Colisão (Parte 2)

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O caminho natural a ser seguido pela vida é obviamente aquele que te leva a algum lugar, que te faz esquecer o passado e buscar um futuro no presente.

Tinha dito a ele semanas antes que precisava verificar a casa.

Estava "morando" em sua casa há semanas e apesar da insistência dele em que ela parasse de pagar o aluguel, não o faria, porque homens, mesmo ele, eram imprevisíveis e ela, precisava de um seguro.

Ficaria com ele, era o melhor no momento, mas o seu aluguel continuaria sendo pago em dia.

E por mais que ele insistisse que nada ali estava em bom estado, o que de grosso modo era verdade, ela gostava de cada cantinho daquele lugar, tinha sido seu abrigo e o de Sammy por mais tempo do que conseguiria contar agora.

Estava cansada, não, exausta.

Precisou limpar toda sua geladeira o que a levou a revisar as validades dos alimentos nos armários, e logo notou a poeira que se acumulava sobre os móveis, então precisou usar o aspirador em toda casa, levar o lixo para fora, abrir as janelas, separar algumas novas peças ser roupas.

E agora sentada em sua cama ouvindo Sammy gargalhar na sala sem a companhia de Sirius o cansaço pareceu a engolir.

Estava inquieta a dias porque as coisas simplesmente não pareciam caminhar.

Tinha medo de deixar a filha sozinha durantes os intervalos das aulas, então passou a insistir que elas almoçassem juntas, seus nervos gritavam cada vez que pisava fora de casa e a sensação de estar sendo seguida ou observada a deixava à flor da pele.

Em consequência vinha se sentindo realmente mal, e manteve oculto dele.

Serkan estava com a cabeça cheia e tudo o que ela não queria era dar a ele mais uma preocupação.

Seu mal estar era momentânea e após alguns minutos de respirações profundas, voltava a se sentir bem.

Tinha consciência de que caso persistisse por mais tempo teria que procurar um médico, talvez o estresse estivesse baixando sua pressão e revirando seu estômago.

Não tinha certeza.

Tudo o que conseguia pensar durante o dia era em quando aquele peso seria removido de suas costas e de suas vidas.

Passava suas manhãs assim, quando Serkan estacionava em frente a escola e partia após as observar entrar no prédio toda a sensação de segurança ia embora junto com ele.

Mas bastava cruzar a porta da bolha invisível que em que sua casa havia se convertido e vê-lo carregar a filha que ela voltava a respirar.

Era confusa e estranha a sensação de precisar de alguém para puxar o ar para que você pudesse solta-lo, mas era assim que se sentia perto dele.

Ao lado dele não precisava de esforços, tudo parecia seguir um curso natural, era revigorante ser apertada contra seus braços, energizante ouvir o som da sua voz e extremamente apaziguador o ver ao lado de Sammy.

Tinham construído inconscientemente um abrigo.

Mas não eram as paredes em volta deles, era cada um deles.

Estava esgotada, sentia suas pálpebras pesarem sobre seus olhos e lutava contra os bocejos que começavam a querer consumi-la o sono estava ali.

Entretanto não poderia dormir, Serkan estaria de volta logo para busca-las e ela não poderia deixar Sammy sozinha na sala.

Decidiu se juntar a ela, ao menos assim, seria entretida e poderia driblar a vontade de se jogar contra a cama macia e dormir docemente.

Agarrou o cobertor pesado ao corpo se dirigindo a sala, Sammy não se virou para vê-la entrar no cômodo, submersa em algo colorido com músicas irritantes, aquilo não serviria como propósito de entreter.

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