Não seremos amigos (Parte 4)

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O rumor da voz dele baixa e calma alcançava seus ouvidos a cada minuto, hora uma nota mais baixa, hora uma nota mais alta, um som de animal ou alguma expressão humana sempre acompanhada da risada de Sammy.

Ainda cansada e lenta pela medicação, entretanto, quem entrasse em sua casa agora nem ao menos desconfiaria o que tinham vivido algumas horas antes.

Em sua cabeça aquilo demorava a se encaixar, faltava uma peça que ela ainda não tinha encontrado. Sammy não tinha uma crise asmática desde a morte de Luke, estava "controlada" apesar de antes estas crises serem constantes e frequentes, agora ela estava sempre calma.

O médico havia dito que um fator psicológico poderia ter alavancado a crise, mas ela não conseguia pensar em nada, Sammy estava feliz de estar no clube, estava principalmente feliz porque Serkan estava com ela, talvez a conversa que tiveram pela manhã...

Mas não... A tinha tranquilizado sobre isso também.

Terminou de preparar o sanduíche de geleia de morango colocando sobre o prato, então preencheu metade de um copo com suco de laranja se encaminhando para o quarto.

Se deteve a porta apreciando a filha recostada sobre o peito dele em seu pijama de estrelas, ele mantinha um livro aberto enquanto a envolvia com os braços, Sammy tinha marcas escuras debaixo dos olhos, olheiras de cansaço pelo esforço que seu corpo precisou fazer para mantê-la.

Tocou a porta anunciando sua chegada no cômodo, a filha sorriu sinalizando para que ela se sentasse ao seu lado também.

- Trouxe algo para você comer. - disse caminhando até ela.

- Não estou com fome mãe... - esfregou os olhos afundando mais a cabeça no peito dele.

- Precisa comer. - Tocou sua testa. - Ou não vai se recuperar.

- Eu estou bem!

- Sammy... - ele chamou fazendo a cabeça dela se erguer para ele. - Sua mãe disse que precisa comer, ela ficou muito preocupada hoje e ver você comer a deixaria aliviada.

A menina virou o rosto cansado para a mãe que lhe ofereceu o suco, Serkan tomou o copo de suas mãos tocando de leve seus dedos, ela desviou seus olhos para a menina que pegou o sanduíche do prato.

- É geleia de morango?

- Sua favorita. - Os olhos brilharam para ela. - Come um pouco e depois você precisa descansar tudo bem?

- Mas o Capitão está no meio da história.

- Ele pode terminar outro dia.

- Faremos o seguinte... - Inclinou o copo em sua boca. - Enquete sua mãe toma um banho e relaxa um pouco. - Piscou um olho para ela. - Eu leio até você terminar, pode ser?

- Então eu vou comer bem devagarinho...

- Muito espertinha. - Eda acariciou os cabelos depositando um beijo sobre eles.

Então gesticulou com os lábios para ele "Obrigada!"

Ele piscou os dois olhos lentamente para ela.

Eda se levantou os deixando a sós.

Sammy dava pequenas mordidas em seu sanduíche, então ele lhe ajudava com o suco, lia um parágrafo, fazia alguns sons e ela ria colada a seu corpo.

Aquilo era reconfortante depois do susto que ela a havia dado, já tinha passado por situações que lhe arrancaram o fôlego, mas nada tinha chegado aos pés de ver Sammy sem respirar.

Estava assustado, muito assustado e apesar de Eda ter estado lá e saber exatamente o que fazê-lo viu em seus olhos que ela também estava, estava com medo o que fez com que ele tomasse a atitude de dividir com ela a responsabilidade de agir.

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