Serkan

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Os pés se arrastaram contra o solo arenoso e quente enquanto os ombros se balançavam com o impulso que a arma em suas mãos proporcionava contra seu corpo a cada tiro.

Os gritos a sua volta lhe causavam certa confusão e o calor parecia cega-lo, alguém lhe gritou pelas costas, tentou enxergar por cima dos ombros. Seus homens corriam de um lado a outro, tiros eram ouvidos ao longe, Miles seu companheiro de academia o chamou com um aceno vigoroso levava seu fuzil preso aos ombros e um sorriso vasto no rosto exatamente como na última vez que o viu.

Mas aquilo não fazia sentido porque ele estava morto.

Miles havia morrido no seu primeiro período... Então como?

Tudo se ergueu a sua volta com uma explosão, o corpo de Miles foi lançado em sua direção contra a poeira que se erguia algo quente e viscoso escorreu por sua face era sangue, seu sangue, o barulho lhe causou surdez momentânea e uma vertigem se apoderou dele.

A poeira espessa começava a baixar revelando os corpos de seus homens, pessoas que lhe confiaram suas vidas e lhe consideravam parte da família, seus irmãos estavam mortos todos e cada um deles.

Miles se debateu a sua frente, puxando o ar com a força restante em seu peito.

Serkan tentou se aproximar, mas seu corpo não respondia estava paralisado.

Miles estava morrendo mais uma vez diante de seus olhos.

- Serkan... - Seu corpo balançou, a voz parecia distante. - Serkan!

Abriu os olhos confusos.

Uma brisa fria soprava as cortinas através da janela aberta, estava escuro lá fora.

Trouxe sua visão para o rosto que o encarava, olhos grandes, brilhantes e um pouco atordoados sentiu a camisa colar ao peito a luz fraca do abajur lhe incomodou um pouco.

Apoiou o corpo com as mãos a cama rangeu baixo sob eles. - Te acordei... Desculpe! - Ela levou a mão ao seu rosto afastando as mechas úmidas.

- Você está bem? - Suspirou agitando a cabeça. - Outro sonho?

- Desculpe por isso, você estava dormindo... - Começou a arrastar o corpo para fora da cama, a mão dela se fechou em seu pulso. - Acho melhor eu ficar no sofá... - Disse com a voz ainda conturbada.

- Não precisa ir... - Ela o puxou de volta.

- Mas você precisa dormir. - Esfregou o rosto cansado.

- Você também! - Serkan suspirou arrumando o corpo. - Quer conversar?

Ele pressionou os lábios, Eda segurou sua mão entre as dela. - Tudo bem se não quiser, não quero que se sinta pressionado... Só acho que talvez ajude.

- Eu... - Pigarreou baixo, passeando os olhos pelas mãos entrelaçadas. - Eu vejo essas... Essas imagens.

- Da guerra?

- É! - Ergueu o rosto para ela. - É um pouco mais... Eles estão lá.

- Quem? - apertou mais as mãos nas dele.

- Todos eles, cada um deles...

- Seus homens?

- Minha família Eda! - Passou a mão pelos cabelos com um suspiro pesaroso. - Aqueles homens eram meus irmãos e eu era responsável por eles.

- Você era um deles... Poderia ter sido com você.

- Mas não foi... Por alguma razão que eu desconheço e que me perturba há anos nunca sou eu.

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