Vulnerável (Parte 1)

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Vulnerável, era assim que se sentia após vê-la partir em sua velha caminhonete com Sammy agarrada ao vidro traseiro. Enxergava o rosto triste dela toda vez que fechava os olhos, o som de sua voz embargada o chamando enquanto o carro se afastava.

Horas depois de tudo ainda se sentia fraco.

Parecia estar fadado a ver as pessoas desaparecerem de sua vida suscetível a se ferir, incapaz de conservar.

Não era a primeira vez que alguém o deixava, contudo, era a primeira vez que doía tanto.

Não mentiria, tinha derramado algumas lágrimas diante das palavras dela, tinha se quebrado um pouco com a visão do adeus, não saberia dizer o que doía mais agora.

Sua pequena Sammy tinha ido e levado com ela seu desejo de que conhecesse sua mãe, sua mãe cabeça dura e volátil, com sua risada tímida e seus olhares impetuosos.

Quando foi a ultima vez que se sentiu tão vivo como nos últimos dias?

Não se lembrava de ter se conectado de maneira tão rápida e intensa antes, teve sentimentos fortes por alguém uma vez, mas ainda assim levaram-se bem mais que alguns dias para que se sentisse ligado a ela de alguma forma.

Arzu tinha sido importante para ele, a tinha conhecido aos 22 anos em um bar logo após sua formatura na Academia, ela era bonita e inteligente andava como se possuísse o mundo entre as mãos, ficaram juntos por quase um ano inteiro até que as brigas se tornaram frequentes, a ausência dele a incomodava, viver esperando o dia em que ele não voltaria não era para ela, e viver com um soldado recém formado também não, então decidiu que não viveria esperando por ele.

Mas eles nunca chegaram a se conhecer de verdade, ele ignorava as ambições dela porque ter alguém para quem voltar parecia melhor do que uma cama fria e vazia.

Tiveram bons momentos juntos e talvez tenham realmente se amado de alguma forma nesse período até que ela decidiu partir.

Soube que Arzu havia se casado algum tempo depois, com alguém que não era ele.

E ainda naquela época com toda sua juventude, insegurança e imaturidade, mesmo que com sentimentos profundos por ela, mesmo assim não tinha doido tanto quanto doía agora.

Porque o homem no qual tinha se transformado maduro e seguro de si e ainda que um pouco quebrado responsável por cada um de seus atos, este homem tinha se apaixonado por Eda Yldiz e cada uma de suas inseguranças como nunca antes tinha se apaixonado.

Na inocência de suas cartas Sammy tinha dado a ele muito mais que palavras, o desejo dela tinha feito com que ele desejasse o mesmo, porém conhecer alguém era algo complexo ainda mais quando essa pessoa possuía camadas tão difíceis de serem exploradas, conhece-la não foi o bastante.

Estava apaixonado por ela, como havia se apaixonado por sua filha.

Sirius pulou para o sofá se aconchegando a ele enquanto a chuva caia lá fora, estudava as chamas da lareira crepitarem a mais de vinte minutos ignorando a tv ligada em algum programa sobre vida selvagem quando seu celular vibrou sobre a mesa de centro.

"Abra a porta!"

"Porque?"

"Porque eu vou congelar"

"Abra... Que droga Serkan está frio!"

Se levantou a contragosto Sirius ergueu o seu corpo grande com os olhos atentos a porta.

- Diga Ceren! – Disse abrindo a porta para que a irmã passasse.

Qual grande não foi sua surpresa ao ver que a mãe estava a seu lado com o pescoço coberto por um cachecol de lã vermelha.

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