ou mais que ela nesse momento. Aprendeu a se concentrar em algo que afastasse as vozes e sons ao redor, nunca achou que fosse utiliza-lo fora de um alojamento, no entanto, agora ali estava ele.

Se concentrou nas paredes e nas pequenas fissuras presentes no piso de madeira, o som abafado da voz dela continuou ao fundo quando ele passou a caminhar pelo local.

Deveria tê-la ignorado, deveria ter arrumado aquele piso.

Ele odiava aquele piso.

- O que está fazendo? – Ela o estudava forçar o pé contra a madeira desgastada.

- Teste de resistência. – Disse se virando completamente para ela. – Viu. – Pisou mais forte. – Range.

- É claro que range, é um piso velho de madeira.

- É perigoso. – Ela cruzou os braços com as sobrancelhas arqueada.

O fazendo lembrar a primeira vez que se viram, ficava linda com as feições contraídas.

Gostava de vê-la irritada o que ia contra seu primeiro pensamento de não a contrariar.

- Deveria ter me deixado arruma-lo.

- De novo com essa história... -

- Só estou dizendo. – Ele começou. – Que é muito lógico que o seu namorado. – Cruzou a cozinha até ela, Eda o acompanhou com os olhos. – Muito hábil. – A abraçou pelas costas. – Queira retirar aquele piso horrível. – Ela se virou dentro do abraço dele.

- E eu já disse para ele. – Serkan sorriu quando os braços dela se apertaram em seu pescoço. – Que isso não é algo inteligente.

- Eu sei, você paga um alugue... – Ela concordou, ele a empurrou um pouco mais até que o corpo dela encostasse na bancada. – Deveríamos comprar esse lugar. – Ele se inclinou sussurrando contra a pele do pescoço dela. – E reforma-la, seria um ótimo investimento.

- Talvez eu faça isso algum dia. – Disse entre risos quando ele lhe mordeu.

Serkan afastou o rosto para olha-la. – Nós! – Respondeu sem desviar os olhos dela.

Tinha mesmo dito aquilo?

Tinha vontade de reformar o lugar desde que pisou ali pela primeira vez, mas agora não era só uma casa, Eda gostava dali e ele estava pensando nela.

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